“Dai-lhe vós mesmo de comer”, esse o tema da Campanha da Fraternidade 2023; pelo Brasil ter ingressado novamente no mapa da fome

Publicado por: Redação

Nesta quarta-feira (22), em entrevista coletiva o padre Lúcio Galvão da Diocese de Divinópolis fez o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2023, cujo o tema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)  para esse ano é “Dai-lhe vós mesmo de comer”

Vale ressaltar que a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), por meio do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado no ano de 2022 que 15,5% da população brasileira não tem acesso à alimentação regular.

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Padre Lúcio Galvão, falou sobre a escolha do tema para toda a população, “O objetivo da campanha é conscientizar os cristãos de um tema latente, importante de ser pensado e nos ajudar neste tempo de conversão. Cada um fazendo sua parte, nós esperamos pelo menos minimizar as consequências da fome no mundo. ” Esta campanha tem o objetivo de minimizar a fome em toda região.

Sobre a campanha da fraternidade

A Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta, Arquidiocese de Natal, RN, como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa humana, dos filhos e filhas de Deus.

Assumida pelas Igrejas Particulares da Igreja no Brasil, a Campanha da Fraternidade tornou-se expressão de comunhão, conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na esperança em Cristo Jesus (Cf. 1Ts 1,3).

A Campanha da Fraternidade tem hoje os seguintes objetivos permanentes:
1 – Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum;
2 – Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho;
3 – Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja)”.

A coleta da Campanha realizada como um dos gestos concretos de conversão quaresmal tem realizado um bem imenso no cuidado para com os pobres.

Ao percorrermos o itinerário da Campanha que nossos irmãos nos prepararam, possamos continuar seguindo Cristo, caminho, verdade e vida (Cf. Jo 14,6).

Campanha da Fraternidade 2023

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu oficialmente, na manhã desta quarta-feira de Cinzas, (22), a Campanha da Fraternidade 2023 sobre a Fome no Brasil. A missa, realizada na capela Nossa Senhora Aparecida, na sede da entidade, foi dedicada à vivência de uma “abençoada Quaresma e uma santa Campanha da Fraternidade”. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, também dedicou a celebração às pessoas que experimentam a realidade da fome, aos atingidos e vítimas das chuvas no litoral Norte de São Paulo, guerras, catástrofes e situações de violência.

Em sua homilia, dom Joel ressaltou que só o ser humano ganhou do Criador a liberdade e a direção da conversão, a ser vivida de modo mais intenso no período da Quaresma, é dada pelo mandamento do amor deixado por Jesus Cristo. “O amor a Deus nos conduz ao amor ao próximo e a nós mesmos”, disse. A quaresma, segundo o secretário-geral da CNBB, é um tempo litúrgico pedagógico de 40 dias para que os cristãos e católicos sejam pessoas de conversão. “O mundo todo precisa passar por um tempo de Quaresma e conversão”, exortou.

Dom Joel destacou ainda que há seis décadas a Igreja no Brasil vive, no tempo Quaresmal, a Campanha da Fraternidade. O prelado  reforçou também que a CF não substitui a Quaresma. “A Campanha se junta a tudo o mais que é feito neste tempo litúrgico para que numa perspectiva de comunhão a Igreja no Brasil possa viver a conversão”, disse.

Neste ano, dom Joel pontuou que a Igreja vai aprofundar o tema da fome. “O Brasil enfrenta o flagelo social e humanitário da fome, fenômeno que demonstra a incapacidade de um país em oferecer para seus filhos e filhas as condições necessárias para satisfazer o seu instinto de sobrevivência e desenvolvimento como pessoa. “Quando a sobrevivência não é atendida é a morte que acontece. Assistimos recentemente o que está acontecendo com os Yanomami”, exemplificou.

Lançamento oficial da CF 2023

Na cerimônia de lançamento oficial da Campanha da Fraternidade, realizada no auditório dom Helder Câmara e conduzida pelo assessor do Setor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, foi apresentada a mensagem que o Papa Francisco, mantendo a tradição dos papas, enviou ao Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023. Seu desejo expresso no texto é que a reflexão sobre o tema da fome, proposto pela CNBB aos católicos brasileiros no Tempo da Quaresma, seja “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome”.

A intenção é que essa reflexão gere em todos, diz o Papa, “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais”. Na mensagem, o Papa recorda o convite que Deus faz a trilhar um “caminho de verdadeira e sincera conversão” e que a proposta da Campanha da Fraternidade tem o intuito de animar o povo fiel “nesse itinerário ao encontro do Senhor”, com a a proposta de voltar o olhar para os mais necessitados, “afetados pelo flagelo da fome”.

Por que uma CF sobre a fome?

O secretário-geral explicou porque a CNBB optou, pela terceira vez, por tratar o tema da fome. Segundo ele, uma das razões é o fato de o Brasil ter reingressado no Mapa da Fome da ONU. “Se a fome de  uma pessoa deve nos incomodar, como nos tornar indiferentes diante da fome de milhões de irmãos e irmãs?”, questionou.

Dom Joel disse que a CF mostra uma consequência do pecado, no caso a fome, à qual por meio dos exercícios quaresmais, a Igreja no Brasil convida a todos a enfrentar com ações fraternas e solidárias. “A CF segue um espirito indutivo de nos conduzir ao espírito quaresmal de conversão”, reforçou.

Dom Joel explicou que a Campanha se refere à fome  não apenas como fenômeno biológico das necessidades humanas mas com um flagelo social e humanitário. “São aquelas situações em que o modo com uma sociedade está organizada acaba por deixar seus filhos e filhas em estado de insegurança e indigência alimentar”, definiu. O secretário-geral da CNBB explicou que a Campanha segue um caminho metodológico que busca compreender as causas da fome, ouvir a Palavra de Deus para buscar o discernimento e encontrar caminhos de ação.

“Mais do que apenas constatar, compreender e denunciar a triste e vergonhosa atual situação de fome no Brasil, a CF nos convida ao agir, a fazer o que for possível, para que essa triste situação seja extinta. A Campanha da Fraternidade nos insere numa situação de maior urgência no agir”, disse dom Joel.

O lema bíblico “Dai-lhes vós mesmos de comer”, extraído do Evangelho de Mateus 14,16, de acordo com dom Joel, é  uma convocação à toda a sociedade brasileira (pessoas, comunidades, instituições e instâncias em todos os níveis) à solidariedade com quem passa fome. As ações, ressaltou o secretário-geral, vão do plano individual, como por exemplo evitar o desperdício de comida, à cobrança por políticas públicas de Estado de combate à fome.

O bispo recordou um trecho do texto-base que afirma que “alimentação é um direito e, como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos”. “A fome não distingue idade, gênero, crença, ideologia ou qualquer outra condição. A fome atinge seres humanos, interpela a todas as consciências, questiona todos os argumentos e põe no chão todas as justificativas”, ressaltou.

Experiências solidárias da Igreja no enfrentamento à fome

Durante o lançamento também foi apresentado um vídeo com experiências da Igreja no Brasil de combate à fome como o projeto Cozinhas Sertanejas “Panela de Barro” e “Vale do Peruaçu”, das comunidades de Araçá e Olhos D’Água, localizadas no município de Januária, em Minas Gerais, que foram apoiadas com os recursos do Fundo Nacional da Solidariedade, o FNS, oriundos das doações à Coleta Nacional da Solidariedade, da Campanha da Fraternidade.

Além de outras experiências, no vídeo aparece também o Projeto Sumaúma – organizado pela Cáritas Brasileira em Roraima. Por meio do “Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas”, auxilia milhares de migrantes venezuelanos em situação de vulnerabilidade a vencer a fome. Com três refeições diárias e reforço alimentar para grupos com necessidades alimentares especiais, a ação fortalece a construção do Bem Viver, compartilhando dignidade e amor em forma de alimento.

Ao final da cerimônia, como gesto concreto, foram entregues pelos presentes um kilo de alimento não perecível cuja destinação será para as famílias atendidas pelo Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos “Correndo Atrás de Um Sonho”, serviço mantido pela CNBB no Incra IV, em Brazlândia (DF).

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