Manter o protagonismo de Minas Gerais no setor industrial elétrico e diversificar a economia do Estado é a justificativa do governo mineiro para investir R$ 112 milhões em um centro de pesquisa para equipamentos de ponta do setor elétrico e eletrônico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Itajubá, no Sul de Minas Gerais. “Nos 24 setores da indústria de transformação, em apenas sete Minas Gerais tem uma produção maior do que São Paulo. Para manter esse protagonismo, estamos fazendo esse investimento”, afirmou o presidente da Codemge – empresa criada com o desmembramento da Codemig –, Marco Antônio Castello Branco.
Ele assinou nessa segunda-feira (7) o contrato para a construção do prédio principal do centro de pesquisa, no valor de R$ 32 milhões, com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
Além da Codemge, a Cemig e a Fapemig investirão R$ 40 milhões, cada, em equipamentos. O centro não começará a operar antes de 2020. A Codemge fará a licitação e tem 30 meses para entregar a obra. Depois virão os equipamentos da Cemig e da Fapemig. O contrato prevê que o Senai vai pagar um aluguel “subsidiado”, segundo Castello Branco, por pelo menos 40 anos.
O investimento total no centro de pesquisa é de R$ 425 milhões e cerca de R$ 30 milhões já foram gastos, desde 2015, pelo Senai nacional, de onde virão os R$ 283 milhões restantes.
Com o centro de pesquisa, espera-se atrair indústrias do setor elétrico de alta tensão que produzam material de ponta, como geradores e transformadores, que hoje são importados. Segundo Castello Branco, 100% dos transformadores das linhas de transmissão da usina de Belo Monte, por exemplo, foram importados.
O presidente da Fiemg, Olavo Machado, afirmou que empresas do setor elétrico, incluindo uma chinesa, já estão conversando com os gestores municipais para iniciarem atividades em Itajubá, em função do novo centro de pesquisa. “Há empresas do próprio Estado, dos Estados Unidos e uma chinesa interessadas em utilizar o espaço”, disse.
Castello Branco afirma que, em outros países, centros de pesquisa como o que será construído no Sul de Minas são usados para testar equipamentos de alta tensão e o aluguel desses espaços é de cerca de US$ 30 mil por dia.
Gestora. A Codemge foi criada para fazer a gestão dos investimentos do Estado no lugar da Codemig, que terá 49% das ações colocadas à venda e tem como principal ativo o nióbio mineiro.
O que é o projeto
Nome: Instituto Senai de Inovação – Centro empresarial de Desenvolvimento de Inovação da Indústria Elétrica e Eletrônica
Local: Itajubá
Área: 210 mil m²
Área construída: 60 mil m²
Investimentos:
Codemge: R$ 32 milhões
Fapemig: R$ 40 milhões
Cemig: R$ 40 milhões
Senai: R$ 313 milhões
Total: R$ 425 milhões
Início do projeto: 2015
Quando deve começara a operar: 2020
Mercado de equipamentos elétricos no Brasil
PIB 2015: R$ 70,3 bilhões
Importação em 2017: R$ 21,59 bilhões
Exportação em 2017: R$ 8 bilhões
Codepar vai explorar lítio
Dentro do projeto de diversificar a economia mineira, a Codepar S/A, subsidiária da Codemge, comprou, em abril, 33% da Companhia Brasileira de Lítio (CBL) empresa que tem reservas de 1,3 milhão de toneladas de espodumênio, de onde se extrai o lítio, em Araçuaí e Divisa Alegre, ambas no Vale do Jequitinhonha.
O objetivo da aquisição, segundo o presidente da Codemge, Marco Antônio Castello Branco, é alimentar a unidade brasileira da startup britânica Oxis Energy, que será instalada na Região Metropolitana da capital para produzir 1 milhão de células de bateria de lítio-enxofre por ano. “As baterias serão utilizadas em ônibus elétricos”, explicou Castello Branco.
Fonte: O TEMPO