“Sem a ajuda de Bolsonaro eu não teria sido eleito”, diz Cleitinho no Senado, no dia do aniversário do ex-presidente

O senador Cleitinho mal estreou no Senado e segue colecionando motivos para se tonar piada nacional. Ontem, durante a sessão do Senado, Cleitinho admitiu que só foi eleito graças ao apoio que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro, já que desde que entrou na política, seja como vereador em Divinópolis, ou como deputado estadual, não conseguiu conquistar a confiança dos eleitores.

Em um vídeo postado pelo deputado federal Euclydes Petterson, presidente estadual do partido Republicanos em Minas Gerais, Cleitinho reafirma a gratidão a Bolsonaro. “Eu devo minha candidatura ao Senado ao Bolsonaro. Ninguém acreditava em mim lá em Minas Gerais, eu era taxado de doido e maluco.” Cleitinho está estreando na política nacional, mas parece não entender a importância do cargo que ocupa. Se ele mesmo admite que era visto como “doido e maluco” no estado de onde veio, como é que vai conseguir provar sua competência para o restante do país?

Cleitinho também mostrou que ainda não superou a derrota de Bolsonaro e segue saudosista e encantando pelo “mito”. Nesta terça-feira, 21/03, aniversário do ex-presidente, o Senador Cleitinho também postou um vídeo em que aparece fazendo uma vídeo-chamada para Bolsonaro para parabenizá-lo pelo aniversário. A conversa começa com Cleitinho chamando Bolsonaro de “meu eterno presidente”. Um caso de amor platônico, insuperável. Nem parece que Cleitinho costumava ser um crítico ferrenho de Bolsonaro, tendo inclusive postado vídeos fazendo denúncias sobre o ex-presidente. Mas a vontade de se eleger falou mais alto e, de olho nos votos dos bolsonaristas mineiros, Cleitinho acabou se rendendo ao “capitão”. E parece ter se apaixonado.

Mas como todo político despreparado, Cleitinho não perde a oportunidade de mostrar para todo mundo as incoerências e contradições no próprio discurso. No mesmo dia em que chamou Bolsonaro de “meu eterno presidente” e disse só ter sido eleito pelo apoio que teve do ex-presidente, Cleitinho fez um discurso no Senado e, entre os assuntos citados, está o investimento em saneamento básico no Brasil.

Cleitinho entrou nesse assunto ao comentar o fato de que nesta quarta-feira, 22, é comemorado o Dia da Água. E disse ser uma data hipócrita, haja vista que o Brasil defende a preservação da água, mas por outro lado, diminuiu drasticamente o investimento em saneamento básico nos últimos anos. Para embasar sua própria fala, Cleitinho citou o valor investido nessa área pelo país ao longo dos últimos anos.

Segundo o próprio Cleitinho, em 2016, no último ano do governo Dilma Roussef, do PT, o investimento do Brasil em saneamento básico chegou a R$ 915 milhões, passando para R$ 1,5 bilhões em 2017. Durante o mandato de Bolsonaro a situação mudou bastante. Em 2019, primeiro ano do ex-presidente no poder, o país aplicou R$ 835 bilhões em saneamento. E daí em diante o valor caiu anualmente. No ano passado, encerrando o mandato, Bolsonaro destinou R$ 642 milhões em saneamento básico, ou seja, bem menos da metade do valor de 2017.

Em contrapartida, Cleitinho comparou o valor destinado ao fundo eleitoral, que recebeu ano passado quase R$ 5 bilhões, além de quase R$ 1 bilhão para o fundo partidário. Como de costume, Cleitinho fez um discurso exaltado, criticando o fato do país gastar muito mais com os políticos do que com o saneamento básico. A crítica até que é válida, mas ao que parece, Cleitinho esqueceu quem é que esteve no poder nos últimos anos e foi responsável pela queda nos investimentos em saneamento. Afinal, o “eterno presidente” tinha poder para decidir e fazer mudanças, mas o mito tão idolatrado por ele parece não ver esse setor com tanta importância. E o defensor do “capitão” se embola no próprio discurso, e indiretamente, critica a ineficácia do presidente que ele tanto diz admirar.