5.700 (cinco mil e setecentos) profissionais de saúde em Minas foram infectados pelo coronavírus

Publicado por: Redação

Segundo informações de Cristiano Martins, do site “Coronavirus-MG.com.br”, publicada nesta terça-feira (14) Minas Gerais, é um dos nove estados que não divulga dados sobre os efeitos da pandemia entre os trabalhadores da saúde. Porém, um levantamento inédito realizado pelo site revela que mais de 5.700 trabalhadores mineiros do setor já testaram positivo para a nova doença e pelo menos 14 morreram em decorrência dela. Os números são do Sistema Único de Saúde (SUS).

Categorias mais afetadas

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Residentes em Minas infectados pelo Coronavírus, por ocupação (em idade economicamente ativa), segundo fichas de notificação de Sindrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave

Técnico ou Auxiliar em Enfermagem

1 670

Médico

874

Enfermeiro

733

Agente Comunitário de Saúde

308

Farmacêutico

251

Dados coletados e analisados no dia 13/07/2020

Fonte: E-SUS VE/SIVEP-GRIPE/Coronavirus-MG.com.br Incorporar Criado com Datawrapper

As informações disponíveis não permitem calcular quantos desses contagiados atuam diretamente na “linha de frente” do combate à Covid-19. Considerando apenas os profissionais em idade economicamente ativa e com evolução monitorada dos sintomas, é possível estimar que o estado chega ao auge previsto da pandemia desfalcado de pelo menos 344 profissionais, sendo 10 vítimas e 334 afastados para tratamento.

Enfermeiros, médicos e agentes comunitários aparecem entre as categorias mais afetadas. Mas a lista é variada e inclui recepcionistas, cuidadores, motoristas de ambulância e técnicos em laboratório, entre outras (veja as tabelas por profissão e município ao longo da reportagem).

O levantamento é limitado pela indisponibilidade de dados consolidados. O Conselho Regional de Enfermagem, por exemplo, já identificou oito vítimas do Coronavírus entre enfermeiros, técnicos e auxiliares em Minas Gerais. Apenas três deles, no entanto, aparecem nos registros do SUS.

Dados indicam falhas nas fichas e nos testes

O levantamento se baseou nos dois sistemas de notificação geridos pelo Ministério da Saúde, por meio dos quais são informados os casos de Síndrome Gripal suspeitos de Covid-19 (E-SUS) e as internações provocadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SIVEP). Em comum, eles apresentam um grande volume de informações incompletas e desatualizadas.

Para se ter uma ideia, o campo opcional de ocupação só foi preenchido em 1,8% das fichas mineiras registradas no SIVEP. No E-SUS, apesar de obrigatória, a informação foi ignorada em 7% das notificações. Mas os problemas não param por aí.

Os profissionais da saúde integram o grupo prioritário para a realização de testes, mas apenas 60,5% dos casos suspeitos notificados no E-SUS já tiveram os exames concluídos em Minas Gerais. Quase 14 mil exames estão na fila, 433 sequer foram solicitados e mais de 8 mil não tiveram o status informado.

Estado dos testes

Concluído

34 889

Não informado

8 365

Solicitado

7 582

Coletado

6 394

Não solicitado

433

Dados coletados e analisados no dia 13/07/2020

Fonte: E-SUS/Coronavirus-MG.com.br Incorporar Criado com Datawrapper

Além disso, não há atualizações sobre o estado de saúde de 60% dos profissionais contaminados em Minas Gerais. A evolução do quadro foi esquecida em 3.412 dos 5.698 casos de Síndrome Gripal positivos para o Coronavírus registrados no sistema (sete morreram, 334 estão em tratamento e 1.945 já se recuperaram).

Consultado pelo Coronavirus-MG.com.br, o Ministério da Saúde informou que a coleta e revisão dos dados são de responsabilidade das prefeituras e da Secretaria Estadual.

“O que pode explicar essa diferença é o aumento das notificações em geral, o que traria uma sobrecarga às pessoas que preenchem esses sistemas, fazendo com que elas insiram menos informações em campos não obrigatórios. Contudo, seria necessária uma análise mais aprofundada para conseguir constatar ou descartar essa hipótese”, alegou a SES em nota.

Óbitos registrados

Mortes por Covid-19 entre profissionais da saúde em Minas Gerais, segundo as informações coletadas nos sistemas de notificação

Cobrança por transparência

Entidades de classe têm cobrado mais transparência do governo. Apesar de não divulgar sistematicamente as informações, a SES dispõe dos dados tratados, como revela um relatório enviado em 15 de junho ao Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG).

“Conseguimos esse balanço uma única vez. Depois dessa data, a secretaria não voltou a publicar nenhum outro número atualizado, apesar das nossas solicitações”, conta Alex Ribas, diretor da entidade sindical. Na época, segundo o relatório, havia 21.720 casos suspeitos entre profissionais da saúde no estado, e 296 casos confirmados de médicos contaminados.

“Os dados poderiam ser muito úteis, tanto para o próprio governo quanto para as entidades que trabalham na defesa dos profissionais. Os órgãos, de posse desses dados, podem mapear falhas no processo e intervir precocemente, inclusive para evitar que os profissionais entrem na cadeia de transmissão. As entidades podem atuar de maneira mais efetiva, e inclusive ser parceiras da gestão na proposição de soluções”, avalia o representante da categoria.

Ribas destaca que, além do risco de contágio, a pandemia tem provocado um estresse adicional nos profissionais. Segundo ele, o sindicato já recebeu relatos de escassez de equipamentos de proteção individual e medicamentos fundamentais, entre outros problemas. “Muitos trabalhadores estão dando mais plantões que o habitual, passando horas sem alimentação adequada e em condições de satisfazerem suas necessidades fisiológicas”, relata.

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