“Bolsonaro é desumano, representa tudo que nós repudiamos. É uma página triste que merece ir para o lixo da história para não ser repetida”, diz Simone Tebet durante visita a Divinópolis (vídeo)

A Senadora Simone Tebet, que disputou a eleição para Presidência da República pelo MDB e declarou apoio a Lula no 2º turno, cumpriu agenda em Divinópolis nesta quinta-feira (27). Ao lado de aliados, ela conversou com a imprensa em um hotel da cidade e fez duras críticas a Bolsonaro, chamado por ela de “desumano”. Apesar de discordar de Lula em alguns pontos, Tebet disse que resolveu ficar ao lado dele por não concordar com absolutamente nada do que é defendido pelo bolsonarismo.

Logo no início da entrevista Tebet explicou a decisão de declarar apoio a Lula depois de ser derrotada no 1º turno. Ela afirmou ter ficado surpresa com a nova composição do Senado e da Câmara dos Deputados, com vários políticos conservadores e reacionários, conforme disse ela. Tebet contou que ao ver o resultado das urnas percebeu que a democracia estava em risco e a eleição presidencial seria decisiva. “Nós não temos dois candidatos democratas no segundo turno, nós só temos um. Bolsonaro flerta com autoritarismo, ameaça as instituições democráticas e tudo o que a gente tem de mais sagrado, que é a nossa liberdade”, disse ela.

Tebet acusou Bolsonaro de descontruir as instituições democráticas e atacar a imprensa para concentrar poder em si mesmo. Disse que o presidente “está deturpando a verdade e contaminando a mente de uma geração inteira de brasileiros”. Ao falar sobre a pandemia, a emedebista disse que o presidente virou as costas para o país no momento em que o Brasil mais precisava dele. “Eu tenho convicção de que só temos um caminho. É tempo de reconstrução do nosso país, e só o Lula é capaz de fazer isso”, afirmou.

Durante a entrevista, Tebet disse que um segundo mandato de Bolsonaro significaria o maior retrocesso da história do Brasil. Ela disse que a era bolsonarista merece ir para o lixo da história, como uma página triste que não pode se repetir jamais. Simone Tebet lembrou que durante a trajetória política dela, em muitos momentos foi oposição ao PT, mas resolveu ficar ao lado do partido para defender o Brasil. “Nós não estamos votando em Lula ou no PT. Nós estamos votando para salvar o Brasil de um retrocesso inimaginável”, disse Tebet.

Tebet negou que tenha pedido cargo a Lula em troca do apoio no 2º turno. Ela avalia que ao longo dos últimos quatro anos o Brasil viveu um período sombrio, em que livros foram substituídos por armas e o amor deu lugar ao ódio estimulado pelo presidente. “Ele nos dividiu enquanto nação”, afirmou a senadora.

Simone Tebet respondeu a várias perguntas dos jornalistas, inclusive o questionamento feito pelo editor do Divinews, que a indagou sobre a prisão de Roberto Jefferson, que atirou contra policiais federais, e também sobre a acusação de Bolsonaro, que disse que as propagandas políticas dele não estariam sendo veiculadas no nordeste. Tebet foi enfática e disse que o presidente “está criando fatos para tentar adiar as eleições e tentar levar as eleições para um 3º turno, como se a gente não tivesse um país para reconstruir”.

Especificamente sobre o episódio de Roberto Jefferson, Tebet afirmou que o caso se trata de um “tiro no pé” feito por Bolsonaro, que ao invés de defender a Polícia Federal preferiu ficar ao lado de um bandido. “Eles estão tentando criar crises artificiais diárias, mas no desespero, cada vez que eles criam um fato, eles puxam mais voto pro presidente Lula, porque criam uma sensação de insegurança para o eleitor, que quer um jogo limpo”.

Tebet contou que ao conversar com Lula sobre o apoio no 2º turno, pediu que o candidato do PT se comprometesse com cinco propostas do plano de governo que ela havia planejado colocar em prática. O primeiro ponto, segundo ela, foi melhorar a educação no Brasil, principalmente com o ensino infantil e ensino técnico e profissionalizante.

Para finalizar, Tebet disse que “Bolsonaro está desesperado porque sabe que vai perder as eleições, mas não quer largar o mandato”. A ex-candidata à presidência disse ter certeza de que Lula será eleito e vai dialogar com a oposição, como é o caso do governador Zema e do prefeito de Divinópolis, que declararam abertamente apoio a Bolsonaro. Ela participou de vários encontros na cidade para pedir votos a Lula, dizendo que é momento de união para reconstruir o Brasil.