Em entrevista exclusiva ao Divinews, cientista de Divinópolis e doutoranda na USP fala da importância da aplicação da Pfizer em mais cidades

Publicado por: Redação

Atento a movimentação na corrida para aquisição de vacinas contra à Covid-19 no Brasil e em ampla cobertura jornalística desde o início da pandemia no país, em Minas e principalmente na cidade, o Divinews entrevistou esta semana a cientista divinopolitana, Gabriela Gonçalves Amaral.

Gabriela tem Bacharelado em Enfermagem pela Universidade de Itaúna, Mestrado em Ciências (Concentração em Enfermagem) pela Universidade Federal de São João Del-Rei e é Doutoranda em Ciências (Concentração em Enfermagem em Saúde Pública), pela EERP-USP.

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Atualmente integra o Grupo de Altos Estudos de Avaliação de processos e práticas da Atenção Primária à Saúde e Enfermagem (GAAPS) da EERP/USP, atuando com temáticas relacionadas a saúde coletiva e pública; atenção primária à saúde e imunização.

Ela concedeu detalhes técnicos a cerca da vacina Pfizer e da importância da chegada dela nas cidades do interior, como estratégia aliada a ampliação da cobertura vacinal contra à Covid. (Leia a entrevista na íntegra mais abaixo)

As informações são da Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) repassadas nesta quinta-feira (20), que foram publicadas pelo jornal O Tempo. Elas foram divulgadas há pouco na Reunião Ordinária da Câmara de Divinópolis pela vereadora Lohanna França (CDN) em seu pronunciamento. A solicitação da edil realizada ao secretário de Saúde de Divinópolis e o secretário de Saúde do Estado no dia 30 de abril, permitiu com que a cidade armazene as doses na Universidade Federal de São João Del Rey, no Campus Dona Lindu.

Conforme apurou o Divinews, as doses poderão ficar em cinco ultrafreezers alocados no campus, os quais podem guardar até 40.000 doses em cada uma das geladeiras especiais. Armazenamento esse que hipoteticamente pode cobrir quase toda a população por pelo menos uma dose, caso os antígenos venham nessa quantidade para Divinópolis.

Qual o percentual de eficiência da vacina Pfizer/BionTech?

A vacina da Pfizer/BioNTech, denominada COMIRNATY, apresenta uma eficácia geral de 95% para prevenir a doença COVID-19 causada pelo vírus SARS-CoV-2. Vale lembrar que, assim como acontece com qualquer vacina, o esquema de vacinação de duas doses da COMIRNATY pode não proteger totalmente todos os indivíduos vacinados. Além disso, o tempo de duração da proteção conferida pela vacina e a capacidade de prevenir a transmissão do vírus SARS-CoV-2 ainda são desconhecidos.

Qual as principais diferenças da vacina para as doses da CoronaVac/Instituto Butantan e da AstraZeneca/FioCruz?

A vacina COMIRNATY utiliza uma plataforma tecnológica de RNA mensageiro (mRNA) sintético, fazendo com que o nosso sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo) fabrique a proteína S do SARS-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as nossas células, e produza anticorpos que atuarão contra o vírus, possibilitando assim a proteção contra a doença COVID-19.

A vacina não contém o vírus propriamente dito nem qualquer outra informação, apenas uma parte sintética do material genético do vírus necessária à produção da proteína S. Assim, não é capaz de realizar qualquer outro comando dentro no nosso sistema imunológico, nem mesmo penetrar no núcleo de nossas células. Dessa forma, não consegue causar a COVID-19 ou qualquer alteração em nosso material genético.

Para a vacinação com a COMIRNATY é adotado um esquema de duas doses, com um intervalo de 21 a 28 dias entre elas. No Brasil, assim como outros países, o Ministério da Saúde adotou um intervalo de 12 semanas entre as doses, baseado na experiência bem-sucedida no Reino Unido. Vale lembrar que a orientação é não realizar a intercambialidade entre as distintas vacinas para COVID-19 já disponíveis, ou seja, o esquema vacinal deve ser continuado sempre com a mesma vacina.

Uma das diferenças entre a vacina COMIRNATY e as vacinas CoronaVac/Instituto Butantan e AstraZeneca/FioCruz é o volume da dose a ser administrada. Para as vacinas CoronaVac/Instituto Butantan e AstraZeneca/FioCruz o volume da dose é de 0,5 ml, já para a COMIRNATY a dose a ser administrada é equivalente a 0,3 ml. Quanto a via de administração, todas as três vacinas devem ser administradas via intramuscular. Outra principal diferença entre estas três vacinas é o modo de conservação da vacina COMIRNATY. Esta diferença se dá pela tecnologia utilizada em seu desenvolvimento (plataforma genética – RNA mensageiro), que utilizam nanopartículas lipídicas para envolver o RNA do vírus, exigindo temperaturas ultrafrias para seu armazenamento.

Preferencialmente os frascos fechados da vacina devem ser armazenados em congeladores com temperaturas entre -90º C a -60º C, por até 6 meses. Alternativamente, os frascos fechados podem ser armazenados em temperaturas entre -25 °C a -15°C, por um período único de até 2 semanas. Durante esta conservação, deve ser minimizado a exposição à luz ambiente; luz solar direta e à luz ultravioleta.

Uma vez descongelada, os frascos fechados da vacina podem ser armazenados por até 5 dias em temperaturas entre 2 °C e 8 °C (como todas as vacinas armazenadas nas salas de vacinação). Uma vez descongelada para uso, a vacina não deve ser congelada novamente.

Ao ser preparada para uso a vacina descongelada é reconstituída em solução de cloreto de sódio 9mg/mL (0,9%) e deve ser utilizada dentro de um período de 6 horas, além de ser conservada em temperaturas entre 2 °C e 8 °C. Todas as doses não utilizadas neste período de 6 horas deverão ser descartadas.

A adequada conservação das vacinas, não só da COMIRNATY, se dá por suas características termolábeis (sensíveis a oscilações de temperatura). Desta forma, devem ser armazenadas, transportadas, distribuídas e administradas de acordo com as temperaturas recomendadas, de forma a manter sua eficácia e potência, ou seja, sua capacidade de gerar resposta imune nos indivíduos vacinados.

Qual a importância do uso das vacinas Pfizer nas cidades do interior como medida para ampliar o plano de imunização?

É fundamental assegurar a ampliação e disponibilidade de vacinas contra a COVID-19 à população de forma oportuna, adequada, contínua e com qualidade, visando ampliar o número de pessoas vacinadas e, consequentemente, atingir uma alta cobertura vacinal. Contudo, um dos maiores desafios para os serviços de saúde que atuam na vacinação é assegurar as boas práticas de conservação das vacinas, como explicitado nas peculiaridades acerca das condições de armazenamento e temperaturas requeridas pela vacina COMIRNATY. Desta forma, se faz necessário e pertinente que os municípios avaliem suas condições para a requisição desta vacina, analisando suas capacidades para o adequado recebimento, armazenamento e administração, para que de fato seja ofertado à população uma vacina conservada adequadamente e com suas propriedades imunogênicas preservadas.

Contato e dúvidas

Gentilmente, a cientista Gabriela Amaral disponibilizou ao público leitor do Divinews seus contatos, para tirar dúvidas das pessoas a respeito das vacinas e da vacinação. Seu email é [email protected] e o Instagram é @gg.amaral

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