Denúncia (áudio): brasileiros no exterior dizem que governo está tentando dificultar votos, por medo de vitória de Lula

Brasileiros que vivem na França precisam esperar por horas na fila pra conseguir votar. Desde a eleição de 2018 o número de eleitores na França mais do que dobrou, são cerca de 23 mil pessoas. E, apesar do aumento, o governo brasileiro diminuiu o número de pontos de votação. Este ano, há apenas um local no país inteiro.

Pra votar, os brasileiros que moram em todas as regiões da França precisam viajar até a capital Paris. Na cidade, o único local de votação está lotado neste domingo. Segundo relatos, as filas chegam a três quarteirões e o tempo de espera passa de 1 hora. De acordo com os eleitores, nos anos anteriores havia mais locais de votação, mas desta vez, apesar do aumento no número de eleitores, o governo brasileiro decidiu diminuir o número de pontos para votação. E sem opção, os quase 23 mil eleitores precisam viajar e ter paciência na fila. “As pessoas estão tendo que se deslocar de ônibus ou trem pra um único endereço em Paris. O número de eleitores dobrou em toda a França e o governo reduziu o número de locais de votação”, diz a professora universitária Márcia Consolim, que atualmente mora em Paris.

A França é um importante reduto eleitoral da esquerda e muitos brasileiros declararam voto em Lula. Por lá, os brasileiros dizem que a redução no número de locais de votação é uma estratégia do governo brasileiro para dificultar a participação popular para diminuir os votos em Lula. “Em outros anos havia pelo menos dois locais de votação. Tudo isso me parece uma estratégia pensada, porque se sabe que os eleitores que moram em Paris tem uma tendência mais à esquerda do seu voto. Parece que o mesmo tem acontecido em outras cidades europeias e eu me pergunto o porquê dessa organização, esse bloqueio do voto do cidadão que está morando na Europa, em particular na França”, completa Márcia. Os eleitores na França temem que a redução no número de locais de votação, a desorganização e o longo tempo de espera acabem desanimando muita gente que estava propensa a votar em Lula.

Bolsonaro, apesar do que indicam as pesquisas, continua a apostar no que ele chama de DataPovo e garante que irá se eleger já no 1° turno. Mas ao que tudo indica, pelo menos no exterior, o DataPovo não está do lado dele. Do outro lado do mundo a votação já terminou. Em países como Indonésia e Nova Zelândia o candidato Lula venceu por ampla maioria. Bolsonaro só venceu no Japão.

Nem o Ministério das Relações Exteriores, nem o Tribunal Superior Eleitoral, comentaram as denúncias de brasileiros que moram na Europa sobre a suposta estratégia de reduzir o número de locais de votação para dificultar votos em Lula. Na internet, vídeos e áudios de brasileiros que estão na Europa estão repercutindo bastante. Também há relatos de filas enormes em várias outras capitais europeias, como Lisboa, Londres e Amsterdã.