Por Vítor Costa: O autoabuso LGBTQIAP+ no apoio a políticos de direita

Publicado por: Redação

Desde o início do mandato dos irmãos políticos, Deputado Cleitinho, Prefeito Gleidson e Vereador Eduardo Azevedo; percebi a existência de alguns membros da comunidade LGBTQIAP+ que simpatizam e até defendem os três. Não se trata de muitos, mas é o suficiente para analisar o cenário municipal. Este fenômeno também aconteceu durante as últimas eleições presidenciais. Segundo o Instituto Datafolha: 29% do público LGBTQIAP+ declarou apoio ao, então candidato, Jair Bolsonaro. A direita conservadora, a qual estes políticos fazem parte, é caracterizada historicamente por ser homofóbica, racista, misógina, violenta e ditatorial. Assim como uma ovelha defende um lobo, os LGBTQIAP+ que apoiam estes políticos são simplesmente um de seus alvos.

O termo autoabuso corresponde comportamento do indivíduo de praticar hábitos destrutivos, que sabotam a sua própria natureza.  É possivelmente relacionado a pessoas com personalidades frágeis, dependentes, baixa autoestima, falta de amor próprio e desequilíbrio emocional. Defino como autoabuso político, eleitores que de fato correspondem a alguma minoria representativa (negros, LGBTQIAP+, mulheres, indígenas, deficientes), mas defendem candidaturas que além de não os representar, ainda possuem discursos contrários à classe, etnia, religião e/ou sexualidade deste mesmo eleitor. Podemos relacionar este comportamento a eleitores que não possuem conhecimento do espectro político, da ideologia partidária de seu candidato, do funcionamento do processo eleitoral brasileiro, ou até mesmo tenham uma percepção de si mesmo alterada, desejo de ser aceito, não se reconhecem no papel de minoria e/ ou contestam o papel de vítima a eles atribuído. Especialmente quero abordar a minoria representativa LGBTQIAP+ ao qual faço parte.

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É empobrecedor definir seu apoio a um candidato baseado somente em vídeos, gritos, chutes ou sobrenome. O eleitor deve extrapolar a identificação com a figura pessoal do político e analisar profundamente a ideologia partidária do seu candidato, pois, é ela que direcionará o seu representante em votações, projetos e prioridades de governo.

Alguns casos em Divinópolis:

O Deputado Cleitinho e seu irmão e vereador Eduardo Azevedo, receberam o ex-jogador Maurício Souza para uma conversa. Mauricio recentemente se envolveu em polêmicas e foi demitido do Minas Tênis Clube após realizar um comentário homofóbico nas redes sociais. Depois do ocorrido, Mauricio foi abraçado pela direita, ganhou milhares de seguidores e na casa de Cleitinho o anfitrião teceu elogios ao jogador, disse que o discurso homofóbico de Mauricio foi em “defesa da família”. Outro caso recente envolvendo o Deputado Estadual Cleitinho Azevedo, foi quando ele voltou atrás em sua votação favorável a um projeto de lei que autorizava multar empresas que praticassem atos discriminatórios a orientação sexual. Cleitinho não resistiu aos ataques de seus eleitores reacionários, eles alegavam que o projeto fazia parte da “ideologia de gênero”, tal movimento fez com que o Deputado protagonizasse uma mobilização vergonhosa nas redes sociais, para que o governador Romeu Zema vetasse o projeto.

Durante uma entrevista que o Prefeito Gleidson e seu irmão e vereador concederam ao Gatilho Podcast. Ambos foram questionados por um cidadão, sobre quais providencias tomariam para coibir as travestis que se prostituem na Rua Goiás. O prefeito respondeu que a solução seria os clientes pararem de ir lá, se não tiverem clientes às mulheres trans não trabalhariam. Tal resposta revela o descaso da gestão no tratamento desta minoria. Sabemos da falta de oportunidade que pessoas trans e travestis encontram no mercado de trabalho formal, fruto do preconceito e da falta de qualificação profissional oriunda da exclusão familiar, social e escolar. O mínimo que se espera do gestor de uma cidade, é que ele soubesse que as meninas não estão lá porque querem. Estas atitudes refletem diretamente na cultura organizacional da prefeitura que não reprime os crimes contra a comunidade LGBTQIAP+. Recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores Municipais divulgou que uma servidora pública do município, que é uma mulher trans, foi vítima de transfobia dentro da repartição municipal. A prefeitura simplesmente emitiu uma nota, mas não tomou providencias quanto à servidora que realizou as ofensas, que é nomeada em cargo comissionado.

O vereador Eduardo Azevedo sempre polemiza contra a comunidade para sua autopromoção. Ele criou um projeto de lei que trata da proibição da linguagem neutra nas escolas públicas municipais, mesmo sendo inconstitucional o projeto foi aprovado.  Existia linguagem neutra sendo aplicada nas escolas de Divinópolis? Não. A comunidade gay tinha/tem algum projeto secreto para implantação de linguagem neutra nas escolas? Não. Eduardo segue sendo o maior divulgador da linguagem neutra na cidade. Antes de ele polemizar, muita gente nem sabia do que se tratava. Sinceramente, o projeto em si não interfere em nada nas nossas causas, o problema é o contexto que ele é colocado. Baseado em uma narrativa de “ideologia de gênero” e “ditadura gay” que incita o ódio dos conservadores e estabelece um clima de pânico aos pais desinformados.

É um direito colocar seus direitos em risco:

A extrema direita, historicamente sempre esteve associada ao militarismo, supremacia racial, conservadorismo, homofobia e totalitarismo antidemocrático. No campo da direita, os direitos da comunidade LGBTQIAP+ não são levados em consideração, porém, a direita deseja que tenham LGBTQIAP+ em sua composição, para que estes se posicionem favoravelmente, que desmintam qualquer acusação de homofobia ou outro crime, funcionando como uma espécie de escudo. Por isso encontramos vários secretários gays e assessores trans, que pelo salário, prestam o papel servil de compor um governo que na prática os persegue.

É importante pontuar que vivemos em uma democracia. Sou defensor da liberdade individual e coletiva. Considero democrática a decisão algum LGBTQIAP+ em apoiar candidatos de extrema direita. Reitero que todos devemos ter o direito de manifestar opinião no que acreditamos, pois, a riqueza da democracia vem da pluralidade de opiniões. Entretanto, considero tal decisão como autoabuso, pois, ela não agrega no avanço das nossas pautas e ainda fortalece as narrativas de governantes que atacam nossos direitos. A direita trabalha para que nós LGBTQIAP+ não tenhamos direitos.

 

 

Vitor é um divinopolitano de 23 anos, tem formação técnica e bacharelado em Administração de Empresas, MBA em marketing político e comunicação eleitoral, estudante de história na UEMG e Secretário Municipal LGBTQIA+ do Partido dos Trabalhadores.

 

 

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comentários

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  1. Anônimo disse:

    Só gostaria que o colunista desse exemplos de ditadura, misogenia, homofobia do governo atual.

  2. Rafael Matos disse:

    O grande problemas no Brasil hoje é o mimimi, se um sujeito briga no futebol com um homossexual cai o mundo, é homofobia! Se bate seu carro em um carro onde dentro a uma trans, para tudo, é transfobia! Se demite uma pessoa negra, chama a polícia é racismo! Se um LGBTQIA+ apoia um candidato da direita é um traidor da causa. Puts….daqui a pouco quando a polícia prender um ladrão a mídia esquerdista vai sair chamando o policial de ladrocismo!

    *Espero que publiquem meu comentário!

  3. Andrelino disse:

    Nunca vi tanta asneira junta. Só podia partir de um petista. Precisa estudar mais antes de ficar inventando neologismos que denigrem as minorias. Quer dizer então que toda minoria comete “autoabuso”? Ainda perdi meu tempo lendo este lixo. Alô divinews, assim não dá.

  4. Neide disse:

    Perfeita análise.
    Parabéns!

  5. 171 disse:

    Engraçado o maior genocida, totalitário, que quase dominou o mundo na segunda guerra, que queria a supremacia racial e era contra os judeus, homofóbico e outras coisas a mais não era e nunca foi um extremista militarista de direita.
    O Hitler não era de direita e nem de esquerda, seria a terceira via tão falada no Brasil.
    Isso segunda a BBC, ou eles também seriam de direita?
    Tá precisando estudar mais Historia, de preferencia sem partido ou vamos achar que este comentário é tendencioso.

  6. Carlos Roberto Alves disse:

    Infelizmente no Brasil qualquer idióta tem apoiadores. a maior prova disso, é esses imbecis/ idiotas/ incompetentes irmãos Azevedos conseguem alguns outros idiotas que os apoiam

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