Já no primeiro dia do ano de 2024, famílias de duas cidades foram abaladas pela trágica morte de quatro jovens mineiros, Gustavo Pereira Silveira Elias (24 anos), Karla Aparecida dos Santos (19) e Nicolas Oliveira Kovaleski (16), da cidade Paracatu, e Tiago Ribeiro de Lima (21), que tiveram seus corpos encontrados dentro de um automóvel BMW, em Balneário Camburiú. Quando as equipes de resgates os encontraram eles já estavam em parada cardiorrespiratória.
A Polícia Civil de Santa Catarina trabalha, inicialmente, com a hipótese de intoxicação por monóxido de carbono. No entanto, ainda segue com outras linhas de investigações e aguarda laudos toxicológicos.
Familiares das vítimas levantaram suspeita de que as mortes teriam relação com intoxicação alimentar por um lanche consumido pelo grupo. Ainda que os agentes não descartem a possibilidade, não veem força na tese, já que outras pessoas ingeriram o mesmo alimento e não vieram a óbito, embora tenham passado mal.
“O importante é que não há sinais de violências nas vítimas. Necessariamente, houve uma intoxicação, só que [a polícia] deve apurar qual foi a causa. Por isso, é essencial o laudo toxicológico”, afirmou o delegado Bruno Effori.
Cronologia dos fatos
O grupo teria comemorado a virada de ano em uma praia de Balneário Camboriú (SC). A caminho de Florianópolis, onde moravam e iam buscar a namorada de Gustavo Pereira na rodoviária, pararam para lanchar. Antes de chegarem ao destino final, começaram a passar mal.
A namorada de Pereira, que não teve o nome revelado, relatou que ao encontrá-los, por volta das 3h15, todos reclamaram que estavam enjoados e meio tontos. Diante do mal estar, resolveram permanecer no carro para descansar, com o ar condicionado ligado.
Em depoimento, a jovem disse que preferiu permanecer fora do veículo, mas afirmou que chegou a ir ao carro cerca de três vezes para checar se estava tudo bem. Por volta das 7h, percebeu que o namorado estava desacordado e com sangramento na boca.
As vítimas foram retiradas do veículo pelos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e receberam os primeiros socorros na calçada do terminal rodoviário. Uma equipe do Corpo de Bombeiros também foi acionada para dar apoio. Após 40 minutos de procedimentos avançados e nenhuma resposta, a equipe médica do Samu decretou o óbito do grupo.
Investigação
Ao delegado Effori, a família de uma das vítimas disse que o veículo havia passado por uma customização recente no sistema de escapamento do carro, e polícia busca saber se o fato tem relação com o vazamento.
Em análise prévia realizada no carro, a perícia constatou uma perfuração no escapamento, reforçando a possibilidade de um vazamento de monóxido de carbono. A entrada de gás pelo ar-condicionado teria provocado a intoxicação dos jovens.
A Polícia Civil também solicitou as imagens do circuito interno da Rodoviária de Balneário Camboriú para tentar esclarecer o ocorrido.
De acordo com o portal NSC Total, Nicolas Kovaleski, de 16 anos, chegou a pedir socorro ao serviço de emergência do Samu, mas o caso não teria sido considerado emergencial pelos socorristas. O adolescente foi orientado a procurar um hospital da região.
O delegado Bruno Effori informou que o detalhe também será apurado. A Polícia enviou um ofício ao Samu para solicitar informações sobre o suposto atendimento por telefone. Os celulares dos quatro jovens foram recolhidos e encaminhados para perícia.
Quem eram as vítimas
Gustavo, Karla e Nicolas eram de Paracatu e Tiago era natural de Patos de Minas, municípios de Minas Gerais. O grupo se mudou para Florianópolis, capital de Santa Catarina, há cerca de um mês.
A Prefeitura de Paracatu decretou luto oficial de um dia em decorrência das mortes dos jovens.
