Vereadora de Divinópolis, Lohanna França (CDN) vê indícios de corrupção na parceria entre o HSJD e a Associação do deputado Léo Motta (PSL) – vídeo

Publicado por: Redação

Por: Vinícius Xavier

Na tarde desta terça-feira (24/08), primeira a fazer o uso da palavra na plenária da Câmara de Divinópolis, a vereadora Lohanna França (CDN) predominantemente em sua fala discorreu sobre os indícios de corrupção no caso das vans equipadas com materiais odontológicos e que estavam abandonadas em Contagem. Veículos os quais pertencem ao Hospital São João de Deus (HSJD) em parceria com a Associação dos Diabéticos na região metropolitana de BH e estavam estacionados em um lote de posse do deputado federal Léo Motta (PSL-MG). O mesmo edil, que, em 1° de junho de 2021 esteve na cidade para cobrar do prefeito Gleidson Azevedo (PSC) a liberação de pagamentos das emendas, as quais o agente político deliberou para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD).

Continua depois da publicidade

“Queria falar sobre o assunto da vez, do dia, da hora, da semana. O suposto escândalo de corrupção no Hospital São João de Deus. Coloquei a palavra suposto, mas não posso tirar ‘escândalo de corrupção’ dessa frase.”, abriu o pronunciamento.

“Vamos retomar essa história e vamos entender o que está acontecendo. Primeiro tenho que reconhecer o esforço conjunto, tanto do vereador Eduardo Print Jr, presidente desta Casa, quanto do vereador Israel e pelo vereador Zé Braz, presidente da Comissão de Saúde que trabalha com muito afinco e que lidera a gente nessa fiscalização da saúde pra que a gente entenda o que está acontecendo no Hospital São João de Deus.”, ponderou a vereadora.

Na sequência, Lohanna frisa que não há intuito de perseguir o hospital ou pessoas específicas as quais trabalham na instituição. “Nenhum vereador que está aqui quer falar mal do Hospital São João de Deus. Ou quer criticar os profissionais do Hospital São João de Deus. Todo mundo que está aqui, já teve alguém amado salvo numa cama do Hospital São João de Deus, com certeza. Todo mundo que está aqui tem muito orgulho de falar que o Hospital São João de Deus é o hospital de referência da nossa cidade.”, frisou a parlamentar.

Na complementação, no entanto, a vereadora destaca os deveres políticos dos edis sobre a fiscalização do que é público. “Mas a gente não pode fechar os olhos para a nossa missão. Impostas pela Lei Orgânica. E pela Constituição do nosso país de fiscalizar o que acontece com dinheiro público. E há sim, indícios fortes de corrupção.”, destacou a agente.

Lohanna relembra o dia em que Léo Motta visitou Divinópolis e fez live para fiscalizar o prefeito

Lohanna então relembra a visita do parlamentar no dia de aniversário da cidade (01/06), para cobrar que Gleidson repassasse as verbas que o parlamentar liberou ao HSJD. “No dia 1° de junho, todo mundo deve se lembrar, que o deputado federal Léo Motta, num ato de fiscalização, veio a Divinópolis – E aí acho que ele se excedeu um pouco, mas cada parlamentar age da sua forma né. Os bolsonaristas costumam ser grosseiros por natureza (comenta), ele veio e foi extremamente grosseiro com o nosso prefeito, mas estava fiscalizando as suas emendas. O que é direito dele.  Ele queria saber porque esses valores que ele tinha mandado para Divinópolis, para o São João de Deus, não haviam sido liberados. Como parlamentar esse era o direito dele. Ele queria saber porque Divinópolis não tinha pago ao São João de Deus os que ele havia enviado.”, relembrou.

Vereadores defenderam que as emendas liberadas fossem pagas

A vereadora salientou que ela e outros vereadores na ocasião defenderam que o hospital precisava do recurso. “Pois bem, eu saí em defesa do hospital. Vários vereadores aqui saíram em defesa do hospital. Porque o hospital precisa de dinheiro. Todo mundo aqui sabe que o hospital precisa de dinheiro não é? Guarda essa informação, ela é importante.”, salientou.

Ocasião da compra das vans e condição dos veículos

Lohanna segue e detalha sobre a data da compra das vans e a condição dos veículos. “Aí, gente a gente tem três vans compradas em março de 2021 pelo Hospital São João de Deus com recurso próprio. Essas três vans, além de novinhas e muito boas, elas foram equipadas com consultórios odontológico. Todo mundo que tá aqui que tem um amigo ou sobrinho dentista, sabe o quanto é caro montar um consultório odontológico. Não é brincadeira não! Então além da van que é cara, elas foram equipadas com equipamentos bem caros.”, detalhou a edil.

Vans foram compradas um ano depois do início da pandemia e no auge das taxas de mortes e contaminação

A vereadora enfatiza que os veículos foram adquiridos em plena pandemia e questiona os critérios adotados pela direção da unidade hospitalar. “Essas três vans foram compradas em março de 2021. E eu acredito que nem a senhora Elis Regina, nem o senhor André, nem o senhor Célio, nem todos grandes nomes que estão a frente do São João de Deus, tinham a ingenuidade de que a pandemia acabaria em abril. Todo mundo sabia muito bem, e se eu não me engano março era Onda Roxa, a situação estava terrível. E não havia expectativa de melhora em curto prazo, especialmente porque a vacinação ainda engatinhando em março. Muito fruto dos erros do nosso Governo Federal, né. Agora a situação está melhor.”, enfatizou.

Previsão de atendimentos odontológico no Hospital São João de Deus levantou suspeitas

Segundo a parlamentar, uma parte do contrato lhe causou suspeitas e a fez indagar. O fato de pessoas que supostamente tratariam os dentes gratuitamente e depois buscariam o seguimento dos procedimentos numa instituição privada. “Essas vans foram compradas em março prevendo que durante um ano, o Hospital São João de Deus faria em parceria com uma associação de Contagem, atendimentos odontológicos gratuitos para a população. Alguém já ouviu falar de atendimento odontológico no São João de Deus? Eu nunca ouvi falar! Eu conheço o Hospital São João de Deus como referência em tantas áreas. Mas na odontologia não. E a desculpa do hospital é que as vans seriam usadas para captar clientes. Para trazer possíveis pacientes para cirurgias bucomaxilares. Acho que o vereador Zé Braz profissional da saúde pode me contar isso. Quem procura tratamento gratuito em associação tem dinheiro para fazer cirurgia em hospital privado?”, indagou a vereadora.

Versão da entrevista do deputado para rádio 98 e documento assinado apresenta contradição

Lohanna complementou a pergunta retórica. “Claro que não. Qualquer eventual paciente de uma cirurgia bucomaxilar que o São João captasse nesses atendimentos estaria na fila do SUS. Essas pessoas não tem condição de pagar cirurgias de 30, 40 mil reais não. A história não para de pé. E na entrevista em que o deputado deu a rádio 98, ele mentiu. Ele falou que o plano do São João de Deus era expandir os atendimentos na região em Minas Gerais. Mas o que consta no contrato é que a ideia era atender na região Oeste. E até onde eu saiba, Contagem não pertence a região Oeste não.”, complementou a vereadora.

O contrato segundo Lohanna foi entregue no gabinete dela após solicitação via Ofício. Ainda conforme a edil, o documento apresentava uma série de partes marcadas como sigilosas, ao que tudo indica, pela assessoria jurídica do Hospital São João de Deus. “Eles trouxeram para mim. Sem eu me comprometer com o sigilo e sem eles sequer me pedirem. Para escrever tanta narrativa eles devem ter se pedido na história.”, apontou a parlamentar.

Eduardo Print Júnior denunciou endereços usados como faixada para as entidades mostradas nas reportagens

Lohanna pondera que existem coisas esquisitas as quais foram reveladas tanto na Rádio 98 pelos jornalistas Lucas Ragazzi, Paulo Leite, Carol Torres e Pedro Henrique do Valle, quanto publicadas também no início desta tarde pelo presidente da Câmara de Divinópolis. “Hoje o vereador Eduardo Print Jr postou em uma de suas redes sociais, que o endereço na Receita Federal da associação são dois. Um funciona uma igreja e outro funciona um buteco.”, levantou. Lohanna prossegue. “ E quando a gente joga o endereço no Google Maps, o Google Maps mostra o endereço de uns anos atrás. É pior. Calma que piora! (Alerta a vereadora). Um dos endereços tem uma foto que mostra ‘Associação Projeto Motinha’. Na igreja evangélica tinha uma foto que mostra ‘Projeto Motinha. Porque esse era o projeto da família do Léo Motta. Percebam quantos indícios de coisa errada tem”, ponderou.

Repercussão das matérias fez com que o hospital agisse numa noite do fim de semana para não alarmar a mídia e aos políticos

A vereadora se intriga, o porquê se não havia nada de suspeito, porque o HSJD tomou iniciativa apenas depois das reportagens e num sábado em horário noturno. “O São João bate o pé e diz que não tem nada de errado. Ora. Se não tem nada de errado, porque que foi só uma matéria sair, que na calada de uma sábado a noite, o São João foi lá e buscou as vans? Perceba como essas relações são estranhas. O terreno onde elas estavam pertence ao Léo Motta. Quem abriu esse estacionamento num sábado a noite? Que trem mais esquisito! Que negócio esquisito. Quem que abriu? Foi o hospital?”, se intrigou a parlamentar.

Hospital faz assessoria comunicacional de tabela para o deputado Léo Motta

A edil complementa. “Pior. O hospital falou pro jornalista que se pronunciaria em nota conjunta com o deputado, após a entrevista dele para a rádio. Ora. O deputado fala pelo Hospital São João de Deus? Quando eu quiser fiscalizar algum recurso do SUS, eu vou enviar o meu Ofício é para o Léo Motta? O quê que é isso? O quê que é isso!”, questiona indignada, Lohanna.

“Ministério Público não é órgão autorizativo”, acrescenta Lohanna sobre não incumbir ao MP as possíveis medidas tomadas

A edil provoca e tece críticas a assessoria jurídica do Hospital São João de Deus, o qual aparentou ter usado brechas contratuais para burlar eventuais fiscalizações. “Quando a gente está falando desse assunto, o São João de Deus fala que o Ministério Público autorizou. As vezes, quando a gente está do outro lado. Quando vocês estão me assistindo enquanto população, nós vemos que algumas coisas não param de pé. O Ministério Público não é órgão autorizativo. O Ministério Público não autoriza ordenador de despesas. Secretário não pede ao Ministério Público para fazer compra. Diretor de hospital não pede autorização do Ministério Público. O Ministério Público acompanha os trabalhos. Quando há possível lesão dos benefícios do interesse público, ele intervém ou ele pode ser provocado via denúncia. O Ministério Público não é um órgão autorizativo, São João de Deus. E com o corpo jurídico que vocês tem, vocês deveriam saber disso. Ou talvez vocês saibam. E estão usando uma retórica de linguagem para distorcer a verdade e blindando vocês à boa fama do Ministério Público”, provocou a agente política.

Contrato entre hospital e entidade causou estranhamento e previa doação das vans em um ano após a compra dos veículos

Na finalização, a vereadora Lohanna revela algumas condições e termos do contrato assinado entre o Hospital São João de Deus e a Associação dos Diabéticos de Contagem. Segundo o documento acordado entre as partes, há uma cláusula que obriga ao HSJD doar as vans para a entidade depois de um ano da aquisição. “Eu quero saber. Por que na cláusula 6.5 desse contrato está escrito que as vans serão doadas a associação após um ano. Isso está escrito no contrato. Realizados ou não os atendimentos. Vans que já foram compradas na pandemia. E todo mundo do hospital sabia que não ia dar conta de atender tão cedo.”, revelou a edil.

A agente então na conclusão de seu pronunciamento levanta a suspeita do possível escândalo de corrupção. “Há indícios de corrupção. E aqui parece. E eu digo parece. Eu digo suposto. Eu não posso falar nada com certeza, porque as investigações sequer começaram. Mas o que parece é que o hospital comprou essas vans com recurso próprio. E que depois o deputado direcionou as emendas. E que parte desses recursos foi para pagar essas vans que depois vão ser embolsadas pelo deputado, para depois fazer sei lá o quê com dinheiro. Isso é o que parece.”, levantou Lohanna.

Entre no grupo do Whatsapp do Divinews e fique por dentro de tudo o que acontece em Divinópolis e região

comentários

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Estamos felizes por você ter escolhido deixar um comentário. Lembre-se de que os comentários são moderados de acordo com nossa política de privacidade.

  1. maria candida de aguiar disse:

    IMPRESSIONANTE O SILENCIO ‘DOS INOCENTES’.
    o hospital nao se pronuncia e nem a falante desgrimpante e no poder pleno elis regina.
    A população passando sufoco e o dinheiro fugindo pelo ralo.
    Com a palavra senhora elis regina agora eh hora da senhora falar

  2. Laura disse:

    Essa tal Elis Regina ninguém consegue ter acesso. Está sempre em reunião.

  3. Anônimo disse:

    Elis Regina e cia. Ltda. Pede para ir ao banheiro e ajunta as malas. Cadê o Ministério Público para se pronunciar a respeito desta fala do hospital que diz que ele autorizou a compra??? Vamos denunciar ao MPMG e a Procuradoria Geral da União, afinal foram recursos federais enviados.

  4. marilene valerio disse:

    Com a palavra a blindada elis regina.
    As mascaras ja cairam mas como ela eh blindada, segue o baile com dinheiro publico

Continua depois da publicidade