O espaço entre a Lua de Saturno e Brasília

Publicado por: Redação

Cientistas da Nasa encontraram em Titã, uma das luas de Saturno, uma molécula que poderia compor estruturas semelhantes a membranas celulares – o que, em teoria, seria capaz de levar ao desenvolvimento de formas de vida. A acrilonitrila foi encontrada por meio de dados colhidos pelo telescópio Atacama Large Milimeter Array (Alma, na sigla em inglês), no Chile – Enquanto essa descoberta estava sendo divulgada, em Brasília Aécio jantava com Temer, tendo no cardápio um grande conchavo de blindagem de ambos, além de outros cúmplices.

O leitor pode estar se perguntando: o que uma coisa tem a ver com a outra? O que a descoberta da acrilonitrila na congelada Titã vai melhorar a minha vida?

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Com razão, o inquiridor leitor. Nada mais distante do que as duas notícias, uma de Saturno, a outra de Brasília. No entanto, apegando-nos aos detalhes, talvez possamos nos maravilhar com a capacidade técnica e científica da humanidade! Apenas o fato de se conseguir instalar um observatório astronômico no deserto do Atacama, no Chile, a região mais seca e árida do planeta, já seria espantoso. Mas esse observatório, com seus imensos espelhos, ainda é capaz de nos trazer imagens de Saturno, um planeta tão distante. Além disso, essas imagens permitiram que os cientistas identificassem, na atmosfera da lua saturnina, uma molécula orgânica que, aqui na Terra, somente é visível com a utilização de microscópios. Alguém aí se perguntou como isso é possível? Bem… eu não sei. Simplesmente foge da minha compreensão e limitada capacidade científica.

Mas podemos ficar em fatos mais corriqueiros. Você, caro leitor, alguma vez já parou para se maravilhar com o fato de seu aparelho de TV estar recebendo imagens geradas no Rio de Janeiro, ou em São Paulo, quase no mesmo instante em que elas são transmitidas? Já se irritou na frente de um computador que leve mais de 20 segundos para abrir uma página da internet hospedada em algum servidor em Tókio? Você tem idéia de que, nesses 20 segundos, o seu computador e o servidor japonês travaram talvez bem mais de 20 contatos de envio de requisição e recepção da informação? Isso não é maravilhoso? Um comando computacional atravessar meio mundo em uma fração de segundo, à velocidade de 300 mil Km por segundo? Já se deu conta alguma vez de que cerca de 12.000 explosões por minuto podem o estar transportando em alguma estrada em um carro cujo motor esteja funcionando a 3.000 rotações por minuto?

Quantas maravilhas existem nesse mundo? Quão fantástica é a história de descobertas humanas? Quantas coisas absolutamente miraculosas ainda a humanidade descobrirá e criará ao longo do resto de sua vida?

Assim, a descoberta da acrilonitrila em Titã em nada afetará a sua vida, mas, ao mesmo tempo, todo o conhecimento que tornou essa descoberta possível rege a sua existência desde o parto, ou mesmo antes dele.

Mas… e Brasília? Pois é. E Brasília? Será que, se alguém conseguisse ocupar uma tribuna no Congresso para falar sobre a acrilonitrila, poderia fazer com que nossos políticos parassem por alguns instantes para se maravilhar com o mundo? O mais provável é que lhe metessem uma camisa-de-força!

O que podem desejar aquelas almas que vivem a se digladiar e a conchavar, sempre tendo como único objetivo o seu próprio benefício? Dinheiro? A grande maioria deles não precisa de mais do que já tem. Ou já eram ricos quando lá chegaram, ou já ficaram durante os anos que lá permaneceram. Nem mesmo o Tiririca deve estar levando agora a mesma vida que levava antes de ser eleito. Poder? Para quê? Para ter mais poder? Qual deles realmente almeja o Poder para exercê-lo da forma como se esperaria, ou seja, em benefício, pelo menos, daqueles que o colocaram lá? Por narcisismo? Um desejo de ser cultuado como uma celebridade única no mundo? Hábeis negociadores, e engabeladores de platéias, que todos são, senão lá não estariam, qualquer um deles poderia ser um grande empresário, um artista, ou mesmo um estadista que melhorasse a vida de mais de 200 milhões de pessoas. Alguns estão lá há 40 anos ou mais, o que não poderiam ter feito para que passassem a ser cultuados, não só durante sua vida, mas durante a posteridade? Veja só o exemplo do juiz Moro. Apenas por cumprir o seu dever, fazer o que se habilitou a fazer, e o que se espera que faça um juiz, tornou-se em três anos um herói nacional, que entrará para os registros da História, e não apenas do Brasil.

Pois é. Existe mesmo muito mais no espaço entre a lua de Saturno e Brasília do que pode sonhar a minha vã filosofia. Vou morrer sem entender nada de Brasília!

 

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