Por Laiz Soares: Politicagem

Publicado por: Redação

Palavra que eu aprendi com os políticos daqui de Divinópolis, que não uso porque acho bem esquisita. Nunca tinha ouvido antes, nem em Brasília, apesar de as coisas por lá em geral representarem bastante os termos “politicagem” e “politiqueiros”.

A primeira vez que ouvi um político daqui dizendo “isso é politicagem” achei mega esquisito, meio brega. Depois comecei a entender que usam para tudo na política aqui, desde fazer denúncias sobre atos errados, imorais e ilegais, até simplesmente uma crítica. Tudo pode ser considerado politicagem, desde que seja conveniente a quem usa, mas sabemos que significa algo ruim, seja lá o que for.

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Bom, a grande politicagem do ano acabou de acontecer no Brasil, essa semana, nessa segunda-feira e a maioria dos políticos da nossa terra que adoram usar o termo ficaram, vejam só, calados! Por conveniência, e talvez, quem saber, por serem “politiqueiros de plantão” como adoram dizer, que só criticam quando acham que isso vai bombar nas redes, criticam quem, e o que convém, quando convém, só combatem a corrupção e estão preocupados com o bom uso do dinheiro público quando é bom para eles, quando gravar um vídeo for viralizar.

Os cargos de Presidente da Câmara e do Senado são dos mais importantes na política do país. São eles que decidem quais temas e projetos serão discutidos no Congresso, o papel deles é de extrema relevância. Ter alguém ético, competente e de caráter nessas posições pode representar um grande avanço para o país, e o contrário também. Ter alguém com intenções duvidosas, que pensa mais em si do que no Brasil, pode dificultar demais e impactar negativamente a vida de todos nós. O Presidente da Câmara assume o comando do país em eventual ausência do Vice, ele é o terceiro na linha de sucessão. São os dois cargos que tem um poder praticamente comparado ao poder do Presidente, o poder deles se equipara e se equilibra.

O novo presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, eleito nessa segunda-feira, é um político condenado em segunda instância pela justiça, que não representa em nada a “nova ou boa política”. O presidente do país, que sempre disse que não cederia à “politicagem” do troca troca de cargos por apoio, fez exatamente o que falou que não faria. Nenhuma novidade até aí. O problema foi que o presidente apoiou esse candidato, interferiu de forma pesada na eleição (o que não é republicano nem democrático) e gastou 3 Bilhões de reais para liberar recursos de emendas para comprar apoio dos cerca de 300 deputados que votaram no Artur Lira, o que poderia ter sido usado para vacinas ou para auxílio emergencial. O país está quebrado, nas palavras de Bolsonaro, mas não quando o assunto é facilitar a vida dele, nem comprar leite condensado.

Não bastasse o que ocorreu na Câmara, no Senado, o presidente se uniu ao PT, isso mesmo que você está lendo, para apoiar um candidato que fosse mais conveniente para ambos, no caso o atual presidente eleito. A outra candidata, a Senadora Simone Tebet, dava medo em todos por ser conhecida por sua ética, caráter forte, corajosa e defensora de pautas como o fim do Foro Privilegiado para políticos. Ela bateu de frente com o Renan Calheiros, famoso no nosso país há dois anos atrás e foi crucial para impedir que ele fosse eleito presidente do Senado. A incapacidade de ser comprada ou manipulada da Simone provocou essa união bizarra entre esquerda e direita em torno do outro candidato para que nada ameaçasse os privilégios e o poder de políticos que não querem ser liderados por alguém com enorme senso de justiça e coragem de fazer o que é certo.

Fingindo ou não que não vimos, a “politicagem” rolou solta e pesada, com direito a festa com aglomeração para 300 pessoas sem máscara para comemorar a vitória de Artur Lira. Ver as cenas da festa me fez lembrar aquela música do Cazuza “Brasil, mostra a tua cara, quero ver quem paga para gente ficar assim”.

Cazuza – Brasil

“Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer

(..)
Não me subornaram
Será que é o meu fim
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer sim, sim

Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim”

 

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comentários

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  1. DANIEL COUTO disse:

    Maluca esta sua idéia de união do Bolsonaro com o PT, só numa cabecinha bem pequenininha pra imaginar isso. Espera 2022 e veja, NOVAMENTE o que ele pensa do PT e sua quadrilha.
    Essa manobra no Senado, de colocar no mesmo saco todos os partidos, inclusive PT, foi feita pelo Senador que venceu as eleições, que já estavam ganhas desde o início.
    Como o PT viu que eram favas contadas, e para arrumar uma BOQUINHA na mesa diretora, praticamente pediu sua inclusão no bloco vencedor.
    Agora daí se concluir que o Presidente se alinhou ao PT é ter pesadelos demais.

  2. Celso Fonte Boa disse:

    Tenho minhas dúvidas se Simone Tebet é mesmo este santuário de virtudes, ela foi incisiva no Impeachment da Dilma, mesmo sabendo que aquilo era o início de um golpe de estado. A partir daquele momento todos nós sabemos da latrina que virou o Brasil. Ela também é culpada.

    1. Gil disse:

      E não deve ser mesmo: além de ter processos por improbidade administrativa ela é filha de uma raposa velha da política, o ex senador pelo mato Grosso do Sul, Ramez Tebet.
      O pai saiu da política e a deixou para fazer carreira, como está acontecendo com as famílias políticas do Brasil, em especial as oligarquias do nordeste brasileiro. Lira apoia Renan, que apoia Lira. O Renan Junior já está na política sendo o governador de Alagoas, e por aí …é só pesquisar.

  3. Márcio Almeida disse:

    Assino embaixo das considerações feitas, tão verdadeiras quanto oportunas.

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