Uma vida de violência, injustiça e opressão é a teia que une essas 3 mulheres em “Exílio”, ficção histórica de Christina Baker Kline. O romance, baseado em uma história real, desnuda a truculência vivida pelas mulheres no desenvolvimento da Austrália Colonial no século XIX será nossa companhia de hoje no Café com Leitura.
O livro tem como pano de fundo a colonização australiana que se deu através do envio de condenados para cumprirem pena executando trabalhos não remunerados no novo país. Paralelo a esse contexto histórico, a autora adiciona a narrativa do extermínio das populações indígenas pelos britânicos. É possível perceber a riqueza do estudo e pesquisa histórica feitos pela autora para compor essa narrativa envolvente e arrebatadora, sensível e brutal.
Evangeline é uma jovem governanta que engravida do enteado de sua patroa e é acusada injustamente de roubar uma joia de família; Mathina é uma menina aborígene arrancada de sua aldeia para viver na cidade como um artefato exótico da família do novo governador da Terra de Van Diemen; Hazel, de apenas 16 anos, é uma habilidosa parteira que domina o poder curativo das plantas e foi condenada há 7 anos de exílio por roubar uma colher de prata.
Hazel e Evangeline têm os destinos entrelaçados quando são condenadas ao exílio na Colônia Australiana. Durante o duro e angustiante percurso no mar, a bordo do navio Medea, as dores, medos e perdas unem as duas garotas numa amizade forte e leal.
A autora soube dosar a escrita tratando assuntos profundos e complexos com tamanha delicadeza e cuidado. O resultado é uma obra primorosa. “Exílio” é um livro sobre o poder arrebatador da amizade feminina, a compaixão, empatia e lealdade que nascem da dor compartilhada, a força indestrutível dos laços que unem as mulheres na busca por sobrevivência. Com certeza vai estar entre os preferidos do ano.
Se você, assim como eu, é apaixonado por livros, ou quer desenvolver o hábito da leitura, me acompanhe no instagram @graciellepcastro. Vamos conversar sobre livros.