Prefeito de Divinópolis usa dinheiro dos cofres públicos para abastecer seu perfil pessoal no Instagram, em claro ato de improbidade administrativa (vídeo)

Publicado por: Redação

Desde que foi eleito, o prefeito de Divinópolis vem construindo sua carreira de “influencer digital” acumulando milhares de seguidores nas redes sociais. Protagonizando vídeos com tom aloprado, Gleidson critica a oposição e as administrações anteriores, faz dancinhas de TikTok para entregar algum serviço público e, assim, tentar mostrar que “trabalha”. Acontece que o prefeito utiliza dos recursos humanos e estrutura da prefeitura para fazer sua autopromoção. O chefe de gabinete é o responsável por produzir os vídeos destinados ao Instagram pessoal de Gleidson e o faz em horário de expediente. O servidor comissionado já custou mais de R$ 100 mil aos cofres públicos municipais desde que foi contratado em 2021. Além disso, as postagens institucionais da prefeitura, ao apresentar obras públicas, destacam a imagem do prefeito, da vice prefeita e dos secretários, uma vez que a conduta deles deveria se restringir a cumprir seus trabalhos e não usa-los como autopromoção, tipificando improbidade administrativa – Atualmente seu perfil no Instagram tem 93,1 mil seguidores e no Facebook 48 mil

Atualmente o marketing tem se mostrado uma ferramenta indispensável na valorização da marca pessoal de qualquer profissional. Na política não é diferente. Nos últimos anos houve um crescimento no interesse popular sobre a atuação dos seus candidatos. As pessoas estão acompanhando seus representantes cada vez mais. Sendo assim, a aplicação do marketing pessoal na política pode render muitos resultados: captação de apoiadores, difusão dos seus ideais e até mesmo retornos financeiros, uma vez que, ao possuir uma rede social com muitos seguidores, o político também pode utilizar das suas plataformas para monetização. O prefeito tem a obrigação constitucional de prestar contas do seu governo à população devido a Lei da Transparência, mas tal prestação de contas deve ser realizada de forma impessoal por parte do político e seguindo os princípios da administração pública.

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Gleidson Azevedo enquanto pessoa física é livre nas suas redes sociais para divulgar os resultados da sua gestão, desde que a produção desse material não seja custeada pela prefeitura como tem acontecido. Neste caso, o prefeito deveria contratar um profissional com recursos próprios ou com recursos do seu partido. Ao utilizar indevidamente a máquina pública, a mídia produzida tem como objetivo a promoção pessoal e política do Prefeito que, além de ser o beneficiado pela divulgação dos vídeos, afronta os princípios constitucionais da impessoalidade, da legalidade e da moralidade administrativa. A Constituição define no § 1º do artigo 37, a proibição de produção de publicidade que conste “nome, símbolo ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos”.

É fato que, Gleidson Azevedo, antes de se tornar prefeito e começar a produzir sua série de vídeos, possuía um número mínimo de seguidores nas redes sociais, notadamente no Instagram. Porém, após sua posse, o crescimento foi vertiginoso e tendo como “cinegrafista” o servidor por ele nomeado que está sempre à sua disposição: Talles Duque. Eventualmente, Gustavo Guimarães, também servidor e ex-Balada de Minas, realiza a irregular função. A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público pode entender que ao deixar o cargo, o prefeito terá conseguido crescer exponencialmente suas redes sociais, lesando o erário público em beneficio próprio. Desta forma se não propuser investigação do fato, poderá exigir no mínimo que o chefe do Executivo seja obrigado a ressarcir as horas que os servidores ficaram à sua disposição.

O servidor público municipal Talles Duque Barbosa, nomeado para a função de chefe de gabinete, se autodenomina em uma postagem nas redes sociais como “assessor de marketing do prefeito”. Ele recebeu desde a sua contratação, em janeiro de 2021, até a presente data uma quantia bruta superior a R$ 100 mil referentes ao seu salário, incluindo as gratificações, o vale refeição e o vale transporte. Custeado pelo município, Duque deveria exercer as funções inerentes a um chefe de gabinete, que corresponde a responsabilidade de organizar, planejar e supervisionar os demais profissionais de assessoramento do prefeito, entre outras. Em contrapartida o servidor tem trabalhado na produção de material publicitário para o perfil pessoal do prefeito. Em alguns vídeos mais polêmicos vemos Gleidson tirando satisfação e intimidando munícipes que criticam o seu governo, ferindo também o princípio da isonomia, uma vez que a administração pública deveria tratar todos os cidadãos com respeito, independente se estes o criticam ou o apoiam, ou independe temente das animosidades particulares da personalidade do prefeito.

Podemos comparar ao caso ocorrido em Ipatinga-MG, cujo o ex-prefeito da cidade, Nardyello Rocha, juntamente com seu secretário de comunicação e seu secretário adjunto, foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por promoção pessoal. O MPMG apurou que durante a gestão de Nardyello ocorreu desvio de finalidade, uso indevido de recursos públicos e tempo de servidores, enquadrado na Lei penal 201/1967 art.1.º, inciso II configurando crime contra a administração pública. Segundo o MPMG, no material institucional divulgado pela prefeitura de Ipatinga, a figura do prefeito sempre aparecia com grande destaque, constatando que esse tipo de publicação é de caráter particular e em favor da promoção pessoal do prefeito. Nesse caso, o MP requereu que os três denunciados sejam obrigados a reparar aos cofres públicos os danos materiais e morais num valor aproximado de R$ 57,4 mil, além do cumprimento das penas previstas em lei, suspensão de direitos políticos durante o cumprimento da pena e impossibilidade de candidatar a cargos eletivos em 8 anos após o cumprimento da condenação de acordo com a lei de ficha limpa.

Antes que os defensores dos Azevedo venham utilizar exemplos de vereadores ou de deputados que também fazem este tipo de autopromoção, é importante ressaltar que a legislação referente a promoção pessoal entre os membros dos poderes executivo e legislativo são diferentes. Todos devemos saber que as benfeitorias realizadas na cidade não são graças ao prefeito, a vice-prefeita ou aos secretários, mas sim ao órgão público que eles representam. Encontramos um dilema de causalidade: não teríamos representantes se vangloriando por fazer o que é de sua obrigação se não existisse plateia, e os que afirmam ser “empregados do povo” na verdade são patrões oportunistas.

  • As imagens de vídeos captadas em vários momentos, a sua imensa maioria abastecem o site institucional da Prefeitura e sim, apenas o perfil pessoal de Gleidson Azevedo. Como exemplo, na imagem de vídeo acima, por ocasião de uma reunião, enquanto a filmagem oficial era feita por uma servidora da Prefeitura, é possível registrar que o servidor Talles Duque, está por conta de filmar apenas a fala do prefeito. E tal vídeo, feito por Talles, posteriormente foi postado no perfil dele, Gleidson. Como prova insofismável de promoção pessoal com dinheiro público.

LGPD: A pessoa que decide ingressar no serviço público adere ao regime jurídico próprio da Administração pública, que prevê a publicidade de todas as informações de interesse da coletividade”. A remuneração dos agentes públicos é informação de interesse coletivo e fortalece o controle social e, por isso, não há mudança com a entrada em vigência da LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD) – Isso por que a LAI (Lei de Acesso a Informação) a ela se sobrepõe, até decisão contrária da Justiça.

 

Sempre estão juntos, um para filmar, o servidor de livre nomeação, e o prefeito para ser filmado

 

Por: Vitor Costa

 

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comentários

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  1. Anônimo disse:

    Vamos ver qual dos vereadores vai denunciar isso, É um absurdo, além do prefeito se auto promover ainda fica falando mal dos seus adversários e , assistir um vídeo que ele chamava uma mulher de louça , até quando isso vai continuar?

  2. Anônimo disse:

    essa quantidade de propaganda da Prefeitura estampada a cara do Prefeito nem pode não, pode? Prefeito ser garoto propaganda da Prefeitura pode?

  3. Fiscalizador da coisa pública disse:

    Corretíssima a análise. O assessor em questão fica exclusivamente para gravar os ridículos vídeos do prefeito, que já está sendo chamado por alguns professores da rede municipal de Menino Molequinho. Para contribuir com o texto, informo: Em janeiro, o salário do rapaz foi de R$3.722,17, mais 85% de gratificação, que corresponde a R$3.163,84, mais R$189,00 de vale alimentação, mais R$292,00 de auxilio transporte, totalizando R$ 7.367,01 o salário bruto. Lembrando que agora na folha de fevereiro haverá um acréscimo de 5%. Ou seja, o povo de Divinópolis paga um salário acima de R$ 7 mil para o prefeito pagar um funcionário que tem apenas o título da função pública, mas que na prática trabalha particularmente para o prefeito, produzindo os vídeos patéticos e cuidando de alimentar as redes sociais do prefeito. E a CÂMARA não dá um pio. Como sempre.

  4. Anônimo disse:

    O irmão dele tbm faz isso… e não dá em nada Brasil

    1. Anônimo disse:

      Quando vamos acordar? entao os politicos fazem suas leis na maioria para uso próprio e a minoria para população.
      Os vereadores , deputados e senadores que querem transparencia ou nao roubar são votos vencidos, vamos acordar, não adianta a gente bater em prefeito governador ou presidente, temos de bater em quem cria a lei e nao em quem usa. Quem usa tem o STF seu favor deu pra entender?

    2. Anônimo disse:

      sim, mas Prefeito é diferente de Deputado Estadual nessa questão ai de ficar usando a imagem pessoal nas coisas oficiais da Prefeitura. Sei não, se dá nada viu

  5. leonardo Assumpção disse:

    Na próxima reunião da Câmara todos os 17 vereadores não vão falar nada e continuarão como cordeirinhos do prefeito fingindo que não é com eles, que existe crime de improbidade administrativa neste caso.

    1. Anônimo disse:

      Temos que escolher melhor os vereadores , deputado estadual, federal e senadores. Eles fazem a maioria das leis. Não adianta bater em pau mandado.

  6. Marcelo disse:

    Tá tudo dominado! “Divinópolis agora tem prefeito e uma vice que trabalha”, e o povo da lascando.

  7. Anônimo disse:

    O que o jornal pode responder dos políticos, ex-presidentes que usaram a máquina pública e entregaram obras inacabadas simplesmente para marketing eleitoral ou seguram obras por anos para se reeleger. Isso que o PT fez em 14 anos estava correto?

    1. Roni disse:

      Já tava demorando E O PT HEIN?????. E POVINHO ACÉFALO.

  8. Anônimo disse:

    Visualizando a matéria , vislumbro externar que o assessor disponha a exercer mais funções que não são inerente a sua função mesmo. Outra situação que vislumbro a externar , será que esse “assessor”, também exerce a segurança do mesmo ?

  9. Queops disse:

    Sujeitinho asqueroso. É um idiota na presidência e outro aqui, ressalvadas as proporções.

  10. Anônimo disse:

    Um salário desse muito maior que a imensa maioria dos servidores públicos da prefeitura de Divinópolis. Inclusive maior que de profissionais formados da prefeitura. Ridículo um cara ganhar para fotografar as bizarrices desse idiota de prefeito, vulgo bobo da corte.

  11. Anônimo disse:

    Oquê estes 17 vereadores estão fazendo lá? É obrigação deles cassar este projeto de prefeito. Desbocado

  12. Ursula disse:

    E o que o MP vai fazer? Vai deixar esse bolsominion ridículo no cargo? Qual atitude será tomada?

    1. Donizete disse:

      Já não basta a mediocridade desta administração atual e ainda tem que bancar esse chefe de gabinete. O absurdo para alguém não existe. Ocupar um cargo como este é só para quem sabe o quanto é importante. Para ficar alimentando Instagram e outras redes sociais, qualquer CABEÇA DE BAGRE, faz isso por muito menos……

  13. Anônimo disse:

    Parabéns pela matéria !!! Há muito venho indignada com isto! Nós pagando autopromoção do menino maluquinho

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