No país que bate recorde por mortes a tiros, prefeito armamentista de Divinópolis segue à risca cartilha bolsonarista (vídeo)

Gleidson Azevedo, prefeito de Divinópolis, que até hoje mantém como única credencial política o fato de ser “irmão do Cleitinho”, e ter uma vice que trabalha em seu lugar, tem demonstrado seguir à risca a cartilha bolsonarista. No encontro que teve com o presidente, bem como nas reuniões com aliados de Bolsonaro, Gleidson defende o uso de armas, vira as costas para as questões ambientais e, como dizem, “faz bonito com o chapéu dos outros”, já que tem o costume de se apropriar do trabalho e das conquistas dos outros.

Gleidson, assim como o irmão Cleitinho, adoram gravar vídeos “fazendo arminha com a mão”, um gesto bastante característico de Bolsonaro, apoiador da flexibilização das leis de porte de armas, e que já disse várias vezes que “quer todo mundo armado”. É um contrassenso e um desserviço que fecha os olhos para a realidade do Brasil, que segue entre os países com maior número de mortes por revólveres. Para se ter uma ideia, no ano passado, segundo o próprio Ministério da Saúde, o número de assassinatos por arma de fogo cresceu 24%. Os dados são do SIM, Sistema de Informação de Mortalidade, vinculado ao governo federal. Enquanto as mortes por outras formas de agressão diminuem no Brasil, os casos de assassinatos por armas de fogo seguem crescendo. Em 2020 foram 3118 registros. Em 2021 o número saltou para 3878, são mais de 10 casos por dia registrados no Brasil. Mesmo diante de números tão preocupantes, há quem ache que a solução para o problema é que todo cidadão tenha uma arma em casa.

O prefeito de Divinópolis, bolsonarista declarado, também mantém outros comportamentos alinhados ao de Bolsonaro. Ele é fã do discurso populista, se orgulhando por, supostamente, falar a linguagem do povo. Mas na hora de lidar com os problemas reais da sociedade, se mantém omisso. É o caso dos crimes ambientais. Em Divinópolis, os órgãos municipais de fiscalização ambiental foram enfraquecidos e os licenciamentos irregulares se multiplicam.

Enquanto no cenário nacional Bolsonaro se diz “pai” de vários projetos criados por seus antecessores, como é o caso do PIX e da transposição do Rio São Francisco, Gleidson mantém esse costume em Divinópolis. Ele costuma dizer que “Divinópolis agora tem prefeito e que a cidade está avançando 40 anos em 4”, adaptando o famoso lema de Juscelino Kubistchek. Porém, quem conhece a fundo a cidade sabe que a realidade não é bem essa e que Gleidson está, em alguns casos, apenas dando continuidade ao que havia sido iniciado por seus antecessores. Recentemente ele se autopromoveu pela obra de construção de dois prédios para abrigar as famílias desalojadas no Alto São Vicente, e que esperam há anos por uma solução para o impasse. A questão é que essa não foi um projeto de Gleidson, muito pelo contrário. O projeto começou a ser elaborado pela prefeitura em gestões anteriores, mas esbarrou em entraves burocráticos, principalmente para a liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. A situação seguiu em ritmo lento e a atual gestão apenas “colheu os frutos” que foram plantados há vários anos.

Outro exemplo é a pavimentação de bairros como o São Simão e Grajaú. Os projetos para levar asfalto a esses locais começaram a ser elaborados há anos, bem antes de Gleidson pensar em largar o varejão para comandar Divinópolis. Mas agora que o processo finalmente superou as etapas naturais do processo, Gleidson se diz o único responsável pela concretização desse projeto.

Dizem que uma das marcas dos políticos com discurso populista barato é não fazer o próprio trabalho e encontrar alguém para colocar a culpa por seu mal serviço. Esse parece realmente ser o lema de quem deixa a desejar em vários aspectos, fecha os olhos para os problemas sérios das cidades e do país, finge que está indo no caminho certo e não se esforça para, de fato, deixar um legado importante. No final, “faz arminha com a mão” e pensa que está tudo resolvido.