Observadores internacionais dizem que ação da PRF é ‘mau sinal’, mas é cedo para falar em impacto na eleição

Publicado por: Redação

Observadores internacionais de três órgãos com missões para checar a confiabilidade das eleições no Brasil disseram neste domingo (30/10) à BBC News Brasil que incluirão em seus relatórios as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de outras forças policiais, que causaram grandes congestionamentos e atrasos de eleitores, especialmente no Nordeste do país.

Os observadores chamaram de “um mau sinal” e “um tanto estranho” a existência dessas operações.

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“Pode ter sido, sim, uma tentativa de obstruir o voto de eleitores”, disse à BBC News Brasil um dos especialistas estrangeiros que está neste momento em Brasília.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, foram mais de 514 blitz e bloqueios em estradas, boa parte na região nordeste do país, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem grande vantagem eleitoral. Isso representa 70% mais ações do que em relação ao primeiro turno, em 2/10.

A campanha do PT afirma que a atuação da polícia pode levar a um aumento na abstenção entre eleitores lulistas, o que, no limite, poderia alterar o resultado do pleito, já que a corrida está apertada, com a maior parte das pesquisas indicando que Lula tem 52% dos votos válidos contra 48% de Jair Bolsonaro (PT), que concorre à reeleição.

“Sabemos que as forças policiais são amplamente favoráveis a Bolsonaro”, afirmou reservadamente um dos chefes de missão internacional, que não tem autorização para falar em público porque seu trabalho ainda está em andamento.

Os observadores não têm condições de investigar, mas observam as ações das autoridades e denunciam eventuais malfeitos. Todos disseram que esse será certamente um ponto de muitos questionamentos.

Cedo pra falar em impacto na eleição

Os especialistas estrangeiros, porém, afirmam que ainda é cedo para dizer se as operações geraram algum impacto no resultado das urnas e que não se deve especular agora, o que poderia provocar ainda mais instabilidade em uma eleição já muito contestada.

Dois deles citaram como “tranquilizantes” as palavras do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, de que “nenhum ônibus voltou para a origem, todos foram votar”.

Moraes disse que foi isso o que ele ouviu do diretor-geral da PRF Silvinei Vasques, na tarde deste dia 30, depois de ter convocado Vasques a prestar esclarecimentos na sede do TSE, em Brasília, sobre a atuação da força.

As operações da PRF descumpriram uma ordem judicial do TSE de suspender esse tipo de atividade no dia da votação para não dificultar o acesso do leitor às urnas.

Esse é mais um ponto de preocupação em um pleito tenso, que atraiu os olhares estrangeiros pelas repetidas alegações de Bolsonaro – sem provas – de que a eleição seria fraudada e pela recusa do presidente em admitir que reconheceria o resultado das urnas.

Diante disso, o TSE convidou um grande número de observadores e muitos deles atenderam ao chamado, algo que Bolsonaro criticou, em seu histórico de embates com a corte. Entre os órgãos que atuam como observadores no Brasil neste domingo estão International Foundation for Electoral Systems (IFES), Organização dos Estados Americanos (OEA), Institute for Democracy and Electoral System (IDEA), Carter Center, e Unión Interamericana de Organismos Electorales (Uniore), entre outros.

No primeiro turno, esses órgãos certificaram o resultado das urnas e disseram que, apesar das longas filas de eleitores e atos pontuais e isolados de violência e vandalismo, consideraram que o pleito transcorreu com “com “normalidade”, “tranquilidade” e “transparência”. Na ocasião, os observadores que o Brasil havia dando “exemplo” para o mundo.

BBC Brasil

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