SAI A DEMOCRACIA. ENTRA A FILHOCRACIA

Confesso que foi muito triste assistir a despedida de Sérgio Moro do cargo de ministro. Acompanhei, desde o início, o trabalho desenvolvido por Moro na “Operação Lava Jato” e consegui respirar um pouco mais aliviado o ar da esperança pelo fim da corrupção no Brasil. Mas, nunca esqueci as palavras do demônio no livro “Advogado do Diabo”, quando ele disse ser a vaidade o seu pecado predileto.

Bolsonaro não demorou muito tempo para mostrar seu lado contaminado pela epidemia do poder a qualquer custo e agora amargará suas consequências. Ao relembrar sua posição como parlamentar, deputado por tantas gestões, sinto dizer que ele chegou muito longe para quem sempre esteve no “baixo clero” do Congresso Nacional e por esse motivo eu não poderia esperar algo melhor dele como presidente.

Assim como milhões de brasileiros, deixei de querer me aliar a opiniões de esquerdas ou direitas para dar uma chance ao que poderia ser um irreversível combate à longa doença da corrupção no país. Infelizmente, Moro mostrou que tudo está “como Dantes no quartel de Abrantes”. Mudaram se os discursos, e a estratégia foi buscar os inimigos comuns ao invés de aliados conscientes do momento político que vivemos.

O agora Ex-Ministro, pilar de um plano de governo empenhado na cura do flagelo da corrupção disse em seu pronunciamento o que muitos já sabiam, mas não queriam acreditar: nosso país está prestes a mudar seu regime de governo deixando de ser uma SOLIDA DEMOCRACIA, para se transformar numa “ESTUPIDA FIHOCRACIA” capitaneada por Huguinho, Zezinho e Luizinho, ou melhor: Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro.

No sentido figurativo da literatura infantil continuo como o “Pateta” da história. Não por acreditar em um presidente sem postura de governo sério. Mas por acreditar em “cantos da sereia”, que agora mostra seus ruídos mais pavorosos.

FLAVIO saiu da alça de mira da Polícia Federal e está no paredão de fuzilamento para ser alvejado seriamente em sua personalidade de homem público de caráter duvidoso. EDUARDO, com sua arrogância peculiar, ainda tem opiniões que encontramos nos mais abarrotados vasos sanitários e CARLOS, com o cargo de mero vereador, se imagina como algo maior do que pode ser.

Triste fim para a democracia, como a conhecemos. Imagino que nosso vice-presidente pode estar pensando em engraxar os sapatos, escovar um terno escolhido para ocasiões especiais, comprar uma nova gravata, aparar o cabelo, porque a caminhada na rampa do Palácio do Planalto é longa.

A esperança que resta é que Mourão não possui uma prole de “FILHOCRATAS” que venham se engajar no novo regime de governo que passamos a viver… Espero que por curto tempo.

 

Léo Junqueira

Publicitário, escritor, músico/compositor

pai, avô e romântico inveterado.