FALANDO SÉRIO: Elis Regina deixará Superintendência do CSSJD, e assumirá Presidência da Fundação Geraldo Correa

Publicado por: Redação

A superintende do Complexo de Saúde do Hospital São João de Deus, em Divinópolis, Elis Regina, durante a entrevista que concedeu ao Divinews, no  “Falando Sério”, ainda no dia 12 deste mês, anunciou que a partir de janeiro de 2020, quando terminar de fato a intervenção do Hospital São João de Deus, que em recente decisão da Comissão Interventora prorrogou para 31 de dezembro, ela  assumirá o cargo de Presidente da Fundação Geraldo Correa, e André Waller , que até então, atua como assessor jurídico assumirá o cargo de diretor administrativo e financeiro, entre outra mudanças.

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Elis Regina, é natural de Patos de Minas, seu pai foi caminhoneiro, até abrir uma empresa de vidros. Trabalhou em vários bancos, Caixa, Banco do Brasil e Itaú. Fez Administração em Belo Horizonte, com o objetivo de administrar os negócios do pai, depois fez pós graduação em Barbacena, e estágio no Rio de Janeiro.

Sua caminhada na área de saúde, começou dando consultoria em uma antiga rede de hospitais, a São Camilo, com cerca de setenta unidades hospitalares, que posteriormente por decisão dos administradores, os hospitais que não eram próprios foram fechados e eles continuaram apenas com as unidades próprias. Logo a seguir ela foi trabalhar na Unimed, onde diz que aprendeu muito, principalmente na “atenção primária”, que é uma área que afirmou gostar muito. E, saiu em agosto de 2017, devido a algumas mudanças administrativa da cooperativa.

O êxito  de Elis à frente do Hospital, segundo ela, “Foi ter uma demanda reprimida; ter uma equipe médica que acreditou no Hospital São João de Deus; e controlar os centavos, com a revisão de vários contratos e até de dividas que não existiam”, contou a fórmula mágica e simples do sucesso de sua gestão.

Funcionários da sua equipe de trabalho, acrescenta à formula do sucesso da gestão de Elis, a sua empatia em lidar com as pessoas, sejam de que nível for o seu interlocutor.

O que diferenciou o trabalho de Elis Regina, dos demais profissionais que passaram pelo Hospital São João de Deus, durante o ápice da crise que se estabeleceu, após a saída do Frei Ronan, ocasião em que foi conhecido o rombo no caixa do hospital, e ai leia-se a passagem de Euler de Paula Baumgratz, e a desastrada gestão de Afrânio Emilio Carvalho Silva, foi a confiança que ela conquistou junto ao corpo clinico, os médicos, com suas clinicas e os profissionais administrativos do hospital, que anteriormente eram vistos não como colaboradores, mas como inimigos usurpadores do hospital. Esse foi um dos pontos chaves para o sucesso da gestão de Elis Regina. A CONFIANÇA que ela estabeleceu também com os fornecedores de medicamentos e OPME (Órtese, Próteses e Materiais Especiais), além dos funcionários que viviam em constantes movimentos grevistas por atraso de salários.

Elis ao assumir, procurou o Ministério da Saúde em Brasília para provar com dados que o hospital tinha potencial de atendimento, pela população da região com cerca de 1,4 milhão de habitantes, a sua quebra levaria o caos para Belo Horizonte. E sua recuperação total desafogaria e muito a capital mineira.

Intervenção

O ponto de conexão de Elis Regina com o Hospital São João de Deus, foi através do Promotor de Justiça, Gilmar de Assis, que após a decisão tomada pela Promotoria de Fundações de Divinópolis de que o HSJD fecharia as portas, ele como coordenador do Centro de Apoio Operacional do Ministério Público de Minas Gerais, o CAO-Saúde. Como ele já conhecia  o trabalho de Elis, resolveu convidá-la para conhecer os problemas e o drama que Divinópolis estava enfrentando, para que ela fizesse  um diagnóstico da situação. Sua análise foi positiva, no sentido de que o hospital não precisaria fechar as portas. E logo em setembro de 2017, ela começou o trabalho de reerguer o São João de Deus, contratada via CLT, pela Comissão Interventora.

Sobre a intervenção, que a partir de setembro de 2017, saiu da esfera da Promotoria de Fundações e passou para a esfera do CAO-Saúde, em Belo Horizonte, que por sua vez nomeou algum ente, como o Estado, o Município e a União para ficar à frente da Instituição. E que, enquanto as pessoas nomeadas estivessem na intervenção todos os poderes do Conselho Curador que é um órgão consultivo, e que somente em algumas ações torna-se deliberativo, foram transferidos para a Intervenção. Vale ressaltar, explicou Elis Regina, “Quando faço um planejamento estratégico e orçamentário ao invés de ser o Conselho Curador que analisa ou delibera passou a ser atribuição da Comissão de Intervenção”

A intervenção normalmente, conforme explicação da ainda superintendente é feita de 2 em 2 anos. Porém no caso do São João de Deus foi feita anualmente, com possibilidade de prorrogação. “Então isso foi feito em 10 de agosto de 2016 com validade até 11 de agosto de 2018. Mas em 2017, em uma reunião ocasião em que a intervenção foi renovada por mais um ano, com isso em agosto de 2018, foi vencida a primeira etapa – Contudo, houve a percepção que o Conselho Interventor ainda estava muito novo e resolveu-se renovar por mais 2 anos. Acontece que neste último ano, diante dos resultados positivos que o hospital estava apresentando, e com perspectiva dele continuar em ascendência, mesmo com dívida ainda pendente, o MP resolveu encerrar a intervenção para o município”, contou, Elis.

Divida

A Dívida de R$ 120 milhões, ainda existe. Porém, segundo Elis Regina, ela foi totalmente repactuada para ser quitada em 2026, e que atualmente está sendo paga em parcelas mensais.

Conselho

O Conselho anterior era composto por 8 membros que representavam vários segmentos. Porém, o Ministério Público percebeu que as nomeações feitas ainda, na ocasião, pela Ordem Hospitaleira, duas instituições, no entendimento do MP, teriam algum tipo conflitos de interesses, por elas terem contratos com o São João de Deus, a ACCCOM, que é prestadora de serviços para o hospital, e a UFSJ com vários alunos fazendo residência no HSJD, além da ACID, que por ser do Comércio e da Indústria, não se adequava as características da Instituição que é a prestação de serviço. Contudo, as demais continuaram no Conselho, o Rotary, Lions, Associação de Bairros, Associação dos Amigos e uma quinta participante – Nesta mudança, foi acrescentada a representatividade das Clinicas do Hospital, indicando um membro para representa-las. Que na opinião de Elis, elas precisam ter essa representatividade no Conselho. Além de acrescentar também um representante dos funcionários, que terá assento no Conselho, por representar quase 1.500 “colaboradores”.

Prorrogação da Intervenção e o futuro da superintendente

Para uma “travessia” segura e saudável, a intervenção foi renovada por mais 6 meses, ou seja, até 31 de dezembro. Para que seja concluído e aprovado o plano estratégico para os próximos anos. Só então, é que a Comissão de Intervenção deixará o Comando do HSJD para entrar os novos representantes.

Elis, muito feliz com o desfecho falou sobre o seu futuro: “Pois é, a gente já tem o hospital como filho – No novo Estatuto existem três Conselhos, o Curador, que é consultivo e deliberativo, o Fiscal, para fiscalizar as contas do hospital e foi criado o Conselho Administrativo que terá um presidente e tambe´m um diretor administrativo, que ainda será nomeado pela Comissão de Intervenção, que ainda está no comando do HSJD – E olha que privilégio, se não é de encher os olhos de lágrimas. Fui nomeada presidente da Fundação Geraldo Correa – Se eu já amava esse hospital e a região, o meu amor e dedicação terão que ser muito maior, e precisarei demonstrar mais resultados, por que ser presidente é uma grande responsabilidade, não é mole”, concluiu.

A futura presidente da Fundação, revelou que André Waller será o nome do novo diretor administrativo financeiro para lhe dar suporte com as gerências, e também na parte administrativa financeira. Porém, é necessário que o nome ainda seja referendado pela Comissão.

Em busca de emendas parlamentares

“Na verdade essa ação foi do André Waller, que há algum tempo me cobrava isso. Em ir para Brasília. Então, eu o aconselhei para que fosse na frente e fizesse uma sondagem. Porém, por incrível que pareça os parlamentares querem saber quem está à frente da gestão. Logo, calcei um sapatinho e fomos em uns 50 gabinetes, que cheguei a ficar com o pé inchado de tanto andar”

Elis enumerou algumas emendas que já havia conseguido, algumas espontaneamente como foi o caso da emenda do deputado Domingos Sávio e do Tiago Mitraud.

Na semana da entrevista, ou seja, no último dia 13 deste mês de agosto, Elis e André foram novamente visitar parlamentares em seus gabinetes na Câmara Federal, na expectativa que no mês de outubro, época que eles indicam emendas para o próximo ano, o HSJD seja contemplado com mais emendas em 2020. Ela explicou ainda que os recursos que forem conseguidos, serão aplicados na estrutura física dos 32 mil metros quadrados que está sucateada, além de equipamentos hospitalares, como tomógrafo, Raio X, Ultrassom, Mamógrafo, Monitores Multiparâmetros, isso por que o caixa do hospital está saudável, para o giro do dia a dia está saudável.

Hospital São João de Deus / Hospital Público Regional

No entendimento da superintendente do HSJD, que afirmou também ter interesse em administrar o Hospital Público Regional, e para isso já existem estruturas que podem ser aproveitadas em uma gestão compartilhada do HSJD com o HPR, não existe espaço para que os dois hospitais atuem no mesmo tipo de atendimento. Ou seja, que ambos atendam a alta complexidade, Elis entende que o Hospital Público Regional quando em funcionamento deveria atender a média complexidade e o São João de Deus a alta complexidade.

Diz que o funcionamento do SAMU em junho de 2017, que “por sinal faz um belo trabalho salvando muitas vidas”, porém o número de leitos não acompanhou os atendimentos de urgência e emergência que são enviados para o hospital também através da UPA, e isso, diz a superintendente, cria um gargalo. Avalia que para o atendimento dos dois, o SAMU e a UPA, precisaria de aproximadamente 290 novos leitos na região.

“O Estado chamou os 35 hospitais, e quase todos se comprometeram a abrir os leitos necessários. E o São João assumiu o compromisso de abrir mais 60 leitos.  Estou contanto essa história por que até o final de 2020 existe um compromisso que sejam abertos esses 290”

Elis Regina questiona se de fato, com a abertura dos 290 leitos na Região, será necessário abrir o Hospital Público Regional. Diz que para abrir mais 30 leitos o HSJD, está usando recursos próprio.

“Nós temos todo o interesse em administrar o Hospital Público Regional, por que um tem que ser complemento do outro, não dá para o São João de Deus e o Hospital Regional ter o mesmo segmento, não existe dinheiro para isso. Os dois vão começar a disputar o mesmo público. Um tem que ter um destino e o outro ter outro destina, mas complementares”, afirmou.

Elis, explica que o Estado ainda não disponibilizou em que ponto está a obra, o que de fato precisa para que as obras sejam finalizadas e que ele comece a funcionar.

Diante da informação de que o CIS-URG tem interesse na administração do Hospital Regional, ela afirmou que tem curiosidade de saber como o Consórcio de Saúde vai fazer, por que no seu entendimento, “eles não têm capital para isso, e como vão fazer?” – “A partir do momento que a licitação para administrar o Hospital Regional, vamos entrar. Mas só para administrar e não para construção, por que não posso descapitalizar para investir em estrutura. Mas acreditamos que se fizermos uma gestão única de saúde muitas coisas podem ser aproveitadas, como exemplo, o RH, a Assessoria de Comunicação, e toda parte de administração poderia ser do HSJD, por que já existe. E isso traria economia de custo”

Finalizando sua entrevista, Elis Regina ainda a atual superintendente do Hospital São João de Deus, e futura presidente da Fundação Geraldo Correa, avaliou que o hospital já passou pelas dificuldades que tinha que passar, e que ainda tem algumas estruturas que precisam ser modernizadas. Contudo, exaltou as vidas que foram salvas, através dos 800 mil atendimentos/ano, ao longo dos seus 50 anos. “Quanto a gente fala deste patrimônio da região, que tem uma capacidade assistencial que é ímpar.  As pessoas precisa valorizar o São João, não para ajudar o caixa, por que hoje não precisamos. Porém, a comunidade, os empresários bem sucedidos precisam adotar o hospital, como uma forma de reverter seu balanço social para a população. E o grande instrumento para isso é o HSJD, que emprega 1.500 pessoas”.

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