Por Márcio Almeida Jr.: As duas carreatas de Lohanna França

Publicado por: Redação

Na segunda parte da análise exclusiva para o Divinews sobre o movimento que pede o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Márcio Almeida Jr. discute o sentido da carreata feita no último sábado em Divinópolis. 

Houve na tarde de sábado (23/01) em Divinópolis duas e não uma carreata de pessoas manifestando-se a respeito da proposta de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A primeira saiu da Praça do Santuário às 18:06 h, segundo o relógio da torre, percorreu algumas vias centrais da cidade e terminou na Praça da Catedral cerca de 40 minutos depois de ter começado. Tinha 227 carros, a maioria deles com duas ou mais pessoas a favor do impeachment, e até onde se sabe não registrou incidente digno de nota.

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A segunda, percorrendo os caminhos virtuais da internet, começou antes do sábado e só terminou depois do domingo no perfil pessoal da vereadora Lohanna França, que liderou o movimento e postou um convite para ele no Instagram. Documentada na rede social, onde ainda pode ser vista, a manifestação virtual reuniu quase mil pessoas, contrárias e favoráveis ao impedimento de Bolsonaro, e registrou diversos embates.

Embora diferentes quanto ao meio em que se deram, a carreata presencial e a virtual têm em comum o fato de serem reveladoras dos ânimos que dominam hoje a política divinopolitana, bem como das perspectivas que se descortinam no horizonte. Por isso merecem a atenção das pessoas sensatas que se interessam em promover no município um debate municipal construtivo e de relevância pública.

O democrático trânsito das ruas

Eco local de um suprapartidário grito pró-impeachment que teve manifestações em diversas cidades brasileiras, a carreata liderada no sábado por Lohanna não revelou que Divinópolis tem eleitores contrários ao governo e à ideologia de Bolsonaro. Isso, obviamente, já era conhecido. O que ela revelou foi a disposição dos não bolsonaristas locais de manifestar publicamente suas opiniões a respeito de temas de relevância social, ocupando o espaço público de modo pacífico.

Em um contexto no qual, por força do pacto federativo, o municipal e o federal estão indissoluvelmente unidos, inclusive para efeito de combate à pandemia, a manifestação de sábado é um convite oportuno a que mais cidadãs e cidadãos participem do debate de políticas públicas, indispensável para ampliar e aprofundar a democracia e oferecer alternativas construtivas em um diálogo sobre o que interessa ao povo. Na prática, a carreata rompe um silêncio que os não bolsonaristas divinopolitanos, com pontuais exceções, vêm fazendo desde 29 de setembro de 2018, quando, na mesma Praça do Santuário de onde partiram os carros reunidos no último sábado, juntaram-se centenas de eleitoras e eleitores contrários aos valores e propostas pregados pelo atual presidente.

Onde estão tais pessoas desde então? É possível que estejam ocupadas em seus afazeres. Mas Lohanna também está ocupada. Além de dar aulas a crianças e adultos, como fazia antes da eleição e continua fazendo depois dela, pois não tem a política por profissão, ela trabalha como vereadora. E, como outros vereadores eleitos no fim do ano, iniciou seu trabalho legislativo no início de janeiro, antes mesmo de a Câmara voltar a funcionar após o recesso parlamentar. Desde então — os dados são públicos e estão disponíveis para qualquer pessoa que os queira consultar — visitou 14 entidades não governamentais, reuniu-se 6 vezes com o chefe do Executivo e o acompanhou a outras 4 visitas, fez reuniões online com instituições de ensino e órgãos públicos, além de ter visitado 11 locais e bairros a que foi convidada e de ter enviado 50 ofícios à prefeitura com pedidos de providência e 8 ofícios internos à presidência da Câmara, sem esquecer a realização de 4 treinamentos de equipe e 36 audiências a eleitores divinopolitanos que a procuraram para tratar de assuntos diversos de caráter público.

Por que os não bolsonaristas divinopolitanos não usam seu tempo livre, como Lohanna, para levantar sua voz e discutir os temas de relevância pública que estão postos na mesa da história? É provável que tais pessoas estejam aqui, em sua quase totalidade, como estavam na Praça do Santuário em setembro de 2018. Também é provável que continuem tendo as mesmas opiniões contrárias aos valores que Bolsonaro e seu governo praticam. De fato, see avaliarmos melhor, veremos que não faltam à cidade intenções progressistas. Temos militantes partidários progressistas (mas não em público), temos ativistas de movimentos sociais progressistas (mas não em público), temos artistas, intelectuais, alunos e professores progressistas (mas não em público), temos trabalhadores, empreendedores, cidadãs e cidadãos progressistas (mas não em público).

Cidade universitária e próspera, com larga tradição cultural e política, Divinópolis tem, pois, um abrangente discurso progressista que se faz, há dois anos, para si mesmo ou, no máximo, para as bolhas do Whatsapp em que os progressistas trocam impressões em voz baixa e pregam de modo progressista para os que já estão convertidos ao progressismo. Nosso abrangente progressismo silencioso inclui, naturalmente, ex-candidatos progressistas, que, com louváveis exceções, estão calados à espera de disputar o próximo cargo, como se a política, feita das questões do dia a dia do povo e não apenas de campanha eleitoral, tirasse férias e só voltasse a cada dois anos.

Esse, portanto, é o sentido revelado pelos 227 carros que estiveram na carreata a convite de Lohanna França no fim da tarde de sábado: seus ocupantes, em sua maioria jovens ainda não contaminados pelo conforto da “neutralidade” ou pela comodidade estratégica da “moderação”, buzinaram e acenderam os faróis para lembrar aos progressistas que eles podem e devem falar em público, porque a vida política e o debate político — incluindo o combate ao tão propalado “fascismo” — não se fazem de conversas privadas em torno da boa mesa posta em áreas gourmet, em varandas de sítios ou em beiras de piscina. Foi longe desses ambientes, enquanto orientava o trânsito dos carros que fluíram democraticamente no sábado, que Lohanna, com um megafone, convidou os silenciosos progressistas e antifascistas locais a saírem da bolha em que estão e a se interessarem pelo debate concreto a respeito de temas concretos, como a necessidade de aperfeiçoar o combate à pandemia, principal — e mais séria — questão colocada por trás dos pedidos de impeachment de Bolsonaro.

O engarrafamento ideológico da internet

Enquanto o progressismo antifascista divinopolitano se acomodava, entre almofadas e aparelhos de ar condicionado, para assistir da janela ou das redes sociais aos 227 carros que circulavam pelas ruas de Divinópolis, Lohanna França, com a ajuda de um pequeno grupo de amigos abnegados, enfrentou em sua rede social na internet um dos mais desgastantes engarrafamentos ideológicos de que se tem notícia na recente história política da cidade. Jovem de 25 anos que não tem a seu lado nem o poder econômico, nem lideranças tradicionais, ela assumiu praticamente sozinha — as exceções honrosas são alguns membros do PDT e do PT locais que compareceram — o ônus de liderar a manifestação que representantes de siglas e grupos de oposição ao bolsonarismo deveriam estar ajudando a fazer conjuntamente na cidade, como ocorreu em outros locais do Brasil na ocasião.

Era previsível que viesse de apoiadores de Bolsonaro a maioria dos mais de 1,4 mil comentários feitos à postagem do Instagram em que Lohanna convidou os interessados para a carreata de sábado. Afinal, a superioridade numérica do bolsonarismo é incontestável em Divinópolis, o que ficou evidente na contagem dos votos válidos das eleições presidenciais de 2018 tanto no primeiro turno (Bolsonaro: 54,96%, Fernando Haddad: 17,62% e Ciro Gomes: 14,41%) quanto no segundo (Bolsonaro: 65,17% e Haddad: 34,83%). Portanto, era não só previsível como também democraticamente aceitável que os bolsonaristas se manifestassem e contrapusessem seus argumentos ao comentar um convite à carreata pró-impeachment. Ninguém, estando em sã consciência, desejaria cerceá-los em seu sagrado direito de se manifestar, seja em meio virtual, seja nas praças da cidade, onde, aliás, eles já se reuniram por mais de uma vez em apoio ou homenagem a Bolsonaro. Pelo contrário: a democracia se enriquece quando argumentos são contrapostos com ética, respeito aos fatos e aos interlocutores e espírito construtivo. É preciso, por conseguinte, respeitar o direito dos bolsonaristas à liberdade de expressão em suas manifestações.

O que não era previsível é o tom em que estas manifestações vieram. Nesse sentido, a carreata virtual que se vê no perfil de Lohanna — e que ela não apagou, por respeito, acredito, ao registro histórico para a posteridade — é profundamente reveladora do ânimo de uma parte dos bolsonaristas divinopolitanos, o que não significa, naturalmente, que estejam todos vibrando na mesma onda. Em um país democrático, onde situação e oposição têm direito à voz para debater coisas de interesse público, os comentários listados na rede social de Lohanna falam por si mesmos. Escolhendo aleatoriamente, reproduzo a seguir alguns deles sem qualquer adjetivo que poderia usar para qualificá-los, pois não creio que as pessoas sensatas e equilibradas desta cidade precisem de adjetivação para tirar suas próprias conclusões a partir destas manifestações do conservadorismo religioso e ético que põe Deus acima de tudo e a Pátria acima de todos:

– “Ah, estaremos de olho no seu mandato, já que é visivelmente uma sujinha”.

– “Todo mundo da esquerda doente que gosta de corruptos no poder”.

– “Cloroquina + azitromicina + vitamina C, D, zinco, ivermectina e echinacea purpurea. Se esses comunistas malucos e ilusionistas estivessem compartilhando esse procedimento de tratamento precoce, várias vidas seriam salvas”.

– “Esquerdista de carteirinha”.

– “Se você não é a favor do Bolsonaro, é a favor de quem”?

– “Vai trabalhar, menina”.

– “Não vi você conseguindo nada até agora”.

– “Queremos é o seu impeachment”.

– “Não sabe nem a hora em que está com fome”.

– “O presidente faz de tudo. Me aponta uma falha”.

Os 61 pedidos de impeachment de Bolsonaro apresentados por diferentes entidades brasileiras contêm, além da denúncia de total ineficiência no combate à pandemia, dezenas de motivos já listados e divulgados pela mídia.

Entretanto, os comentários feitos na rede social de Lohanna têm de tudo, menos argumentos fundamentados que se contraponham a esses motivos. É lamentável que seja assim, pois, sem argumentos baseados em fatos, não se constrói a “nova política” prometida por este governo.

De todo modo, tendo optado por não usar adjetivos para qualificar comentários bolsonaristas como os que reproduzi acima, não posso me furtar à única conclusão lógica que julgo cabível aqui: tais manifestações, tanto pelo estilo quanto pelo conteúdo intelectual, são um retrato fiel do presidente que as inspirou.

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comentários

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  1. fernando disse:

    Lohana sentirá na pele como é não poder fazer nada, com todos os seus projetos sendo barrados na câmara! desperdício de voto! Aguardem!
    #comunismoécrime

  2. Anônimo disse:

    Por alguns comentários que atacam o texto e a vereadora, vemos o quanto será penoso tirar o país do atoleiro em que se meteu. Os fãs de Mijair não compreendem nada do que é o política e como essa funciona. Tentam desviar as falcatruas de seu ídolo, exigindo que a vereadora não faça carreata, considerando que Divinópolis está fora do Brasil. Não entendem que tudo o que vivemos é reflexo da (indi)gestão federal. O fardo é árduo, mas continuemos tentando abrir os olhos das pessoas, Professor! Talvez o Leite Moça consiga.

  3. IARA NUNES disse:

    Oi Lohanna, bom dia. Tenho 64 anos de idade e sou natural de Divinópolis. sempre votei em candidatos conhecidos e já políticos profissionais. Mas este ano resolvi mudar e procurar um runo novo. Dentre tantos candidatos(eram muitos né) escolhi você. Por vários motivos, 1 por ser mulher, precisamos de mais mulheres enjangadas na politica. 2 porque vi em você um potencial enorme para ajudar a cidade. Mas com 18 dias de empossada você faz carreata contra o Governo federal? não que eu goste dele, muito pelo contrario. Como raposa velha da politica de Divinópolis que sou, vi você seguindo diretriz do seu partido na executiva federal, e vou te dizer uma coisa, na primeira oportunidade os mandatários do seu partido vão se livrar de você sem a menor culpa. enfim percebi que perdi meu voto, mas outras eleições virão. que Deus te ajude.

  4. Daniel Pensador disse:

    A questão do leite condensado de uma vez por todas: R$ 15.000.000,00 com leite condensado dividido por 162 mil funcionários dá R$ 7,66 por mês. Que crime!

    Veja o desespero dos canhotos….sério isso?

    Fora o movimento Antifascista…(piada). Para existir um movimento Antifascista tem que haver um fascista. Passa o endereço aí da sede que fazemos a denúncia na PF. O caras caem em técnicas de linguagem igual crianças….

    Impeachment para um presidente que enviou R$ 18 bilhões e não administrou um centavo….é isso aí Lohanna e Márcio…brilharam…

    Impeachment para um presidente que apoia um tratamento precoce que ainda é amplamente pesquisado, mas que a mídia hoje repleta de infectologistas e imunologistas já definiu que não funciona. Sério que essa é a oposição?

    Carreata com 227 carros com 3 pessoas (para cálculo consideremos 4) são incríveis 908 pessoas. Uau!!! Em uma cidade com 240.000 segundo dados do IBGE de 2020.

    É isso! Baita movimento de impeachment…kkkk

  5. Acorda Brasil disse:

    Análise parcial, protetora e rasa, sempre usando os mesmos argumentos das “grandes” mídias. É muito fácil falar em negacionista (adjetivo não é argumento), fascista (adjetivo dado por quem não sabe o que é fascismo), genocida (adjetivo dado por quem assiste apenas Globo e CNN). Com seu domínio visível da língua portuguesa (demonstrando intelecto apurado) dava para esperar mais. Qual o fato, a prova do crime do presidente com relação a pandemia? Ir contra a vacina de um país que omite dados? Ir contra uma vacina que apresentou um número ridículo de testagem e que a ANVISA indicou como incompleto o estudo? Acreditar que a China e seu PCCh são bonzinhos é bem infantil. Fato sobre a vacina: assim que elas foram liberadas mesmo o presidente sendo contrário a CoronaVac, horas depois já estavam sendo distribuídas e aplicadas. Só não foi feito isso antes porque os laboratórios não pediram o uso emergencial. Com isso, é fácil concluir que as falas do presidente não produziram de fato prejuízo a vacinação. Com relação ao tratamento precoce, estão surgindo estudos em vários lugares que indicam grande possibilidade que seja eficaz a mencionada terapêutica. Nem na comunidade científica há consenso sobre esse tema, mas a mídia que é repleta de especialistas em infectologia e imunologia já definiu que não funciona. Logo, surge uma pergunta: Quais os motivos mesmo do impeachment apoiado por essa talentosa (talentosa mesmo)? Ah, quase esqueci do episódio Amazonas. O Governo Federal enviou mais de 18 bilhões de reais e a culta é o executivo nacional? Sério mesmo? Ninguém fala em responsabilizar os gestores reais da situação? Ixi, lembrei do leite condensado, uma das maiores vergonhas que o “jornalismo” profissional já passou. De todos os gastos que foram expostos, o que é estranho porque já era público, a esmagadora maioria foi usada pelas Forças Armadas que não tem direito a comer sobremesa. Os chicletes eu concordo, tem que achar o responsável, mas colocar tudo isso na conta de um homem? Sei que a Lohanna não lerá isso assim como não leu meu inbox para ela, mas fica dica: impeachment, sério? Suicídio intelectual.

    1. Márcio Almeida disse:

      Olá, meu prezado Deus. Permita-me chamá-lo assim, porque percebi, pela sua posição, que se trata do próprio Pai Eterno que comigo, reles mortal, veio dialogar sob o bolsonoide pseudônimo de “Acorda Brasil”. De fato, só o Pai Celestial poderia dizer, peremptoriamente, que minha análise é parcial. Afinal, entre os seres humanos que habitam este planeta (que não é plano e sim esférico), todos os pontos de vista são parciais. A ilusão do ponto de vista não parcial — abandonada há mais de um século e meio pelo pensamento ocidental —, não por acaso apelidado pela epistemologia de “ponto de vista do olho de Deus”, é de fato um delírio fascista de quem se julga detentor de uma verdade superior às contingências no debate de assuntos políticos mundanos.Faz muito tempo (desde Maquiavel, Weber e Habermas, pelo menos) que se sabe serem a política e a vida pública democrática instâncias, não de verdades acabadas (o que só é possível no fascismo), mas de debate e contraposição de argumentos. Estude mais, Meu Prezado Deus, a política dos homens.
      Sim, minha análise é protetora. Protege não só a vereadora, mas também, e sobretudo, o direito de manifestação constitucional que bolsonaristas tentaram negar na cidade ao atacá-la com xingamentos, com insultos de caráter pessoal, o que você, Divindade, reproduz ao colocar em dúvida, embora eu não tenha mencionado isso, se ela é de fato talentosa. Essa parte de suas palavras, Divino Ser, são só menos toscas para despejar o mesmo tipo de agressão pessoal à vereadora. Talvez eu seja raso, principalmente se medido pelo seu critério divino, mas não tão raso quanto que use ataques pessoais em vez de argumentos, como fizeram seus colegas de bolsonarismo no vexame linguístico que deram ao comentar a publicação da vereadora que convidada para a carreata.
      Em claudicante argumentação, você pratica as mais conhecidas e surradas falácias bolsonaristas do mercado de (falta de) ideias políticas. Antes, porém, de mostrá-las, gostaria de dizer que não falei no meu texto sobre a carreata de “negacionistas”, de chicletes ou leite condensado. Logo, temos aqui outra demonstração de que é com Deus que esto falando. Foi sua Divina Onisciência, por certo, sendo capaz de ler pensamentos, que me atribuiu o que eu não disse. E outra ainda poderia ser lembrada em sua queixa de que eu só me informo pelas “grandes mídias”. Só Deus, que tudo sabe, por ser onisciente, poderia dispensar as mídias (colocadas aqui no plural, como você as usou, pois é necessário, penso, pluralidade). No meu caso, meu Divino Pai Eterno, tenho por hábito ler jornais, revistas e sites noticiosos, além de podcasts de diferentes tendências. Todos estão na categoria de “grandes mídias”, pois não são locais e sim de abrangência nacional. Não me censure por não ser onisciente. Sendo mortal, só posso informar-me pela mídia. Eu não sei de tudo o que aconteceu, acontece e acontecerá. Isso é só para a sua Divina Capacidade. Eu sou mortal entre mortais. Acredito, entretanto, que o que você me sugeriu, nas entrelinhas, é que eu me informo pelo SBT e, sobretudo, pela Record, canal ligado de fato ao bolsonarismo, assim como à Igreja Universal do Reino de Deus. Entretanto, entre Sílvio Santos e Edir Macedo, fico, minha preclara Divindade, com a TV desligada. Respeito, contudo, sua opção informacional por estas mídias, caso a tenha.
      Quanto às falácias, sua primeira investida está em dizer, com a segurança de Julgador dos Vivos e dos Mortos: “Qual o fato, a prova do crime do presidente com relação a pandemia?”. Os fatos estão à vista de quem não se recusa a vê-los: um atraso na aplicação das vacinas em relação à maioria dos outros países, inclusive alguns com menos recursos e mais dificuldades brasileiras. Poderia listá-las aqui, porque as 23 razões de impeachment alegadas, inclusive por um grupo de igrejas cristãs do Brasil, estão nas grandes mídias, estas que você dispensa por não precisar delas. De todo modo, não é papel de pedidos de impeachment apresentar provas acabadas. Bastam indícios. Provas, pelo sistema brasileiro, assim como pelo norte-americano, de onde herdamos o instituto do impedimento, são produzidas, se tiverem de sê-lo, no curso do processo, que contém a possibilidade de oferta do contraditório. O que os pedidos — 61 pedidos até agora, vindos de entidades que vão da OAB a igrejas cristãs, além de, naturalmente, partidos oposicionistas — querem é que se investigue. O que você e os bolsonaristas querem é que se varra para debaixo do tapete. Que estranha divindade a sua, que parece temer a procura da verdade… O que há a esconder, Divino Ser?
      Não sendo Deus e, portanto, não sabendo tudo de imunologia — pois não sou médico ou cientista —, não achei “ridículo” o resultado obtido pela Coronavac. Aliás, eu nem sabia que essa categoria classificatória integrava a imunologia científica… O que sei, por diversas fontes, disponíveis nas grandes mídias, é que imunologistas são unânimes em dizer que o índice de eficácia é até superior ao de algumas vacinas do Programa Nacional de Imunização. Penso, por exemplo, em Gonçalo Vecina Neto, referência nacional no assunto e fundador da ANVISA, e em tantos outros que dão entrevistas às mídias que os comuns mortais, como eu, leem.
      As vacinas que você, Divindade Mística, disse estarem liberadas horas depois de terem sido entregues, apesar da resistência do presidente, são as que o Sr. Jair Bolsonaro disse não serem confiáveis, aquelas que ele recomendou, em um vídeo que os mortais viram pelas grandes mídias, assim como pelas redes sociais (destas, sobretudo do Whatsapp, acredito que você goste), que não fossem tomadas. Não foram sequer vacinas obtidas pelo Ministério da Saúde, que, como já foi divulgado em documentos oficiais veiculados pelas grandes mídias, admitiu ter retardado o processo de negociação de compra das vacinas. Eram vacinas requisitadas do lote encomendado pelo Estado de São Paulo, como as grandes mídias mostraram. Seu Mito, o Capitão Cloroquina, meteu, sim, os pés pelas mãos, e basta não fingir que não viu para efetivamente ver. Felizmente, ele será julgado, espero pela justiça dos homens, e não pela Divina Justiça que você, acobertador mor, vai apresentando de modo lastimável para uma divindade, ainda que seja uma divindade bolsonarista.

  6. anonimo disse:

    Que decepçao vereadora nao quero ve la nunca mais

  7. Meg disse:

    Sinto uma imensa vergonha por esses tipos de gente, negacionistas neoliberais bolsominions…eca! Nojo.

    1. Roberto Damasceno disse:

      Negacionistas Neoliberais bolsominions kkkkkkkkkk, esta briguinha política idiota, sem fundamentação alguma, gera este tipo de comentário sem o menor conhecimento do que se está dizendo. Apontam-se dedos para as pessoas apenas por ideais de rebanho, sem conhecimento de causa algum. São apenas extremistas de ambos os lados querendo aniquilar um ao outro. ECA! Nojo

  8. Leonardo disse:

    Parabéns vereadora pela iniciativa

  9. Anônimo disse:

    Adoroooo essa sutileza das opiniões. Com classe, deu o recado.
    Querer que o incompetente presidente sofra o impeachment é dar o recado para o maior descaso com a vida, das últimas décadas

  10. Tião disse:

    VERGONHA, VERGONHA, VERGONHA.
    Vá fiscalizar o Prefeito e Cuidar do Povo que precisa de SAÚDE, ESCOLA, COMIDA, TRABALHO, LEIS E DECRETOS PARA A CIDADE CRESCER.

    TOMAR VERGONHA, E VAI TRABALHAR SEM POLITICAGEM.
    VERGONHA, VERGONHA, VERGONHA.

  11. Anônimo disse:

    Melhor matéria que o folhetim produziu.
    Excelente análise.
    Força Lohanna! Estamos com você.

    1. Seledia aparecida Lopes disse:

      Juntos podemos mais , força lorrana…

  12. Bernard Cornwell disse:

    Votei em Bolsonaro em 2018 e hoje eu so quero dele é um impeachment! mais que comprovado que o unico compromisso desse incapaz é com a reeleiçao , e proteger os filhos marginais. E torço para que a justiça seja feita a respeito do descaso dessa caterva negacionista, perante a pandemia. Parabéns a vereadora, pela coragem.

  13. Ronaldo disse:

    Querendo aparecer mais que o Batman.

  14. Anônimo disse:

    A única coisa que não.consigo entender é a seguinte posição. Temos muitos problemas na nossa cidade. Temos um prefeitura que ainda não aprova nenhum projeto , temos empresas sérias querendo investir pesado na geração de empregos e renda e os problemas passados ainda estão aqui e não mudou nada.
    Temos novos políticos ué então preocupados com presidente , vacinas e populismo na internet e esquece da nossa situação.
    Este grupo gestor é a maior palhaçada , serve apenas para enganar e ajudar OS amigos, a cidade sempre teve muitas ofertas de emprego onde não são preenchidas porque não tem qualificação.
    Na minha humilde opinião devemos primeiro a
    Organizar a nossa casa por ordem na bagunça e.aproveitar o potencial da cidade . Está carreata com.o.outras no Brasil nao interessa em nada, pois temos problemas muito maiores.

  15. Geraldo Tomás disse:

    PARABÉNS, a mais votada Vereadora nesta legislação, em vez de ir na UPA, nos Postos de Saúde, na Prefeitura fiscalizar os ATOS do Prefeito e Secretários, para dar o VALOR que os VOTOS dos eleitores ti DEU.
    Fica arrumando aglomeração, bagunça no trânsito da cidade e pior barulho nos ouvidos do povo que descansa nos fins de semana.

    UMA VERGONHA QUE VOCÊ MOSTRA NA SUA PEQUENA CABECINHA QUE PENSOU QUE VIROU VEREADORA PODE TUDO, AINDA MAIS EM PLENA ONDA VERMELHA QUE A CIDADE PASSOU.

  16. Vinícius Soares Xavier disse:

    Excelente análise, professor Márcio! Equilibrado e embasado. São de olhares como esses que precisamos para ver a política sem “problemas de vista”. Gostaria de me achegar mais ao senhor para conversarmos sobre esse e outros assuntos. Sempre bom ter por perto pessoas inteligentes e proativas. Parabéns!

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