Família Martins demonstra pouco caso em tragédia anunciada e desprezo com sofrimento das famílias afetadas por desabamentos de sepulturas (ouça áudio)

Publicado por: Redação

O Divinews teve acesso com exclusividade a um áudio em que supostamente um dos donos da Serra Dourada Empreendimentos, Luiz Claudio Martins (Bezerro) diz que “responsabilidade de cemitério é da Prefeitura”.

O desabamento do cemitério do centro já era uma tragédia anunciada. Não é necessário ser perito no assunto para saber que a obra da esquina da Avenida Paraná com Rua Goiás traria grandes transtornos para a população divinopolitana.

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A obra da tradicional família Martins começou em 2018, totalmente irregular. Ainda não é muito claro qual é o tipo de empreendimento que o terreno da Rua Goiás, nº 1480, com área total de 2.766 metros quadrados, em nome de Marisa da Consolação Martins, e que tinha como coobrigados Jaime Martins Filho, Luiz Claudio Martins (Bezerro), Geraldo Magela Martins e Maurílio Eugênio Martins se transformaria.

Até o momento só se sabe que a Serra Dourada Empreendimentos, que pertence a Maurílio Eugênio Martins, e tem como sócias outras empresas, como a Tangran Empreendimentos e Participações LTDA, a Geraes Empreendimentos, Investimentos e Participações LTDA (que têm como sócio Jaime Martins Filho) e Diogo Andrade Vieira contratou a Gerais Arquitetura e Engenharia LTDA para iniciar a tal obra, isso em meados de 2018.

Segundo informações da Prefeitura, a construção começou sem qualquer tipo de alvará, ou seja, a empresa de propriedade dos Martins não tinha sequer permissão legal para demolir o antigo posto de combustíveis, mais conhecido como “Posto Juruna”, e os imóveis ao seu entorno, uma loja de bateria e um estacionamento que era usado pela empresa Somadil para os seus clientes.

O primeiro sinal de que a construção não ia nada bem foi em março de 2019, quando parte da Avenida Paraná cedeu, e a estrutura do cemitério foi abalada. Na época o engenheiro responsável pela obra, sócio proprietário da Gerais Arquitetura e Engenharia “resolveu” fazer um muro para “segurar o cemitério”, e acreditou piamente que aquilo bastaria. O muro de sustentação foi construído, mas segundo fonte do Divinews, foi feito de forma irregular, e era apenas mais um fator para a tragédia anunciada.

Descaso

Passava pouco mais das 22h30, do dia 31 de janeiro, quando a vida de várias famílias mudou completamente. A tragédia que já era anunciada se concretizou; 28 jazigos do cemitério do centro vieram abaixo. Em cada jazigo tem três túmulos. Somente uma família “viu” oito entes queridos desabarem junto com o muro construído pela Gerais Arquitetura e Engenharia LTDA. Cerca de 80 corpos se encontram hoje “desabados” no terreno de Marisa da Consolação Martins, a mesma que dá o nome da “Estância Marisa”. Logo na manhã de sábado, 1º de fevereiro as notícias começaram a chegar, e a angústia de perder um ente querido, já há um tempo esquecida, retornou com força.

Os familiares e donos dos jazigos esperavam por uma notícia, por um posicionamento. Após confirmado quais eram os túmulos afetados, veio o desencontro, e o abandono. Afinal, como uma obra daquele tamanho estava sendo feita sem alvará? Diante o desalento, uma nota da Serra Dourada Empreendimentos, que pertence à família Martins. Nela a empresa falava que se solidarizava com os familiares atingidos pelo desmoronamento dos jazigos e a consequente queda dos muros de divisa do Cemitério da Paz. Uma nota feita por qualquer assessoria.

A verdade por trás da nota era bem diferente. O Divinews teve acesso com exclusividade a um áudio em que supostamente um dos donos da Serra Dourada Empreendimentos, Luiz Claudio Martins (Bezerro) diz que “reponsabilidade de cemitério é da Prefeitura”, e proíbe os funcionários da empresa de se posicionarem sobre o assunto.

Áudio

No áudio, supostamente a voz de Bezerro, diz “EU NÃO QUERO QUE NINGUÉM DA EMPRESA, DA EMPRESA NOSSA, AI NEM VOCÊ, NEM NINGUÉM [inaudível], CEMITÉRIO É DA PREFEITURA, AGORA ELES  SE VIRA (sic). ENTENDEU? AGORA PODE, ALÉM DO RISCO NÉ? ESPERA AS REUNIÕES DE HOJE, PARA VER O QUE VAI SER TOMADO DE PROVIDÊNCIAS. NÃO QUERO QUE PASSA NEM NA PORTA [do cemitério], NÃO DÊ DEPOIMENTO, NÃO FALE COM NINGUÉM”.

O Divinews fez apenas um questionamento ao advogado da Serra Dourada Empreendimentos: por que a obra estava sendo tocada sem nenhum alvará? No peito e na raça, ao que ele respondeu: “Você quem está falando isso”. O Divinews retrucou dizendo que não, que foi a Prefeitura quem informou que não existe nenhum alvará, nenhuma licença, nada, nada, nada, Nem um papel de pão. Ao que ele finalizou: “ME DERAM ORDENS PARA QUE EU NÃO COMENTASSE NADA A RESPEITO DA OBRA”. E não prestou mais esclarecimentos sobre o assunto.

Nesta última sexta-feira (07) e neste sábado (08), o Divinews acompanhou a exumação dos corpos que está sendo feita incansavelmente pelo Corpo de Bombeiros, e por alguns servidores da Secretaria Municipal de Operações Urbanas, leia-se secretária, diretor e gerente, além da Defesa Civil, com a presença do secretário da Settrans, Marcelo Augusto, em uma área que ainda pode desabar a qualquer momento. E apenas os representantes da Prefeitura de Divinópolis acompanhavam os trabalhos. Não havia nenhum representante da Construtora e nem tão pouco da Serra Dourada, da família Martins. E pela total ausência e interesse das empresas, foi que o Juiz Núbio de Oliveira Parreira deferiu que a perícia seja realizada sem a presença da Gerais Arquitetura e Engenharia Ltda. O que ocorrerá na próxima segunda-feira (06).


Imagens do cemitério da Paz, neste último sábado (08), quando o Corpo de Bombeiros fazia a exumação dos restos mortais para serem transferidos para o Cemitério da Colina

Sócios da Serra Dourada Empreendimentos e Participações

Sócios da Tangram Empreendimento e Participações que faz parte da empresa Serra Dourada, que é a dona da obra

Sócios da empresa Geraes Emprendimentos, Investimentos e Participações Ltda que faz parte da empresa Serra Dourada que é a dona da obra

 

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comentários

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  1. Anônimo disse:

    Conforme a matéria dita:
    A obra da tradicional família Martins começou em 2018, totalmente irregular. Ainda não é muito claro qual é o tipo de empreendimento que o terreno da Rua Goiás, nº 1480, com área total de 2.766 metros quadrados, será simplesmente agora será uma CONSTRUÇÃO CHAMADA: MURALHA DE ARRIMO MARTINS para segurar várias construções em volta, senão o quarteirão todo vai é cair gente.
    CADÊ AS FISCALIZAÇÕES DESTA CIDADE, POIS A CHUVA TÁ FEIA CAINDO MUITO DE MADRUGADA.

  2. Anônimo disse:

    Também OBRA começando mal feita e sem projetos e aprovações, e o CREA de Divinópolis, cadê ele nesta tragédia, não funciona mais na cidade, pois Prefeitura nunca funcionou desde a primeira tragédia, tinha que era embargar e fiscalizar os responsáveis engenheiros, pois é a prefeitura que deixa e aprova as OBRAS na cidade né.
    Também tira terra e deixar um muro gigante daqueles apoiado em Terra molhado, até criança sabe que uma hora vai cair, e caiu.

  3. Anônimo disse:

    Cade o MP nisso?

  4. Ricardo Assis disse:

    Impressionante como um jornal despreparado igual a este, já emite um parecer sobre a situação.
    Como se fosse um perito e já tivesse ciente dos problemas. O jornalista deve ser perito para divulgar tanta asneira! Jornal já julgou tudo, não precisa de juiz nem advogado. O jornal já deu o parece técnico.

  5. HEBER CRISTIANO DA FONSECA disse:

    O problema é sério. Túmulos publicos a família nao teria obrigação nem direitos. Mas particulares? Pagam mais de 2 mil por ano pela propriedade. São donos sim. Apesar d serem mortos, os ossos e restos carnais não podem ser juntados a esmo. Precisam d reconhecimento ou análise dna de tds os ossinho e dentes sequer. Uma despesa absurda. MP e Pol Civil e IML devem agir após ação dos bombeiros. Como vivos fossem… A pref não tem culpa alguma pelo desabamento. Apenas é responsável pela organização e pesquisa científica. Pq é a responsável pelos túmulos e garantir o respeito aos corpos, famílias e acsaude publica. Afinal, bactérias estão expostas. E em túmulos existem bactérias resistentes q são fatais à população e o contato com moradores vizinhos e transeuntes são perigosos. Necessita de isolamento… Quero ver como esta família de coronéis vai se safar deste descaso. Caso não ocorra corrupção e negligência da lei. Aguardemos atentamente! Ano eleitoral e esta tragédia é uma forma de chamar a atenção! Divinópolis precisa se livrar destes coronéis, urgente! Ou nunca mais crescerá!

    1. Anônimo disse:

      kkkkkkkk, la la la nada nada nada e nada, isso não vai dar em nada, desde quando damos valor aos mortos? é so cair um muro e pronto? Entao se cair um avião tripulado em um ceminterio teremos de separar por DNA todos os ossos da pessoas enterradas anteriormente?Dar mais valor aos mortos que vivos? pelo amor de Deus, por isso Divinopolis é e sempre será uma ROÇAGRANDE, o corpo morreu, já foi.

  6. Clésio Rodrigues disse:

    Achei gozado na repórtagem citarem a perda de entes, entes que já estavam deputados e após o sepultamento do corpo ele passa a ser tutelado ao estado e não pertence mais a família, mas em ano de eleição e normal jornais entrarem com tudo na campanha.

  7. Anônimo disse:

    Ainda vai aparecer muita sujeira debaixo desse tapete. Pelo histórico da família Martins – que se acha dona da cidade – e dos atos políticos da Municipalidade fica claro que rolou toma lá dá cá, ou seja, pode construir sem alvará que depois “acerta”. A omissão do Poder Público assim demostra a qualquer leigo. Só não contaram com o sofrimento real das famílias enlutadas, envolvidas na manobra por um “acidente” de percurso.
    Essas não precisam de compaixão, pois os proprietários da obra e os políticos não são capazes de tal sentimento, mas precisam de solução eficiente para aplacar a dor e resgatar a dignidade.

    1. Anônimo disse:

      Primeiramente não se acham, pode ter certeza que mandam. Os corpos envolvidos neste acidente de preciso já estavam mortos, então caros amigos, não tenhamos alardes ou criamos tempestade em copo de água,
      Não vai dar em nada, osso não tem valor.

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