“Prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo, tem sangue da Tatielle nas mãos”, diz marido da digital influencer que morreu na UPA Padre Roberto

Publicado por: Redação

Passados quase 10 dias da morte de Tatielle Scarlett, divinopolitana digital Influencer, de 28 anos, o marido dela, Jeremias Araújo, de 31 anos, esteve no Divinews nesta última segunda-feira ( 29), para relatar pormenores do caso que comoveu a cidade. Quando uma mulher jovem, com sintomas de falta de ar e dores no corpo, isso no dia 16 de abril, viu, em poucos dias, um sintoma detectado pela UPA como dengue, ter o seu quadro médico final confirmado como uma pneumonia bacteriana, e morrer dois dias após, no feriado de 21 de abril. Em seu depoimento, o companheiro da jovem mãe de três filhos, sendo dois de espectro autista, relata as idas e vindas na UPA, em um completo descaso e negligência médica – A colocação mais grave feita por Jeremias, é que, pela responsabilidade ou irresponsabilidade da Prefeitura, na gestão da saúde do município, disse ele: “A mão do prefeito está suja com o sangue de Tatielle” – E acrescentou: “foi preciso que acontecerem mortes, inclusive a da Tatielle para que eles tomassem providências, que se tivessem tomado antes, talvez ela não tivesse morrido, nem a criança de 4 anos, que também morreu”.

GERALDO PASSOS:  Mais uma vez, estamos em uma live. Esta noite de segunda-feira, uma live que realmente não gostaríamos de fazer. Ontem fizemos uma live difícil e hoje estamos fazendo outra. Nosso objetivo não é sensacionalismo, não é isso que buscamos. Nosso objetivo é humanitário. Realizamos esse tipo de live com pessoas que perderam seus entes queridos para que isso não volte a acontecer. Estamos aqui com o senhor Jeremias Araújo, de 31 anos, esposo ou ex-esposo, não sabemos ao certo, de Tatielle Scarlett, uma jovem de apenas 28 anos que faleceu na última semana devido a um grande problema estrutural na saúde de Divinópolis. Senhor Jeremias, sinta-se acolhido pelo Divinews, sinta-se acolhido por mim. Lamentamos profundamente a morte de Tati. Ela era uma digital influencer e gostaríamos de ouvir seus sentimentos. Fique à vontade para expressar o que sente. Como foi isso? Como essa tragédia aconteceu em sua vida, na vida de sua família?

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JEREMIAS: Ela estava se sentindo mal, com dores no corpo, e começou a piorar. Ela falava que estava doente, com gripe e febre. Tentamos dar remédios, mas percebi que sua saúde estava piorando. Ela sempre foi uma pessoa simples, de saúde forte, que sempre cuidou muito bem de si mesma. Ela sempre dizia: “Não posso ficar doente, tenho três filhos para cuidar.” Mas ela foi adoecendo. No dia 16/04, a levamos para a UPA.

GERALDO PASSOS: Em 16 de março ou abril?

JEREMIAS: Foi neste mês de abril, dia 16. Levamos ela para a UPA, pois estava com sintomas de dengue, mas sem nenhum exame ter sido feito. Eles deram um diagnóstico clínico sem fazer exames. Ela ficou lá por horas, até que disseram que era dengue e a mandaram para casa, apenas com orientações de repouso e dipirona. Ela foi para casa, mas os dias foram passando e sua saúde foi piorando. Na terça-feira, dia 16, ela já estava com falta de ar. Na quarta-feira, estava com muita dificuldade para respirar. Na sexta-feira, dia 19, eu saí para trabalhar e pedi para minha sogra levá-la para a UPA, pois ela não estava bem. Ela estava com muita dificuldade para falar e respirar. Ela andava no corredor e parava duas vezes como se tivesse corrido um quarteirão.

JEREMIAS: Ela estava com muita falta de ar e começou a sentir dor nas costas. Voltamos novamente à UPA, mais ou menos cedo, no dia 17. Na quarta-feira, ela voltou às 7 horas da manhã. Deram remédio para ela, mas ela só piorou. Cerca de uma semana depois, no dia 20, de manhã, ela voltou para a UPA. Eles perceberam que ela estava com muita dificuldade para respirar, um pouco pior, e decidiram fazer um raio X no pulmão. O exame mostrou algumas manchas, indicando pneumonia bacteriana. Mesmo sem fazer mais nenhum exame além do raio X, receitaram amoxicilina para ela e a mandaram para casa novamente, com a orientação de voltar se não melhorasse em 48 horas. No sábado de manhã, dia 20, eles viram o resultado do raio X, confirmaram a pneumonia e as manchas no pulmão, mesmo assim insistiram no antibiótico. Ela estava com muita dificuldade para falar, então eu tive que levá-la de carro. Ela foi só piorando e parou de falar. Fiquei desesperado ao perceber o quanto ela estava mal e liguei para o SAMU, pois não tínhamos outra opção.

GERALDO PASSOS: Então vocês foram e voltaram da UPA mais de duas vezes?

JEREMIAS: Fomos. E nessa última, ela não estava reagindo ao tratamento. Eu fiquei atrás do médico responsável. Eles me mandaram sair pra fora pra conversar comigo. Do lado de fora me falaram que se ela fosse transferida para a Sala Vermelha do Hospital São João de Deus tinha 90% de chance dela morrer e que era pra eu decidir.

GERALDO PASSOS: Queriam jogar a responsabilidade em você?

JEREMIAS: Eu achei aquilo um absurdo. Eu não sou médico. Não estudei para isso. Como assim eu decidir? Eu não sei. Vocês que estudaram que sabe. Cheguei com ela viva. Agora eu quero sair daqui com ela viva, independentemente de onde vai ser. Nisso vi eles indo para um lado e para o outros, conversando entre si e insistiram em me perguntar. Por fim transferiram e eu acompanhei. Eles falaram que se movessem ela um pouquinho que fosse, que a oximetria estava abaixo de 15 e podia ter parada cardiorrespiratória. Foi falaram e descer com ela da ambulância que deu a PCR. Tentaram reanimar ela por 40 minutos. Não conseguiram. Isso já era mais de 4h da manhã. E nisso me deu uma bambeza, eu não acreditava no que estava acontecendo. Ela estava morrendo. Aí me contaram que ela não reanimou e veio a óbito.

GERALDO PASSOS: E o que estava escrito na certidão de óbito?

JEREMIAS: Não especificaram. Só falaram que foi falência múltipla dos órgãos, mas na certidão não consta a causa da morte. Não identificaram o que causou, segundo eles falam.

GERALDO PASSOS: E como o senhor vai tocar sua vida agora, Jeremias?

Com a voz embargada e aos prantos, responde. JEREMIAS: Para ser sincero eu não sei, não tenho forças e estou sem vontade de viver. O que me faz vir aqui são meus três filhos. E para que não aconteça com outras pessoas. Porque fica um sentimento de dor e de injustiça que não tem nem como medir.

GERALDO PASSOS: O senhor pensa em judicializar essa questão para encontrar os responsáveis e que quem tenha a responsabilidade arque com isso? Quer dizer, alguém falhou, não é? A UPA ou a Prefeitura tem sua parcela de responsabilidade. Parentes de políticos não ficariam internados lá, não é? Do prefeito, do deputado, do senador…

JEREMIAS: Eles tinham que ir lá uma, duas horas, serem atendidos para ver o quão desumano aquele lugar é. Não é lugar de gente ficar. Tem umas pessoas que me procuraram e estão cuidando disso para mim. Para ser sincero, eu graças a Deus tô com saúde, voltei a trabalhar esses dias, mas a gente fica sem saber o que fazer. Abriram uma sindicância aí de 30 dias. Acho que abriram porque viram que ia dar *erda para alguém e não queriam isso.

Agora estão investigando. Mas dinheiro ou papel nenhum vai trazer ela de volta. A Tatielle era uma pessoa ótima. Muita gente a conhecia na cidade. Era uma mãe espetacular. Eu só peço a Deus forças para dar conta de criar os meninos, sei que vou ter muita dificuldade. E que isso nunca mais aconteça, porque não desejo essa dor para ninguém.

Por fim, o viúvo de Tatielle desabafou e conclui: “O prefeito tem o sangue dela nas mãos”

Jeremias, companheiro da influencer falecida se comprometeu a compartilhar com a redação documentos que comprovam tudo que narrou e a qualquer momento o Divinews pode voltar com outras informações acerca do caos na saúde de Divinópolis – O Divinews está com todos os documentos, porém, por pedido dos demais familiares, não ira divulgar.

 

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comentários

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  1. Jaja disse:

    Não só os parentes do deputado, senador e do prefeito.
    Como também do deputado federal e da outra representante de Divinópolis como deputada estadual.
    Hipocrisia

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