Últimas informações: De criança que foi ao dentista e morreu após extração de dente

Publicado por: Redação

O médico legista da Polícia Civil (PC) responsável pela autópsia de Anthony Bernardo, de 10 anos, que morreu na última segunda-feira (20) em decorrência de uma hemorragia durante a extração de um dente, em uma clínica ortodôntica de Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não conseguiu definir se a criança tinha algum distúrbio de coagulação, uma vez que ele não teria sangue suficiente nas veias. A informação foi confirmada na noite de quarta-feira (21), pelo delegado regional de Juatuba, Felipe Fonseca, que é o responsável pela investigação da morte. “O legista apontou que a criança não tinha um perfil de hemofílico, condição que normalmente causa alterações nas articulações, cartilagens e baço. Contudo, ele não descartou que o menino pudesse ter algum distúrbio de coagulação, uma vez que não foi possível o exame pois o corpo chegou completamente sem sangue”, detalhou o policial durante entrevista coletiva.

O médico responsável pelo exame segue elaborando o documento completo da autópsia, que, ainda de acordo com o delegado, deverá ficar pronto até esta quinta-feira (23). “Também estamos em busca de verificar se houve uma eventual coleta do sangue da vítima na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), o que poderia esclarecer essa questão de alguma doença preexistente”, complementa Fonseca.

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Criança ainda tinha vida na chegada ao hospital

Outro ponto já adiantado pela PC sobre a necrópsia do corpo do pequeno Anthony é que ele teria chegado ainda com vida ao hospital. “Podemos apontar que a criança chegou minimamente com vida na UPA, pois o legista constatou que os acessos intravenosos deixaram uma marca característica que caracteriza que ele ainda tinha vida quando foi feito o acesso”, explica o delegado Felipe Fonseca.

O médico da PC também não conseguiu identificar nenhuma lesão ou intervenção externa que motivasse uma hemorragia em fluxo extenso. “O que não impede que tenha ocorrido por uma intervençaõ da profissional, mas acredita-se que pode haver essa preexistência de alguma condição que acometesse a criança”, complementou o delegado regional.

O advogado Murillo Andrade, que representa a denstista e a clínica onde o procedimento ocorreu relata que as clientes estão em choque, mas que fizeram tudo dentro dos padrões da odontologia. “As minhas clientes estão altamente abaladas, elas lidam com crianças o tempo inteiro. A que estava fazendo extração do dente tem 14 anos de odontologia e isso nunca aconteceu. Todo o procedimento técnico de odontologia foi aplicado no menino”, garantiu o defensor.

Ainda conforme o advogado, O Conselho Regional de Odontologia (CRO) realizou nesta quarta-feira (22) uma vistoria na clínica. “Ele já emitiu uma nota afirmando que não houve negligência, que as profissionais fizeram o que foi possível”, completou Andrade.

Depoimentos e próximos passos da investigação

Ainda de acordo com o delegado que investiga o caso, já foram realizadas oitivas de funcionários, tanto da clínica como da unidade de saúde, e também de alguns familiares do garoto. Novos depoimentos estão marcados para os próximos dias na tentativa de elucidar todos os detalhes da tragédia.

“Vamos evidenciar todas as circunstâncias que envolvem o caso, desde o início, a pré-consulta que causou a hemorragia, como no trajeto e recepção na UPA. Vamos avaliar tudo para chegar a uma conclusão que seja justa”, finalizou o responsável pela investigação.

 

Mãe de Anthony Bernardo

Elenilsa Jacinta da Silva, mãe de Anthony Bernardo, mostra foto do filho e se emociona ao relatar os últimos momentos do filho antes e durante a consulta odontológica. | Foto: Reprodução/Redes sociais

Mãe e demais familiares estão arrasados

“Eu só espero que nenhuma mãe passe pelo o que eu passei”, diz a mulher. Em lágrimas, ela acrescenta, sem conseguir terminar a frase: “uma mãe sair pra levar o filho pra arrancar um dente e voltar com seu filho no caixão…”.

Elenilsa conta ainda que, antes de autorizar o procedimento, perguntou para a dentista se ela teria condições de lidar com algum imprevisto. “Eu perguntei, já que meu filho já apresentava quadro de hemorragia. Eu não me formei pra dentista, mas ela me garantiu e ela é formada, acreditei nela. Infelizmente o meu filho saiu no caixão”, completou.

Elenilsa contou que Anthony Bernardo era obediente e companheiro, tanto dela quanto da irmça mais velha. O pequeno era ainda aplicado nos estudos e querido no colégio. Ele gostava também de brincar com os familiares. “Em casa era assim: ninguém podia ficar distraído. (Ele) dava susto na gente o tempo todo”, revelou.

“Vó, me dá a mão da senhora porque eu estou com muito medo”. Maria Jacinta lembra com detalhes os últimos minutos de vida de seu neto. a avó de Anthony, Maria Jacinta, relatou que o menino começou a reclamar de dores nos dentes na última sexta-feira (17). À ocasião, a mãe do garoto o levou à clínica odontológica.

“A dentista deu duas opções, arrancar ou pôr o canal. A minha filha perguntou se era um problema arrancar. Ela (a dentista) disse que podia arrancar, que não tinha problemas”. De acordo com a avó, a filha optou pela extração por não ter dinheiro para pagar pelo tratamento de canal. “Minha filha está desempregada e tem dois filhos para criar. A dentista falou que arrancava o dente por R$ 180”.

Após o primeiro atendimento na sexta-feira (17), o menino foi medicado e a profissional marcou o retorno para realização do procedimento para esta segunda-feira. “A gente tirou o raio-x e trouxe. Eu entrei com ele e ele me pediu: ‘vó, me dá a mão da senhora’. Ela (dentista) aplicou a anestesia uma vez, não pegou. Picou a anestesia outra vez, não pegou. Ele (Anthony) levantava a mãozinha para dizer que estava doendo”.

Segundo o relato da avó e da mãe, que também assistiu o procedimento, a dentista chegou a pedir ajuda de um outro profissional. “Ela chamou outro dentista para arrancar o dente. Ela (a dentista) me colocou para fora da sala e falou para minha filha: ‘se você ficar nervosa, eu vou pôr você para fora’. Meu neto tremia, tremia, tremia, coitadinho, com muito medo, sabe? Na hora que arrancou o dente, já saiu esguichando sangue. Minha filha gritou: ‘mãe, me acode, o Bernardo morreu”.

A família critica a demora no atendimento da criança. “Ligaram para a ambulância, a ambulância não veio. Demorou muito”. A avó conta que acredita que o neto chegou morto à UPA de Igarapé. “Eu vi a perninha dele cair. Vi o braço caído. Coloquei a mão e não tinha coração batendo, não tinha nada”.

 

Fonte: Itatiaia, Jornal O Tempo e R7

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