REPORTAGEM EXCLUSIVA: Divinews entrevista Ana Carolina, moradora da cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul; local de desague do rio Guaíba no oceano

O Guaíba desagua na Lagoa dos Patos, que por sua vez desemboca no oceano

Publicado por: Redação

O Divinews conseguiu contatar e entrevistar uma moradora da cidade de Rio Grande, localizada ao Sul do Estado do Rio Grande do Sul,  município onde as águas do Guaíba saem para a Lagoa dos Patos, para depois  desaguar no oceano, próximo da maior praia do Brasil, Cassino – Ana Carolina Fonte Boa, é mineira e natural de Carmo do Cajuru, formada em oceanografia pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG), atualmente fazendo Pós-Graduação em Geografia, além de ser técnica do Núcleo de Educação de Monitoramento Ambiental (NEMA), e também fazer parte do Grupo de Ações Integradas em Gerenciamento Costeiro (GAIGERCO) –  Fato é que, pela formação,  experiencia e o local que reside, ela tem total autoridade e conhecimento para traçar um panorama da situação no Estado, em seu município e na região. 

Sob o ponto de vista econômico, Ana Carolina, é taxativa de que além do desastre climático, haverá impacto em todo resto do Brasil. “Os efeitos do recente desastre climático e humanitário no Rio Grande do Sul também serão considerados, tanto sob a perspectiva fiscal quanto pela pressão inflacionária do provável aumento nos preços dos alimentos – É esperado que os preços da soja, milho, leite, frutas e arroz subam, à medida que as safras locais foram devastadas, causando problemas também no abastecimento de outros componentes, como a indústria automobilística brasileira relatando gargalos, influenciados pela dependência de peças fabricadas no Rio Grande do Sul”

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Na continuidade de sua narrativa, a oceanógrafa, explica que as  águas dos rios Gravataí, Sinos, Caí e Jacuí convergem para o Delta do Jacuí, formando o Lago Guaíba, que abraça os municípios de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Guaíba, Barra do Ribeiro e Viamão. Do Guaíba, o curso das águas desemboca na extensa Laguna dos Patos, culminando na cidade de Rio Grande, onde o estuário se conecta com o oceano.

Em virtude dessa configuração geográfica única, a equipe técnica da FURG, composta por docentes da instituição, tem se dedicado diariamente à elaboração de um boletim sobre eventos climáticos extremos. Essa ferramenta visa alertar a população acerca das áreas mais suscetíveis à inundação, permitindo que as pessoas se organizem e se desloquem com antecedência, dada a convergência das águas de todo o estado para essa região.

Entretanto, o deslocamento da água da Laguna para o mar está intrinsecamente ligado à direção do vento. Ventos vindos do norte e nordeste favorecem o escoamento oceânico, enquanto os ventos sul e sudeste tendem a represar a água na Laguna, aumentando o risco de inundação nas áreas circundantes. Atualmente, a chegada de uma frente fria vinda do sul compromete o vento favorável, mantendo a água represada na Laguna, embora se espere mudanças ao longo dos próximos dias.

As recentes e intensas chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul desde o final de abril têm contribuído significativamente para a situação de inundação. Além do volume elevado de precipitação, características geográficas como o relevo, a cobertura vegetal e as bacias hidrográficas da região influenciam o escoamento da água. Esta se desloca através dos rios em direção às áreas mais baixas, alcançando a Laguna dos Patos e, por fim, o oceano Atlântico Sul, nos Molhes da Barra.

A elevação do nível do Lago Guaíba devido ao aumento do volume de água tem sido observada, afetando diretamente a região metropolitana e conectando diversos municípios. A sobrecarga no sistema de comportas, somada ao grande volume de afluentes, tem contribuído para a superação dos limites de contenção, resultando no aumento do número de cidades inundadas.
As previsões indicam uma prolongada cheia, com os níveis dos rios mantendo-se elevados nos próximos dias. A título de comparação, na cheia de 1941, o rio chegou ao nível de 4,76 metros e levou 32 dias para a descida do nível até 3 metros. Já a cheia deste ano chegou ao nível de 5,26 metros, com isso, não sabe ainda quanto tempo levará para descer.

Já as áreas costeiras do Sul do estado estão em alerta a partir de aviso da Defesa Civil divulgado ainda no final de semana. Famílias já foram removidas de suas casas em áreas de risco de cidades como Pelotas, Rio Grande e São Lourenço, que registram água avançando pelas ruas. Na tarde desta segunda-feira, o nível da Lagoa dos Patos em Pelotas já excedia a cota de inundação e chegava à marca de 2 metros na régua do Trapiche e 2,2 metros no Canal São Gonçalo. As informações são da prefeitura com base em dados oficiais da Defesa Civil e dos demais órgãos que compõem a rede de operações e apoio.

A prefeitura informou que toda a localidade da Colônia de Pescadores Z3 está em alerta e famílias já foram removidas. Outras localidades de Pelotas seguem em risco de inundação. Em São Lourenço do Sul, o nível da Lagoa dos Patos alcançou 2,3 metros, de acordo com medição da régua do Largo Laura Abreu na segunda-feira. A informação é da prefeitura, que divulgou ainda que já diversas pessoas foram removidas de suas casas. Há vias com bloqueio devido a transbordamento. Em Rio Grande, a prefeitura informa que o nível da Lagoa dos Patos já está 90cm acima do normal. Há ruas bloqueadas com pontos de alagamento. Foram deslocadas de suas casas 89 pessoas da região das ilhas da cidade. Ontem já tinham um total de 204,3 mil gaúchos desabrigados, e número só cresce.

E infelizmente, esses eventos extremos tendem a acontecer com mais frequência. A última enchente no estado, por exemplo, foi em Setembro de 2023… as pessoas nem se recuperaram direito da última e já estão passando por isso novamente.

As mudanças climáticas estão indicando que esses eventos extremos já estão acontecendo no mundo todo e não tem mais jeito de voltar. Todo mundo tem que se preparar muito para esses eventos extremos. O Rio Grande do Sul devia estar muito preparado pra esse tipo de evento, já que aconteceu um recentemente. Tem que se esperar, que isso vai passar a acontecer em todo o mundo e no Brasil também.

No Brasil, infelizmente, as questões ambientais ainda são tratadas como pauta de esquerda, mas no final todo mundo sai prejudicado, independente do posicionamento político.

*ESTUÁRIO: ambiente de transição entre a Laguna e o mar.

*MOLHES DA BARRA: são uma estrutura constituída por dois quebra-mares construídos com gigantescas pedras e servem para dar segurança à navegação.

 

 

 

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comentários

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  1. 171 disse:

    A pergunta nao quer calar,
    ate quando o lule, vai ficar de birrinha com o pessoal do sul e liberar recursos.

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