“Tropa de choque” do prefeito de Divinópolis derruba relatório da CPI da Educação; e institui teto de superfaturamento permitido na Prefeitura

Publicado por: Redação

Como já era esperado e inclusive chegou a ser anunciado aqui no Divinews, vereadores alinhados ao prefeito Gleidson Azevedo conseguiram criar uma cortina de ferro ao redor dele para tentar isentá-lo de qualquer responsabilidade em relação ao superfaturamento milionário envolvendo compras da Secretaria de Educação de Divinópolis. Parlamentares colocaram a mão no fogo para defender Gleidson e a secretária de educação Andreia Dimas, ignoraram a gravidade do assunto e o prejuízo para Divinópolis e se arriscam ao manchar a própria carreira política, já que o caso será investigado  por outros órgãos, como Ministério Público, O Tribunal de Contas e a Polícia Civil.

Na tarde de hoje a Câmara Municipal de Divinópolis se transformou em algo mais parecido com um circo, cheio de parlamentares buscando visibilidade a qualquer custo. Na plateia, servidores da secretaria municipal de educação que, na verdade, mostraram completa falta de educação, ao gritar durante a fala de alguns parlamentares e, principalmente, dando um péssimo exemplo sobre a importância de se investigar e punir comportamentos errados. Numa tentativa de influenciar a opinião pública e mudar o real propósito da reunião, levaram até a mãe da secretaria municipal de educação Andreia Dimas, como se o que estivesse para acontecer fosse um júri sobre a índole de Andreia.

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Isso ficou evidente logo no início da votação do relatório final da CPI da Educação. O vereador Kaboja fez um discurso enfático e contundente, enumerando várias qualidades que ele atribui a Andreia Dimas. Kaboja também atuou como advogado do prefeito e disse que “Gleidson é honesto, não deve nada a ninguém”. Apesar das inúmeras provas apresentadas pela CPI da qual ele mesmo participou, e fingindo não saber que o verdadeiro propósito da comissão não era denegrir a imagem da secretária Andreia Dimas, e sim investigar o rombo milionário nas contas públicas de Divinópolis, Kaboja disse “não ter coragem de votar favorável para cometer uma injustiça histórica com a secretária Andreia”. E simplesmente fechou os olhos para o que realmente importa: os mais de R$ 8 milhões gastos de maneira indevida pela prefeitura em compras para as escolas da cidade. Um dinheiro que a cidade perdeu.

Em seguida, o que se viu, foi uma Câmara rachada no meio, dividida entre os que estavam interessados em apurar o prejuízo para Divinópolis e os que pareciam mais dispostos a fazer de tudo para não manchar a imagem do prefeito Gleidson e da secretária Andreia Dimas. De um lado, parlamentares diziam alguns colegas haviam “subido a Paraná de olho em favores do prefeito” e, em troca de certos interesses, estavam dispostos a derrubar o relatório para beneficiá-lo. De outro lado, os nobres edis que formaram uma cortina de fumaça em torno do assunto, dizendo que a CPI não havia encontrado provas suficientes para comprovar a omissão e negligência do prefeito Gleidson.

Um dos principais argumentos usados pelos aliados de Gleidson foi o erro em alguns orçamentos apresentados por empresas de Divinópolis para a CPI. Os valores foram corrigidos posteriormente e apenas “diminuíram o tamanho do rombo”, ou seja, o superfaturamento que beirava os R$ 10 milhões caiu para R$ 8 milhões. E como se isso mudasse alguma coisa, os parlamentares da base do prefeito tentavam desmerecer o trabalho da comissão. Tudo acompanhado com gritos e participações efusivas dos servidores da educação, que em pleno horário de trabalho foram para a Câmara demonstrar apoio irrestrito a Andreia Dimas e ao prefeito Gleidson.

Durante a fala do vereador Roger Viegas, os defensores de Andreia ficaram tão exaltados que fizeram o parlamentar perder a paciência, dizendo que eles deveriam estar trabalhando, ao invés de ficarem ali causando tumulto. Por outro lado, o público vibrou a aplaudiu o discurso da vereadora Ana Paula do Quintino, que também contrariou as conclusões da CPI da qual fez parte, e usou o tempo de fala para defender Gleidson e Andreia Dimas.

Quem acompanhou a discussão na Câmara pode observar, de forma bem clara, como as duas linhas de raciocínio se dividiram, sobretudo se observando o discurso de dois parlamentares em específico, Ademir e Edson Souza.  Ademir falou primeiro e começou citando Cleitinho Azevedo, irmão do prefeito. Lembrou que, enquanto vereador, Cleitinho fazia questão de dizer que era papel da Câmara investigar como o dinheiro público estava sendo gasto pela prefeitura. E foi justamente esse discurso de moralidade política que levou Cleitinho para o cargo de Deputado Estadual e agora para o Senado, bem como o ajudou a eleger o irmão Gleidson para a prefeitura de Divinópolis. Mas Ademir fez questão de pontuar que apesar de defender isso enquanto era vereador, agora Gleidson ignora a gravidade da situação em que o irmão está envolvido, já que, como chefe da secretária de educação, cabia sim a Gleidson acompanhar e aprovar os gastos. Ademir aproveitou para condenar a atitude dos colegas vereadores que estavam dispostos a proteger o prefeito a qualquer custo. “Gleidson sempre disse que não queria vereador puxa saco. E chegou a falar que se existia prefeito corrupto é porque os vereadores não estavam fazendo o próprio trabalho”, disse o parlamentar, questionando o porquê de alguns parlamentares agora estarem deixando de lado o que realmente deveriam fazer, que é fiscalizar, para apenas tentar convencer Divinópolis sobre uma suposta inocência de Gleidson. O relator da CPI ainda lembrou que a reunião da câmara para aprovar ou não o relatório da comissão era apenas uma formalidade, já que o caso estava sendo investigado por outras instâncias, como Ministério Público e Polícia Civil, onde não haverá interferência política e a verdade certamente virá à tona. Ademir comparou Gleidson a um “santo de barro, que vai se espatifar já no primeiro tombo”.

Já durante o discurso de Edson Souza, a outra vertente da discussão veio à tona. O defensor do prefeito disse que Gleidson “é um santo de bronze, porque não se curva”. Edson falou de forma acalorada, negando ter tentado dificultar o trabalho da CPI, ameaçando processar até jornalistas que noticiaram isso a respeito dele e se auto-intitulando “o vereador mais modesto e simples da câmara”. Na defesa do prefeito, Edson comparou os outros vereadores a um “peru que bebeu um litro de cachaça e está rodeando”. Disse que o trabalho de investigação foi um teatro de oitava categoria e que, na visão dele, tinha apenas interesse de perseguir Gleidson, sem encontrar provas significativas de nada. Mais uma vez, para defender o prefeito, os aliados ignoram o fato de que Divinópolis perdeu R$ 8 milhões de reais em compras superfaturadas. Deixam de lado o fato de que a cidade não vai ter esse recurso de volta e que o dinheiro perdido poderia ter sido aplicado em várias demandas urgentes. Edson incitou os colegas a derrubar o relatório da CPI, que ele chamou de injustiça histórica com Andreia e com Gleidson – novamente desviando o real objetivo do trabalho.

Em meio a trocas de acusações, de vereadores dizendo que colegas estavam votando apenas de olho em receber favores da prefeitura, e outros que afirmavam que a Câmara estava sendo injusta ao perseguir Gleidson, o relatório final, fruto de meses de investigação, foi colocado em votação. E por onze votos a cinco, o projeto foi recusado. Os únicos vereadores a votar favorável ao texto foram Lohanna França, Ademir, Josafá, Hilton de Aguiar e Roger Viegas. Print Jr, como presidente da Câmara, não vota.

Com a decisão dos vereadores, toda a investigação da CPI da Educação de Divinópolis será arquivada. Apesar das evidências, o superfaturamento milionário que envolve um dos maiores escândalos da política da cidade, agora segue para alguma gaveta da câmara, enquanto Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas conduzem a investigação paralela. E quando o resultado dessa investigação vier à tona, a posição de cada vereador será colocada à prova, já que muitos podem estar acobertando um prejuízo enorme para a cidade.

Ao fim da reunião, o vereador Ademir gravou um vídeo lamentando o que havia acontecido. Para ele, os vereadores “instituíram um teto de superfaturamento no município”. Ele chegou a dizer, durante a votação, que a tropa de choque do prefeito queria estipular que “até R$ 8 milhões de superfaturamento não tem problema. Ninguém faz nada, ninguém é punido. Fica por isso mesmo”. Ademir disse que a CPI “acabou em pizza”.

Independente da decisão tomada hoje na Câmara, este é certamente um dos capítulos mais tristes (e graves) da história de Divinópolis. Uma cidade com tantos problemas e desafios que viu R$ 8 milhões indo embora pelo ralo, diante de compras superfaturadas, decisões erradas, negligência e omissão.

 

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comentários

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  1. Anônimo disse:

    Mas quem trouxe aquelas atas pra secretores educação ?

  2. Anônimo disse:

    Sacolão e Pizzaria Azevedo

  3. Anonimo disse:

    O vereador kaborja tá calçando a rua da chácara dele.com certeza essa turma de vereadores honestos….kkkk tá fazendo o mesmo.

  4. Tobata disse:

    Normal, diferente seria se houvesse alguma punicao ou consequencia. Mas foi apenas mais do mesmo.

  5. Anônimo disse:

    Infelizmente o cidadão de bem não merecia essas representações no executivo e legislativo. Lamentável.

  6. Adalberto disse:

    Vamos guardar bem a cara desses santinhos, daqui a dois anos tem eleições municipais!! Fiquem atentos… Esses aí tem que sumir do mapa eleitoral de nossa cidade.. VERMES !! PALHAÇOS!!! RATAZANAS.

  7. Celio eduardo disse:

    Se nao há investigacao nao há corrupcao, viva os pateiotas, parabens a familicia que aprendeu rapidinho.

  8. Geraldo Diniz Santos disse:

    Prejuízo maior foram dados pelos ex prefeitos que simplesmente abandonaram a cidade. Pior, deixaram dívidas para a população sempre explorada como pagamento desta taxa de tratamento de esgoto sem ter o referido tratamento (muito obrigado Wladimir Azevedo). A rejeição da usina de asfalto pelo Galileu dizendo que ficava mais barato comprar do que fabricar. Fica a dúvida: pq será? (kkkkk)
    Outra coisa, o principal objetivo dessa cpi (palanque político), surtiu efeito pois a relatora foi eleita deputada estadual e olha que eu voto Lula hein?

  9. André disse:

    É realmente lamentável, e o pior esse dinheiro não foi para o ralo, foi para o bolso de alguém. Quem, essa realmente é a grande pergunta?

  10. Povo2 disse:

    Isso era de esperar. Não vira nada

  11. Gilberto Espíndola Bitencourt disse:

    Quadrilha formada em defesa da corrupção como são unidos né.

  12. Chico disse:

    Tudo bolsominios do demônio

  13. Leandro disse:

    Vcs merecem,deram 88 mil votos ao Eduardo e 4 milhões ao charlatão Cleitinho, é o q vcs merecem,parem de colocar meus comentários sobre moderação…essa família quer tudo ,esses azevedos…vcs n acordaram ainda não ….daq uns dias eles tem mais um irmão e querem colocarem na política,e com certeza vcs irão votarem….acorda gente …já virou meio de vida…o bordão do Cleitinho era ..vcs me tiraram o direito de cantar…agora quero tirar o direito de vcs de roubar…neim cantar o cara quer mais ..acorda gente.

    1. Leandro disse:

      Vcs merecem,deram 88 mil votos ao Eduardo e 4 milhões ao charlatão Cleitinho, é o q vcs merecem,parem de colocar meus comentários sobre moderação…essa família quer tudo ,esses azevedos…vcs n acordaram ainda não ….daq uns dias eles tem mais um irmão e querem colocarem na política,e com certeza vcs irão votarem….acorda gente …já virou meio de vida…o bordão do Cleitinho era ..vcs me tiraram o direito de cantar…agora quero tirar o direito de vcs de roubar…neim cantar o cara quer mais ..acorda gente.

  14. Anônimo disse:

    De que partido são esses “SANTOS”, NINGUÉM DISSE??

  15. Honorato disse:

    Vamos guardar essa matéria, print para na próxima eleição,esse bando saiam também. De olho. Óleo de peroba prá todos e toda,essa Ana Paula do Quintino, é uma jararaca.

  16. Ursula disse:

    Na cidade, no estado e agora no senado só baixaria dessa corja Azevedo. Roubalheira igual ao presidente que os representa. Bolsominions sem estudo, ganham apenas no grito, na grosseria. Triste fim para Divinopolis.

  17. Anônimo disse:

    TODOS VEREADORES DE UM MANDATO SÓ

  18. Eduardo Corrêa disse:

    Cidadão Divinopolitano não acredite em ninguém. Leiam o relatorio. “Os valores foram corrigidos posteriormente e apenas “diminuíram o tamanho do rombo”, ou seja, o superfaturamento que beirava os R$ 10 milhões caiu para R$ 8 milhões.” A tese do relatorio é que empresas montaram um cartel com conluio de arranjo de orçamentos. As empresas ATC Business, Polibox, Hawai 2010, Dom Park, Conesul, Astral Cientifica, DFG Brasil soluções integradas e Capital papelaria e informatica tem o direito de ser ouvidas pois foram acusadas de formação de cartel e roubo de 8 milhões de dinheiro publico. A Camara de Vereadores como representante do povo de Divinopolis deveria chamar esses empresários e empresas para se explicar. LEIAM O RELATORIO.

  19. P R disse:

    Uma vergonha, saber que no meio desta corja tem maçons.

  20. Eduardo Corrêa disse:

    A agora deputada Lohanna França pode tocar o processo ue. É até dever dela fazer isso. Ela não tem prova da formação de cartel das empresas?? Então??
    Pergunta a ela se ela vai ter coragem de levar o processo pra frente?
    Eu acho que não foi tropa de choque não. Foi falta de provas mesmo. Desafio a ela provar que essas empresas estão formando cartel para saquear cofres publicos.
    Cidadão Divinopolitano, mas não acredite em mim. Leiam o relatorio.!

  21. Saminha disse:

    Ninguém quer ficar contra o “senador da republica”. Eita cidadezinha que está reproduzindo o coronelismo. Vão vendo.

  22. Saminha disse:

    Vergonhoso.

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