ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS: Ex-ministro do GSI diz que houve ‘apagão’ no 8/1 e que não sabia de nível de risco

Publicado por: Redação

O general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse em depoimento à Polícia Federal que houve um “apagão” geral do sistema de inteligência na crise de 8 de janeiro. Ele também disse não saber informar qual era a classificação de risco dada pelas autoridades para o dia dos ataques – “Que indagado se o declarante entende se houve apagão da inteligência, respondeu que acredita que houve um ‘apagão’ geral do sistema pela falta de informações para tomada de decisões”, diz o depoimento dado pelo ex-ministro nesta sexta-feira (21). A declaração do general foi obtida pelo Jornal  Folha. 

Gonçalves Dias foi a primeira baixa do primeiro escalão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele deixou o cargo três meses e 19 dias depois do início do mandato.

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GDias, como é conhecido, pediu demissão na quarta-feira (19) após a CNN Brasil divulgar imagens do circuito interno de segurança no Palácio do Planalto. Nelas, é possível ver integrantes do GSI auxiliando os invasores, sendo que um dos agentes chegou a fornecer água para as pessoas que circulavam e participavam da depredação.

Sobre sua presença no terceiro andar do Planalto, o ex-ministro disse no depoimento que realizava no momento “gerenciamento de crise”; e que não tinha como deter sozinho o grupo de invasores.

“[Dias respondeu:] QUE indagado porque no 3° e 4° piso conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2° piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo; QUE o declarante não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão das 3 pessoas ou mais que encontrou no 3° e 4° andar, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado”, mostra o depoimento obtido pela Folha.

Questionado sobre o militar que deu água aos invasores, GDias disse na oitiva que não estava no local quando isso ocorreu. Mas que, se tivesse presenciado a cena, teria prendido o agente que auxiliou os invasores.

O general declarou ainda que não deu ordem para que os invasores fossem retirados do Planalto. Dias afirmou que determinou a subordinados que os golpistas fossem presos depois de encaminhados ao segundo andar do edifício.

Gonçalves Dias chegou à sede da PF, em Brasília, às 9h desta sexta. Deixou o local por volta de 13h30, sem dar declarações à imprensa. Ele foi ouvido no âmbito do inquérito que investiga o ataque às sedes dos três Poderes.

Depois, divulgou uma nota na qual disse que seu comparecimento é uma “oportunidade de esclarecer os fatos” e que não tem qualquer responsabilidade pelo ocorrido em 8 de janeiro.

“O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa. Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro”, disse o general na nota.

No depoimento à PF, Gonçalves Dias foi questionado sobre as informações que as autoridades dispunham nos dias que antecederam o 8 de janeiro e qual era o nível de risco avaliado para a ocasião.

Ele afirmou que antes do dia dos ataques “não teve conhecimento” de qualquer documento produzido pelo subordinado responsável que indicava “risco laranja” para a ocasião. Ele disse ter tido acesso a essa informação posteriormente.

[Dias respondeu:] QUE não tem informações decoradas sobre como a segurança do Palácio do Planalto deve ser empregada no cenário de risco laranja, mas estas devem estar no Plano Escudo; QUE não sabe dizer qual a classificação de risco para o evento de 08 de Janeiro e se seria de normalidade; QUE o responsável pela classificação de risco do evento seria o Gen. FEITOSA; QUE não sabe em que dados o GSI se baseou para classificar o risco do evento”, disse o general, segundo o depoimento.

A divulgação dos vídeos do circuito interno do Planalto tornou a situação de Gonçalves Dias insustentável, de acordo com aliados de Lula.

Pessoas próximas ao petista dizem que o presidente ficou bastante irritado, pois havia pedido reiteradas vezes ao general, sem sucesso, acesso às imagens do sistema de câmeras de segurança do Planalto. Ouviu que não seria possível e, de acordo com um interlocutor do petista, até que uma das câmeras estaria quebrada.

No depoimento, Dias negou que tenha atuado para reter as imagens.

“[Dias respondeu:] QUE todas as filmagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de Janeiro foram fornecidas integralmente às instituições do Estado, sem omissão de possíveis filmagens.”

Os vídeos que mostram os agentes do GSI auxiliando os golpistas e a demissão do general complicaram a situação do governo no Congresso Nacional. Até o momento, governistas vinham atuando para barrar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os atos de 8 de janeiro.

Aliados do Planalto argumentavam que a Polícia Federal e o STF (Supremo Tribunal Federal) já estão investigando o episódio. Além do mais, existia o receio de que a oposição usaria uma CPI para desgastar o governo.

Agora, a base governista se viu obrigada a apoiar a CPI e articula indicar aliados para os postos de comando do colegiado.

 

Fonte: FOLHA

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