ESPECIAL SOBRE DILMA ROUSSEFF: A primeira mulher eleita Presidente da República do Brasil

Publicado por: suporte

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Pesquisas
 
Já no sábado todos os institutos apontavam a vitória de Dilma, como já dito e repetido à exaustão, políticos acreditam somente no que lhes interessa acreditar. A cúpula do PSDB, com a esperança de motivar a militância, fingiu que ignorava os números das pesquisas, tentando a velha e antiga estratégia do “vira-virou” que desta vez não funcionou.
 
O resultado final da eleição
 
Eleitorado total = 135.804.433 (milhões)
 
Abstenções = 29.197.152 (21,50%)
 
Brancos = 2.452.597 (2,30%)
 
Nulos: 4.689.428 (4,40%)
 
Comparecimento nas urnas = 106.606.214 (78,50%) – votos válidos
 
Dilma Rousseff (PT) com 55.752.529 (56,05%)
 
José Serra (PSDB) com 43.711.388 (43,95%)
  
Família de Dilma
Petar Roussev, pai de Dilma, nasceu na Bulgária. No final dos anos 20, abandonou sua família e deixou o país. Nas últimas semanas, parentes de Dilma se proliferaram pelo no país, enquanto a imprensa búlgara e o próprio governo local tentam criar um mito em torno dos Roussevs. Muitos desses parentes sequer sabiam que tinham uma prima no Brasil. Nenhum deles jamais conheceu Dilma.

“Estamos sem palavras para descrever o que sentimos. A presidente do Brasil tem sangue búlgaro”, afirmou Ralitsa Negetsoeva, que ficou acordada até ter certeza de que sua prima, Dilma, era a nova presidente do Brasil. Ralitsa é prima de segundo grau de Dilma e membro da Comissão Eleitoral na Bulgária. “Agora Dilma terá de vir ao país de origem de sua família”, cobrou.

“Esse é um dia histórico para a família”, insistiu Toshka Kovacheva, casada com um primo direto de Dilma, já morto. Sua filha, Vesela, estava emocionada com a vitória. Mas não escondia o desconforto diante do uso político da vitória de Dilma no Brasil. Ela admitiu que apenas soube da existência de Dilma em 2005. “Nunca fui tão fotografada e entrevistada na minha vida”, disse. “Obviamente que estamos muito contentes. Mas não queria que ficássemos conhecidos desta maneira. Não queremos aparentar que estamos usando a ocasião no Brasil para nos promover”, disse.

Mas a vitória de Dilma se transformou em uma espécie de válvula de escape para os búlgaros, que vivem uma crise social, política e econômica profunda. A imprensa do país do leste europeu acompanhou hoje os resultados da eleição no Brasil como se fosse um assunto local. Entre a população, muitos organizaram jantares em horários avançados para poder acompanhar pela televisão a vitória de Dilma.

 
Nascimento

O pai de Dilma, Pedro Rousseff, advogado e empreendedor búlgaro naturalizado brasileiro, em uma viagem a Uberaba conheceu Dilma Jane Silva, moça fluminense de Nova Friburgo, professora de vinte anos, criada no interior de Minas Gerais, onde seus pais eram pecuaristas. Casaram-se e fixaram residência em Belo Horizonte, onde tiveram três filhos: Igor, Dilma Vana e Zana Lúcia (morta em 1976)

Adolescência e Militância estudantil

Durante a juventude, logo após o Golpe Militar de 1964. Iniciando na militância, integrou organizações que defendiam a luta armada contra o regime militar, como o Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares)[. Passou quase três anos presa entre 1970 e 1972, primeiramente na Oban (onde passou por sessões de tortura) e depois no DOPS.

O Jornal Estado de Minas, em matéria de Amanda Almeida e Flávia Ayer, faz o seguinte relato sobre a adolescência da Presidente Dilma Rousseff
 
O endereço da infância e da adolescência era a Rua Major Lopes, no Bairro São Pedro, na Zona Sul de BH. Ali estava uma das bibliotecas mais cobiçadas da cidade, com volumes vetados aos olhos da tradicional família mineira. “A casa dela era diferente, pela cultura do pai e boa recepção da mãe. A Dilma tinha mais autonomia e, nós, mais liberdade naquele ambiente”, afirma a consultora Sônia Lacerda, de 62, garantindo que a futura presidente ainda é uma das melhores pessoas para indicar livros.

As obras proibidas saíam da Major Lopes direto para as mãos das meninas ricas do Colégio Sion, dirigido por freiras francesas. Madre Malvita, uma das professoras, em nome da “consciência cristã”, levava as garotas para trabalho assistencial no Morro do Papagaio, aglomerado a poucos quarteirões da escola. Tanto Sônia quanto a educadora Maria Clotilde Quintela, de 62, da mesma panelinha, têm o sentimento de que ali nascia o primeiro traço de uma presidente. “A gente tinha naquela época um nível de consciência política pequeno. Mas ali começou nossa preocupação com o lado social”, diz Clô. Sônia completa: “Encarar a pobreza não é fácil”.

Com o compromisso dominical, as meninas experimentavam as doces aventuras da adolescência. Para passear no trólebus, valia até matar aulas. O posto de gasolina perto da casa de Dilma abrigou experiências “transgressoras”, como os primeiros goles de cerveja, aos 15 ou 16 anos. Em meio aos estudos de matemática, comandados por Dilma, havia espaço para fofocar sobre os paqueras e as horas dançantes. “Foi ela quem me apresentou meu primeiro namorado”, confessa Clô. Mas, nessa conversa de menina, a firmeza da mulher forte e decidida, como definem as amigas, também se destacava. “Dilma era uma debatedora. Sempre havia uma rodinha em volta dela. Discutíamos livros, cinema, valores. Ela tinha um nível crítico maior do que o normal naquela idade”, lembra Sônia.

TURBULÊNCIA DOSanos 60 Essa bagagem determinou a entrada de Dilma na turbulenta década de 1960. No ano do golpe militar, em 1964, Dilma chegou ao agitado Colégio Estadual Central, foco da efervescência política entre estudantes secundaristas. A futura presidente não teve dúvidas: era preciso lutar por liberdade. “Em um mural ela condenou a guerra do Vietnã. Ia a todas as atividades culturais e entrou, nessa época, na Política Operária (Polop)”, lembra o editor Marco Antônio Azevedo Meyer, de 67, que se vangloria especialmente de um feito. “A Dilma me elegeu presidente”, diz, referindo-se ao período entre 1966 e 1968, quando esteve à frente do Diretório Estudantil do Estadual Central.

Líder entre os secundaristas

“Em vez de ser hippie e usar drogas, a gente partiu para a luta armada.” As lembranças do ambientalista Apolo Heringer Lisboa, de 67 anos, companheiro da futura presidente do Brasil no Comando de Libertação Nacional (Colina), trazem à tona uma Dilma Rousseff líder entre os secundaristas no combate à ditadura militar. Mas a memória não coloca a jovem, ainda moradora de Belo Horizonte, entre aqueles que pegaram em armas e estiveram à frente de assaltos a bancos e sequestros de embaixadores. “Ela participava da formação política do movimento. Tinha funções internas, de dar cursos. Não fazia sentido pôr uma moça secundarista com fuzil na mão.”
Dilma optou por militar pela Colina, depois da Polop, em que havia ingressado no Colégio Estadual Central, se dividir entre os que defendiam a Assembleia Constituinte e a luta armada. Seu envolvimento com o combate à ditadura cresceu na mesma proporção que o endurecimento do regime. Em 1968, Apolo comandava o Colina. “Ainda na Polop, dei alguns cursos de marxismo para a Dilma. Ela era uma menina charmosa e inteligente. Acho que era míope. Os óculos a deixavam com um ar de intelectual”, lembra Apolo.

Pouco depois, Dilma entrou na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e conheceu Cláudio Galeno Linhares, de 24 anos, que também militava no Colina. Os dois se casaram em 1967 e se mudaram para um apartamento na Avenida João Pinheiro, no Centro da capital. O local era ponto de encontro de militantes. “A repressão nos alcançou em janeiro de 1969. Ela, inclusive, teve que fugir”, conta Jorge Nahas, atualmente secretário de Políticas Sociais da Prefeitura de BH e integrante do Colina.

PERSEGUIÇÃO Na vida clandestina, o nome da futura presidente entrou no rol dos procurados pelos militares, que a conheciam sob o codinome “Stella”. Depois da edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, casas de familiares de Galeno e Dilma foram invadidas pelos militares. A situação piorou com a divulgação de uma foto de Galeno pela cidade. Não dava mais para ficar em Belo Horizonte.

 

Primeiros passos na política

Com o fim do bipartidarismo, participou junto com Carlos Araújo dos esforços de Leonel Brizola para a recriação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Após a perda da sigla para o grupo de Ivete Vargas, participou da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Araújo foi eleito deputado estadual em 1982, 1986 e 1990. Foi também duas vezes candidato a prefeito de Porto Alegre, perdendo para os petistas Olívio Dutra, em 1988, e Tarso Genro, em 1992. Dilma conseguiu seu segundo emprego na primeira metade dos anos 1980 como assessora da bancada do PDT na assembleia legislativa do Rio Grande do Sul.
Secretária Municipal da Fazenda

Araújo e Dilma dedicaram-se com afinco na campanha de Alceu Collares à prefeitura de Porto Alegre, em 1985, sendo que em sua casa foi preparada grande parte da campanha e do programa de governo. Eleito prefeito, Collares a nomeou titular da Secretaria Municipal da Fazenda, seu primeiro cargo executivo. Collares reconhece a influência de Araújo na indicação, mas ressalta que também contribuiu a competência de Dilma.

Na campanha do pedetista Aldo Pinto para o governo do estado em 1986, Dilma foi uma grande assessora. O candidato a vice na chapa era Nelson Marchezan, um dos mais destacados civis apoiadores da ditadura militar. Ainda que tenham sido amplamente derrotados pelo candidato do PMDB, Pedro Simon, vinte anos depois Dilma ainda justifica a polêmica aliança: “Marchezan foi líder da ditadura, mas nunca foi um ‘enragé’. A ala Marchezan era a ala da pequena propriedade radicalizada. E ele era um cara ético.”[39]

Dilma permaneceu à frente da Secretaria da Fazenda até 1988, quando se afastou para se dedicar à campanha de Araújo à prefeitura de Porto Alegre. Foi substituída por Políbio Braga, que conta que Dilma tentara convencê-lo a não assumir o cargo, aconselhando-o: “Não assume não, que isso pode manchar a tua biografia. Eu não consigo controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a minha.” Enquanto Collares lembra da gestão de Dilma como exemplo de competência e transparência, Políbio Braga discorda, lembrando que “ela não deixou sequer um relatório, e a secretaria era um caos.”

A derrota de Araújo na candidatura a prefeito alijou o PDT dos cargos executivos. Em 1989, contudo, Dilma foi nomeada diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre, mas acabou demitida do cargo pelo presidente da casa, vereador Valdir Fraga, porque chegava tarde ao trabalho. Conforme Fraga, “eu a exonerei porque houve um problema com o relógio de ponto.”

O inicio de Dilma no governo Lula

Foi grande a surpresa quando Lula, eleito, escolheu Dilma para titular da pasta. Segundo declarou: “Já próximo de 2002, aparece por lá uma companheira com um computadorzinho na mão. Começamos a discutir e percebi que ela tinha um diferencial dos demais que estavam ali porque ela vinha com a praticidade do exercício da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Aí eu fiquei pensando: acho que já encontrei a minha ministra aqui.”

Teria pesado muito a simpatia que Antonio Palocci nutria por Dilma, reconhecendo que teria trânsito muito mais fácil junto ao setor privado do que Pinguelli, além de ter apoiado a Carta aos Brasileiros, concordando com as mudanças no partido. Olívio Dutra diz que também foi consultado e elogiou os méritos técnicos de sua secretária de Minas e Energia. “Posso ter pesado um pouco na balança naquele momento, mas, da transição para frente, o mérito é todo da Dilma.” Já ministra, aproximou-se muito de José Dirceu, então chefe da Casa Civil.

Sua gestão no ministério foi marcada pelo respeito aos contratos da gestão anterior, pelos esforços em evitar um novo apagão e pela implantação de um modelo elétrico menos concentrado nas mãos do Estado, diferentemente do que queriam Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer. Quanto ao mercado livre de energia, Dilma não só o manteve como o ampliou. José Luiz Alquéres, presidente da Light, elogia o modelo implantado por Dilma, que está ajudando o segmento, criticando apenas a demora, que na sua visão é culpa da máquina governamental.[39] Convicta de que investimentos urgentes em geração de energia elétrica deveriam ser feitos para que o país não sofresse um apagão já em 2009, Dilma travou sério embate com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que defendia o embargo a várias obras, preocupada com o desequilíbrio ecológico que poderiam causar. José Dirceu, à época ministro-chefe da Casa Civil, teve que criar uma equipe de mediadores entre as ministras para tentar resolver as disputas.

Amigo de Lula, Pinguelli foi nomeado presidente da Eletrobrás e protagonizou grandes divergências com a ministra, chegando a colocar o cargo à disposição. Ironizava as oscilações de humor de Dilma: “Essa moça formata o disquete a cada semana.” Pinguelli por fim deixou o governo. Mauricio Tolmasquim, que na equipe de transição tinha uma visão do setor mais próxima a de Dilma, foi convidado por ela para ser o secretário-executivo do ministério. Declarou que à medida que foram se conhecendo melhor, Dilma passou a gritar de vez em quando com ele: “É o jeito dela. Não é pessoal. E em cinco minutos fica tudo bem.” Ildo Sauer também se desentendeu com a ministra, que rechaçara suas ideias sobre um modelo estatizante. Tendo assumido a direção de gás e energia da Petrobras, divergiu, assim como o presidente da empresa, Sergio Gabrielli, várias vezes da ministra, sendo necessário até mesmo a intervenção de Lula. Sauer deixou a empresa em 2007. Outro que teve desentendimentos com a ministra sobre questões de energia foi o ex-deputado federal Luciano Zica. Para ele, “a Dilma é a pessoa mais democrática do mundo, desde que se concorde 100% com ela.”

Ao assumir o ministério, Dilma defendeu uma nova política industrial para o governo, fazendo com que as compras de plataformas pela PETROBRAS tivessem um conteúdo nacional mínimo, que poderiam gerar 30 mil novos empregos no país. Argumentou que não era possível que uma obra de 1 bilhão de reais não fosse feita no Brasil.

As licitações para as plataformas P-51 e P-52 foram, então, as primeiras no país a exigirem um conteúdo nacional mínimo.Houve críticas à exigência, sob o fundamento de que isso aumentaria os custos da Petrobrás.,mas Dilma defendeu a capacidade do país de produzir navios e plataformas, afirmando que a nacionalização, que variava entre 15 e 18% passou a ser de mais de 60%.

Lula reconheceu que, visto apenas sob a ótica da empresa, o custo foi maior, mas não se deveria mirar apenas o custo imediato, mas o fortalecimento da ciência e tecnologia nacionais.[49] Em 2008, a indústria naval passou a empregar 40 mil pessoas, em comparação às 500 pessoas empregadas em meados da década de 1990, fato que seria decorrente da exigência de nacionalização, levando a indústria naval à condição de sexta maior do mundo em 2009.

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