Vergonhoso: vereadores aprovam relatório da CPI da Educação, mas alguns preferem “passar pano” para Prefeitura diante de superfaturamento milionário (vídeos)

Publicado por: Redação

Os membros da CPI da Educação, instaurada na Câmara de Divinópolis para investigar denúncias de superfaturamento, se reuniram nesta terça-feira (13) e aprovaram o relatório final da comissão. A votação final do relatório contou com a participação dos cinco integrantes da comissão: o presidente Josafá e os vereadores Ana Paula do Quintino, Kaboja, Lohanna e Ademir. Votaram a favor do relatório os vereadores Lohanna e Ademir. Como já era de se esperar, Kaboja e Ana Paula do Quintino foram contrários e coube ao presidente Josafá dar o voto de minerva, aprovando o relatório. O documento agora deve ser discutido em plenário, por todos os integrantes da casa. 

A CPI foi instaurada em abril deste ano, com a missão de investigar graves denúncias de superfaturamento em compras feitas pela Secretaria Municipal de Educação de Divinópolis. De acordo com os vereadores, a prefeitura liberou cerca de R$ 30 milhões para que a secretaria adquirisse materiais e brinquedos para as escolas da cidade. O município, em uma decisão duvidosa, preferiu fazer a adesão em atas de compras e adquiriu produtos por preços bem mais altos que os praticados no mercado.

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Quando as denúncias vieram à tona, a prefeitura chegou a afastar a Secretária de Educação Andreia Dimas. A todo tempo ela disse que apenas seguiu as orientações repassadas pelo prefeito Gleidson Azevedo e pela vice Janete Aparecida. Várias pessoas foram ouvidas pela CPI, para tentar explicar o porquê da prefeitura preferir aderir às atas de compras ao invés de abrir licitações em busca de preços melhores. Enquanto as investigações eram feitas na Câmara, o município voltou atrás e recolocou Andreia Dimas no comando da secretaria de educação.

Em meio a um dos maiores escândalos envolvendo o uso do dinheiro público em Divinópolis, os vereadores da cidade se dividiram entre os que realmente queriam entender a aplicação do recurso e os que estavam mais interessados em bajular o prefeito e fechar os olhos para a situação gravíssima. Após meses de investigação, o relatório final da CPI foi lido na Câmara. Nas mais de 110 páginas do documento, a comissão apresentou provas de que a prefeitura de Divinópolis aderiu a atas suspeitas e fez compras superfaturadas. Em entrevista ao Divinews, o vereador Ademir disse que o prejuízo aos cofres públicos passa de R$ 7,5 milhões. “Teve superfaturamento, teve rolo, aderiram a atas vencidas, isso é crime de improbidade. Isso é a mesma coisa que comprar sem licitação. Não dá pra entender uma coisa dessa. A gente espera que o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Polícia Civil agilizem o trabalho deles para que a gente tenha esse dinheiro de volta pra Divinópolis, para que a gente possa realmente gastar com a educação, que é o que o povo está querendo”, destacou o parlamentar, que não tem dúvidas de que a prefeitura foi negligente durante todo o processo de compras.

Sobre os supostos erros em orçamentos usados pela CPI, o vereador Ademir destacou que os valores foram corrigidos e a diferença não modifica as conclusões da CPI. “Não foi erro da CPI, foi da empresa que mandou pra gente os preços. Mas a empresa já corrigiu, já foi chamada na Polícia Civil para prestar esclarecimentos e tenho certeza que isso não influenciou em nada. O superfaturamento era de R$ 8,5 milhões e com a correção dos orçamentos passou pra R$ 7,5 milhões. O que a população precisa entender é que é dinheiro do povo que foi superfaturado, gasto de mal jeito, foi levado de Divinópolis, é um dinheiro que poderia ter sido gasto melhor, gasto com mais eficiência, mas infelizmente foi levado a toque de caixa e a gente ainda não sabe pra onde foi levado. E a gente espera que o Ministério Público  e o Tribunal de Contas consigam devolver esse dinheiro e culpar quem levou essa grana”, disse o parlamentar ao Divinews.

É impressionante a forma como a prefeitura parece não levar a sério a gravidade da situação. Em uma cidade com tantos problemas, em tantos setores, um desperdício de quase 8 milhões de reais parece não preocupar quem deveria zelar pelo recurso público. O prefeito Gleidson Azevedo a todo momento tentou desmerecer o trabalho da CPI, acusar os membros da comissão de usar a investigação para fins políticos, mas não demonstrou preocupação em realmente descobrir se houve superfaturamento, nem parecia estar interessado em descobrir e punir os eventuais responsáveis pelos crimes. E aí a gente se questiona, será que esse dinheiro não vai fazer falta para Divinópolis? Se o recurso tivesse sido usado da maneira correta, quantas melhorias poderiam ter sido feitas na educação do município, se os responsáveis tivessem responsabilidade e zelo pelo recurso.

Enquanto isso os vereadores “passam pano para o prefeito”

Em um dos dias mais importantes para a história da política divinopolitana, foi vergonhoso ver como alguns vereadores pareciam mais preocupados em agradar o prefeito do que realmente cuidar do dinheiro que deveria ter sido gasto na educação.  Durante a votação do relatório nesta terça-feira, a vereadora Ana Paula do Quintino, que é da base do governo, fez um longo discurso defendendo Gleidson Azevedo e desmerecendo as conclusões das investigações que ela própria participou. O exemplo foi seguido pelo vereador Kaboja.

O que é importante destacar é que agora, como dizem no vocabulário popular, “Inês é morta”. O dinheiro já foi levado de Divinópolis, a cidade perdeu quase 8 milhões de reais e dificilmente vai reaver este recurso, usado com irresponsabilidade por aqueles que deveriam defender o melhor para  a cidade. Independente do trabalho dos vereadores, a Polícia Civil e o Tribunal de Contas do estado vão investigar a fundo a conduta do prefeito e demais membros do poder municipal para saber para onde foi o recurso, quem determinou a adesão às atas suspeitas e, principalmente, pra tentar descobrir onde foi parar o dinheiro superfaturado que deveria ter sido aplicado na educação.

Após a votação do relatório pelos membros da comissão o documento agora vai seguir os trâmites na Câmara Municipal como Projeto de Decreto Legislativo. As comissões permanentes de Justiça e de Administração Pública vão elaborar os pareceres. Ou seja, os vereadores que não fizeram parte da CPI agora vão avaliar o resultado da comissão e podem propor emendas ao texto. O legislativo ainda não marcou a data para que o resultado final seja votado em plenário por todos os parlamentares. O projeto vai depender de maioria simples para ser aprovado ou rejeitado. Se for aprovado, o relatório será publicado e encaminhado para os setores competentes, que podem determinar punição aos culpados pelo escândalo. Se for rejeitado, todo o trabalho da comissão será arquivado.

Fontes ouvidas pelo Divinews revelam que, nos bastidores da Câmara, o que tudo indica é que o prefeito Gleidson Azevedo vá conseguir mais vereadores dispostos a colocar a própria imagem em risco para protegê-lo das graves acusações. Contrariando o interesse público de punir quem participou do superfaturamento milionário, parece haver muitos parlamentares dispostos a fazer de tudo para impedir que o caso siga a diante. A vereadora Lohana França, relatora da CPI, disse estar preocupada com a forma como os nobre edis lidam com o assunto, mesmo diante de tantas provas de que a prefeitura sabia e foi conivente com o superfaturamento. “É importante que a população de Divinópolis saiba que, muito provavelmente, devido às articulações do governo, o relatório será derrubado na câmara. A maioria dos vereadores está na base do prefeito Gleidson e parecem não estar interessados em levar as investigações a diante”, disse a parlamentar em entrevista à imprensa.

Se o prefeito não sabia do superfaturamento e não teve culpa no que aconteceu, por que será que ele e os aliado estão com tanto medo de que as investigações sigam adiante? Em relação aos vereadores que tentam criar uma cortina de ferro ao redor do prefeito, para impedir a aprovação do relatório, será que vale o risco de queimarem a imagem diante dos eleitores para conseguir salvar a imagem do prefeito? Mas, vale lembrar que, independente do que a Câmara decidir, a investigação na Polícia Civil e no Tribunal de Contas vai continuar. E, por lá, a prefeitura certamente não terá influência para evitar que a verdade venha à tona.

Destaque ainda para alguns servidores da Secretaria de Educação, que no plenário, como uma claque à serviço da defesa intransigente da secretária Andreia Dimas, cegam para a “matemática ética”, não conseguindo discernir que a diferença entre superfaturamento de R$ 8 milhões para mesmo que fosse um milhão, continua ser superfaturamento.

 

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comentários

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  1. Paulino disse:

    E qual o saber dessa pizza? Azevedo?
    Cleytinho qdo assumiu a vereança disse que seria só um mandato. Parou no meio e foi pra estadual e agora vai pro senado e o irmão de vereador vai pra estadual no rastro do irmão. O outro irmão virou prefeito. Cadê a cin essa de só um mandato. Tá mais pra família bolsonaro. Fizeram da política profissão. Muda Brasil! Acorda povo.

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