Presos do presidio Floramar em Divinópolis trabalham em confecção de roupas e peças jeans na empresa Clothify Denim (imagens)

Publicado por: Redação

Detentos do Presídio da Floramar em Divinópolis,  município conhecido por ser polo da moda do Centro-Oeste mineiro, têm a oportunidade de desenvolver habilidades e trabalhar na área por meio de uma parceria do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) com a empresa Clothify Denim. Atualmente, cinco presos atuam na fábrica de roupas, instalada na unidade prisional há oito meses, e são frequentemente capacitados para a profissão de costureiros. 

No início da parceria, em 2020, apenas dois internos atuavam no local, realizando etapas mais simples do processo como pregar botões e fazer o arremate das peças. Hoje, os internos beneficiados pela oportunidade já realizam trabalhos que exigem maior competência técnica: a aplicação de etiquetas, a passadoria e o acabamento. Neste mês de agosto, eles vêm sendo treinados para costurara com maquinário.

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Segundo a diretora da unidade, Elisabete Pinheiro Fernandes, este é um importante caminho para a ressocialização. “Além desses indivíduos saírem da ociosidade da cela, sentem-se valorizados, porque são remunerados e percebem que o trabalho desenvolvido é de qualidade diferenciada. Para eles, é como se recebessem uma promoção”, conta. O provento dos presos é de três quartos do salário mínimo – valor dividido em partes iguais entre o interno, a unidade prisional e o pecúlio, uma espécie de poupança que pode ser sacada quando ganharem liberdade.

Seleção

Um dos critérios para atuar na fábrica parceira é, antes, ter passado por outra oficina de trabalho do Presídio de Divinópolis: a manufatura de lençóis.  A produção, destinada ao sistema prisional mineiro, existe na unidade há mais de 20 anos. No local, atuam 14 custodiados que produzem cerca de 9 mil peças por mês. Há, ainda, a manufatura de máscaras de proteção na unidade prisional mista, onde 11 mulheres presas executam mil itens por dia. Todos eles recebem remição de pena pelos serviços prestados: a cada três dias de trabalhados, um é subtraído da condenação – benefício este também concedido àqueles que dedicam-se à Clothify Denim.

A diretora de atendimento, Caroline Queiroz, conta como surgiu a ideia de selecionar os presos já classificados para o trabalho de costura. “Optamos pelos detentos mais antigos, que já estavam no serviço de confecção dos lençóis, e acertamos. Está formada uma equipe bacana. Alguns já trabalhavam na área, até com familiares; outros estão aprendendo uma nova profissão”, relata.

O preso Ruan Felipe, de 28 anos, por exemplo, empenhou-se na produção de roupas de cama por um ano e meio e está há seis meses na fábrica parceira. “Antes de ser admitido no sistema, eu era cortador têxtil. Aqui, aprendi a costurar, nas máquinas. Quando sair, quero voltar a trabalhar na área e fazer a diferença”, diz.

Treinamento

Para o proprietário da empresa parceira, Raphael Soares, uma das grandes vantagens de contratar mão-de-obra prisional é a disposição dos apenados em aprender. “Algo interessante que a gente está testando e tem funcionado é uma capacitação para produtos mais complexos. Não é qualquer profissional que consegue fechar uma jaqueta jeans, exige qualificação, mas eles demonstram interesse e estamos vendo resultado. Percebemos ser possível lançar uma marca, com um produto de primeira linha, feito dentro de um presídio”, comemora.

Atualmente, os internos produzem camisetas, casacos, peças jeans, bolsas e outros itens para três marcas da confecção. A expectativa da empresa é lançar mais duas linhas em breve, uma masculina e outra fitness. Para acompanhar e treinar a desenvoltura do ofício pelos internos, o contratante dispõe de um costureiro, que serve de instrutor na manufatura, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h. Além disso, aposta em minicursos, como de manutenção do maquinário.

O detento Bruno Leonardo, de 36 anos, não tinha experiência no ofício, apenas em mecânica de automóveis e, agora, desenvolve habilidades em costura e revisão das máquinas têxteis. “É uma profissão boa de aprender. Quando eu sair do sistema, quero empreender, montar uma fábrica de camisetas, jeans, moletom”, planeja.

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