Diretor do Divinews toma a quarta dose da vacina contra covid-19, mas não escapa da quarta onda e testa positivo; entenda por que

Publicado por: Redação

Já é de conhecimento de todos que nenhuma vacina impede o contágio pelo coronavírus e sim atenua a doença da covid-19, minimizando na maioria dos casos, os seus efeitos, ou melhor ao organismo do contaminado. O editor e diretor do Divinews tomou a primeira dose da Coronavac em abril de 2021, a 2ª também foi Coronavac, a 3ª, Astrazeneca e a 4ª, tomada no final do mês de maio, da Jansen. Por ver que todos já não usavam máscara em lugar nenhum, exceto em ambiente hospitalares, também desprezou o seu uso. E com isso, por estar sentindo um súbito o mal-estar na manhã desta última segunda-feira, já à noite ao realizar o teste PCR no pronto atendimento no hospital São João de Deus, do CSSJD, testou positivo e esta em isolamento. 

Entenda por que

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A BBC fez uma matéria contando também o caso do ex-presidente Lula, que igualmente já havia tomado a quarta dose da vacina no inicio de abril e foi diagnosticado recentemente com covid pela segunda vez.

No texto é explicado que as evidências científicas apontam pelo menos três fatores que ajudam a responder a esta pergunta: queda da imunidade com o passar do tempo, aparecimento de novas variantes e alta circulação do vírus.

“E as vacinas não impedem a infecção. Enquanto o vírus circular, as pessoas se infectarão”, complementa a especialista.

Independentemente do tipo de tecnologia usada, as vacinas têm um objetivo principal: fazer com que nosso sistema imune seja exposto com segurança a um vírus ou a uma bactéria (ou pedacinhos específicos deles).

A partir desse primeiro contato, que não vai prejudicar a saúde, nossas células de defesa geram uma resposta, capaz de deixar o organismo preparado caso o agente infeccioso de verdade resolva aparecer.

Acontece que esse processo imunológico é extremamente complicado e envolve um enorme batalhão de células e anticorpos. A resposta imune, portanto, pode variar consideravelmente segundo o tipo de vírus, a capacidade de mutações que ele tem, a forma como é desenvolvida a vacina, as condições de saúde da pessoa…

No meio de todos esses processos, portanto, é muito difícil desenvolver um imunizante que seja capaz de evitar a infecção em si, ou seja, bloquear a entrada do causador da doença nas nossas células.

Mas aí vem um ponto muito importante: mesmo nos casos em que a vacina não consegue prevenir a infecção, muitas vezes a resposta imune criada a partir dali pode tornar os sintomas menos graves nas pessoas que foram imunizadas, prevenindo assim doenças mais severas e óbitos.

Isso ocorre, por exemplo, com as vacinas contra o rotavírus e a gripe: quem as toma pode até se infectar, mas o risco de desenvolver formas mais graves dessas doenças é reduzido consideravelmente.

E é exatamente esse mesmo fenômeno que observamos agora com a covid-19: ainda que os imunizantes disponíveis não sejam capazes de barrar novas ondas de casos, eles estão funcionando muito bem para impedir o agravamento da maioria das infecções.

Prova disso são as ondas mais recentes que ocorreram entre o final de 2021 e o início de 2022, relacionadas com o espalhamento da variante ômicron: embora muitos países tenham batido recordes absolutos de casos, a taxa de internações e mortes nesses lugares foi significativamente menor em relação a momentos anteriores da pandemia.

Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicado em março calculou o tamanho dessa proteção. Os dados revelam que adultos que tomaram três doses de vacina contra a covid tem um risco 94% menor de precisar de internação, ventilação mecânica ou morrer, quando comparados àqueles que não se imunizaram.

Resumindo: as vacinas contra a covid aprimoram e modificam alguns aspectos do sistema imune que não chegam a bloquear a entrada do vírus no organismo, mas ao menos impedem que ele se replique numa velocidade muito alta e cause estragos que afetam a saúde de forma preocupante.

E isso é bom para o indivíduo, que não desenvolve esses problemas, e para o sistema de saúde como um todo, que não fica abarrotado de pacientes e pode entrar em colapso.

Defesas que se esvaem

Agora que você já entendeu qual o principal objetivo das vacinas atuais contra a covid-19, vamos explorar uma segunda questão: nesse contexto, por que são necessárias doses de reforço para alguns grupos?

No Brasil, o Ministério da Saúde já recomenda a aplicação de uma quarta dose do imunizante para quem tem mais de 50 anos e para indivíduos com problemas que afetam o sistema imunológico.

Ao longo dos últimos meses, a atualização das campanhas de vacinação, com a adoção das doses extras, se provou necessária por uma série de fatores. O mais importante deles está relacionado à queda da imunidade com o passar dos meses.

De forma simplificada, as nossas células imunes que estão na linha de frente “se esquecem” de como combater o coronavírus se elas não forem expostas ao patógeno depois de algum tempo.

“Essa queda dos anticorpos é normal. A gente não pode ficar com nível alto de anticorpos o tempo inteiro”, esclarece Bonorino, que também integra a Sociedade Brasileira de Imunologia.

A aplicação das doses de reforço, portanto, serviria como uma espécie de “lembrete” para atualizar o nosso sistema antivírus. Essa estratégia é ainda mais importante, do ponto de vista de saúde pública, quando consideramos pessoas de idades específicas (como os mais velhos), ou portadores de determinadas enfermidades, em que a imunidade costuma não funcionar tão bem assim.

Nesse sentido, um estudo feito pelo Instituto Weizmann de Ciências de Israel acompanhou 1,2 milhão de idosos com mais de 60 anos e observou que a frequência de casos graves de covid era 3,5 vezes menor no grupo de participantes que havia recebido a quarta dose, em comparação com aqueles que só tomaram até a terceira dose da vacina.

Esse e outros dados só reforçam a noção de que manter o esquema vacinal em dia, de acordo com o que é preconizado pelas autoridades de saúde, pode até não evitar a infecção pelo coronavírus, mas diminui bastante o risco de desenvolver as complicações da doença — como parece ser o caso de Lula, que não apresenta muitos sintomas, pelas poucas informações disponíveis no momento.

Metamorfose ambulante

Não dá pra se esquecer também do fato de que o coronavírus está em constante mudança. E as mutações que ocorrem no código genético dele a cada nova replicação abrem alas para o surgimento das variantes.

Algumas dessas novas linhagens, aliás, causaram um estrago considerável desde o final de 2020: alfa, beta, gama, delta e ômicron carregam alterações importantes, especialmente numa parte do vírus chamada espícula, que se conecta aos receptores na superfície de nossas células para dar início à infecção.

Em termos práticos, mudanças significativas no material genético do vírus dificultam ainda mais o trabalho do sistema imunológico, que não consegue identificar muito bem o agente invasor e lançar uma resposta adequada para contê-lo.

Ou seja: mesmo que as células de defesa tenham conseguido montar um bom contra-ataque contra o coronavírus original (ou uma das variantes mais “antigas”, como a alfa ou a gama), isso pode não ser o suficiente para barrar a entrada da ômicron no nosso corpo, já que falamos de uma versão modificada do patógeno.

Esse é mais um dos fatores que ajuda a explicar porque mesmo pessoas que foram diagnosticadas com covid-19 no passado — como o próprio ex-presidente Lula — correm o risco de pegar a doença de novo alguns meses depois.

“E o surgimento de novas variantes vai continuar a acontecer enquanto tivermos uma parte da população que não foi adequadamente vacinada”, alerta Bonorino.

E aqui você pode estar se perguntando: e as vacinas? Será que não é hora de atualizar os imunizantes para que eles funcionem ainda melhor contra as variantes que surgiram nesses últimos tempos?

Diversos grupos de cientistas e farmacêuticas estão pesquisando isso neste exato momento. Mas os resultados obtidos até agora não justificam o lançamento de novos produtos.

Apesar de perderem em parte sua eficácia, as vacinas disponíveis desde o início do ano passado continuam a funcionar suficientemente bem para aquilo que foram criadas: diminuir o risco de desenvolver as formas mais graves da covid-19.

Alta circulação

Para completar, os fatores comportamentais também têm um papel a cumprir nesse cenário em que as reinfecções se tornam mais comuns.

Vivemos um momento em que as políticas públicas que tentavam conter os casos de covid — como o uso de máscaras em lugares fechados e a prevenção de aglomerações — foram praticamente abandonadas mundo afora. Sem essas barreiras, o vírus consegue circular com mais facilidade.

A temporada de outono e inverno no Hemisfério Sul, em que as pessoas tendem a ficar mais próximas umas das outras e em locais com pouca circulação de ar, também contribui para o aumento de casos no país.

Na situação específica do ex-presidente Lula, a participação frequente em eventos presenciais, como comícios, debates e reuniões da campanha, também explica a reinfecção: num cenário de alta circulação viral, é praticamente improvável que uma pessoa que se expõe tanto no dia a dia não tenha contato próximo com alguém infectado com o coronavírus.

Essa alta circulação viral, aliás, pode ser observada na realidade brasileira. De acordo com as informações do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), o país está atualmente com uma média móvel de 29 mil novos casos de covid por dia. Há pouco mais de um mês, no final de abril, essa taxa estava em 12 mil.

Podemos, então, resumir toda a situação com uma fórmula relativamente simples. Queda relativa de anticorpos + surgimento de novas variantes + alta circulação do vírus = aumento do risco de infecção, mesmo entre vacinados ou quem já teve covid no passado.

Felizmente, esses indivíduos estão mais protegidos, pois ainda guardam uma memória imunológica suficientemente boa para impedir, na maioria das vezes, as complicações da covid, relacionadas à internação, intubação e morte.

Para lidar com essa nova onda e diminuir o risco de problemas tanto do ponto de vista individual quanto coletivo, os especialistas fazem cinco recomendações principais: estar com o esquema vacinal em dia, usar máscaras em ambientes fechados se possível, ficar atento aos sintomas da covid, fazer o teste caso apresente algum sinal da infecção e, se realmente estiver com a doença, ficar em isolamento.

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