Divinópolis – Por Vítor Costa: Rompimento de contrato com COPASA é palco de um grande teatro para autopromoção de Cleitinho, Gleidson e Janete (vídeo)

O Prefeito de Divinópolis Gleidson Azevedo, enquanto ainda era candidato, realizou uma live no bairro Copacabana, acompanhado de sua vice Janete Aparecida e seu irmão Deputado estadual Cleitinho Azevedo, que aconteceu simultaneamente a um debate de prefeitáveis que o mesmo se recusou a ir. Ao ser questionado pela sua própria vice sobre o que aconteceria com a COPASA caso a chapa deles fosse eleita, Gleidson respondeu: “eles (os outros candidatos) ficam falando que vão tirar a COPASA, mentira! Divinópolis está amarrada na COPASA. O que o próximo prefeito de Divinópolis tem que fazer é fazer (a empresa) cumprir o contrato, sem aditivos, mas tem que ter coragem pra chegar lá e fazê-la cumprir”. Após eleito, o prefeito entrou em contradição. Recentemente gravou um vídeo assinando a anulação do contrato entre a prefeitura e a companhia. Entenda essa onda de rompimentos com a empresa e os possíveis motivos políticos que levaram a drástica mudança de opinião do prefeito.

Por se tratar de uma empresa pública de economia mista e capital aberto na bolsa de valores, a COPASA tem o Governo de Minas como seu acionista majoritário, detendo 50,04% de um total de 380.253.069 de ações. A companhia vem realizando investimentos milionários em Divinópolis e recentemente investiu R$ 143 milhões – que embora sejam insuficientes quando comparados a demanda da cidade. Este e outros investimentos precisam ser indenizados pela prefeitura no caso de rompimento de contrato em relação aos ativos não amortizados ou depreciados ao longo da prestação dos serviços.  A companhia demonstrou uma queda em seu lucro líquido de 93,2% comparando o demonstrativo do terceiro trimestre de 2021 com o mesmo período do ano anterior. Tal queda é resultado dos recentes rompimentos de contratos com prefeituras e ressarcimentos de tarifas consideradas indevidas aos clientes, como ocorreu na cidade de Pará de Minas, ressarcimento esse que a vice-prefeita de Divinópolis descartou mover contra a COPASA em benefício da população lesada.

O Governador Romeu Zema (NOVO) já apresentou um plano de privatização da companhia, alegando que a COPASA é ineficiente. Para conseguir tal feito, tendo ao invés da revolta o apoio da população, faz com que o estado sabote o seu próprio serviço. Assim o governo liberal de Zema, que defende “menos estado”, faz isso com a distribuição de água, tratamento de esgoto, eletricidade, saúde, educação, etc. Logo, instiga a população a pressionar suas respectivas prefeituras a realizar uma mudança na concessão do serviço prestado. Em muitos casos, esses serviços essenciais ao serem privatizados tiram de pessoas com menor poder aquisitivo a oportunidade de utiliza-lo.

É pretensioso comparar Divinópolis com o sucesso do rompimento do contrato da Prefeitura de Pará de Minas, pois se tratava de um processo técnico e o contrato já estava se findando. Outras cidades como Andradas, Mirabela do Norte e a mais recente Nova Serrana, estenderam uma briga na justiça com a COPASA e mesmo assim não ficaram livres dos serviços da empresa. O prefeito de Nova Serrana, Euzébio Lago (MDB), cujo a vice-prefeita de Divinópolis acusou ser um “bosta”, briga na justiça contra a multa de R$ 121 milhões exigida pela empresa pública. Em Divinópolis os motivos para o rompimento são mais fracos comparado aos alegados pelas outras prefeituras, mostrando ser motivos mais políticos do que técnicos, a ponto de fazer o prefeito se contradizer.

O deputado estadual Cleitinho Azevedo (CDN) esteve ao lado do seu irmão prefeito, durante uma coletiva de imprensa em que tratavam sobre possíveis irregularidades no contrato entre a prefeitura e a COPASA. O deputado sempre protagonizou brigas e factoides com a companhia e teve parte do seu eleitorado composto por cidadãos insatisfeitos com a empresa. Possivelmente neste ano eleitoral de 2022, o parlamentar terá que responder ao processo de R$ 1 milhão movido pela Defensoria Pública, que alega que Cleitinho utilizou indevidamente a imagem de Crianças de um abrigo da cidade, que as levou para a inauguração da loja do McDonald’s, de forma a associar a imagem dos pequeninos a atividade legislativa. O julgamento pode impactar negativamente a imagem do parlamentar que já está caindo no conceito popular, uma vez que é notória a diferença da postura do deputado ao exigir o mínimo do líder executivo municipal que é seu irmão, em relação aos ataques histéricos que o parlamentar tinha durante o governo do ex-prefeito Galileu Machado.

Temendo a queda de popularidade e almejando alavancar suas possibilidades de candidatura ao Senado Federal ou até mesmo a Câmara dos Deputados, Cleitinho faz da COPASA uma cortina para esconder seus erros, se tornando um dos mais interessados em fazer do rompimento do contrato de Divinópolis com a companhia de saneamento a sua case de sucesso, mesmo que isso possa custar aos cofres de Divinópolis uma indenização de 300 milhões a ser paga para a Copasa. Ter um deputado divinopolitano na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) teoricamente seria uma vantagem para a cidade, porém o Deputado Cleitinho coleciona antipatia dos seus colegas do legislativo, justamente por se autodeclarar que não é político igual aos outros, fazendo recorrentes afirmações generalistas que induzem a opinião pública a acreditar que todos os outros políticos são corruptos. Logo, existe uma força política da maioria do legislativo mineiro, articulando para que Divinópolis, que é governada pelo irmão que Cleitinho ajudou a eleger, não deslanche, justamente para fazer com que Cleitinho não use o sucesso da cidade para vencer próximas eleições. Assim as luzes do palco se apagam e as cortinas do teatro se fecham definitivamente.

 

 

Por Vitor Costa