Bispo da Diocese de Divinópolis ao participar do ‘Grito dos Excluídos’, diz que seu grito é pela vida, contra o totalitarismo e a falta de diálogo

Publicado por: Redação

Na tarde da última terça-feira (07), o Bispo Dom José Carlos compareceu na Praça Candides, local onde estava reunido membros dos partidos de esquerda com o objetivo de discutir os problemas sociais do país, e também protestar contra o governo Bolsonaro. Dom José Carlos foi quem abriu o encontro e discorreu sobre o ‘Grito dos Excluídos’ com pequenas e subliminares pontuações políticas do momento turbulento que o país atravessa. “Por toda parte nesse Brasil aconteceram encontros. Aconteceram oportunidades bonitas de partilha de histórias e das esperanças. E é preciso que seja assim. A democracia precisa dar vez e voz a todos. A todos os seguimentos e todos os modos de pensar. Se não fosse assim, não seríamos uma democracia.”, assim começou o Bispo. Dom José afirmou também que o grito deve ser pela transparência e a verdade no trato com a coisa pública, a coisa que é do povo, e que nada pode ser escondido, e ainda que o grito não pode ser pelo mercado, pelo sistema, pelo lucro, e sim pela vida, por que toda vida importa. O Bispo seguiu dizendo que o grito deve ser contra o autoritarismo, quer seja de direita ou de esquerda e criticou a falta de diálogo entre os poderes.

O líder religioso começou sua fala destacando as motivações que o levaram a comparecer ao ato:  “Estamos aqui nessa tarde, para rezar o Brasil e para pensar pelo Brasil. O que me cabe é isso. Estou aqui como representante de um grande grupo que sabe rezar. E vem rezar também com vocês. Muitos pertencentes ao meu grupo religioso, para rezar pelo Brasil. Pensar no Brasil e rezar pelo Brasil. É por isso que nós estamos aqui.” destacou.

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O Bispo voltou a salientar a democracia e o esforço de unidade, dentre pessoas diferentes no Brasil. “Esse nosso encontro pode ser e quer ser um fórum. Um fórum popular de fala. Todos. Todos podem falar. A democracia é assim. E nós não temos que concordar inicialmente todos uns com os outros. Mas precisamos respeitar o direito da fala. Mesmo que eu não concorde com o outro, ou esteja num outro ponto de vista. Eu preciso admitir que o nosso tempo e a nossa democracia exigem a convivência pacífica dos diferentes.”, salientou.

Na sequência, Dom José Carlos ponderou que nos atos não deve haver partidos. “O Grito não tem partido. O Grito tem sonhos para o Brasil. Sonhos que sonhamos juntos. Não estamos aqui por causa de um partido, ou daquele outro partido. Estamos aqui por causa do nosso país. O nosso chão. A nossa identidade. A nossa casa. O Grito quer ser tão somente isso.”, ponderou.

Na continuidade do discurso, Dom José revelou quais são os sonhos dele para o país. Segundo partilha a liderança religiosa, se não houver diálogo entre diferentes vertentes, não haverá evolução. “O meu sonho para o Brasil. Pelo menos um deles, sendo uma liderança religiosa. É que a gente conseguisse dialogar sobre todos os assuntos, sem brigar. Sem nos avançar. Sem achar que o outro tá errado. Meu sonho é a gente ser capaz de dialogar. Os de diversas tendências e seguimentos, e pensamentos e posturas. Enquanto a gente não aprender a dialogar, a gente não evoluiu. A nossa incapacidade de dialogar é a expressão do muito caminho que temos pela frente. Para mim isso é o mais importante. (…) Temos que sonhar juntos, construir juntos e concretizar juntos”, partilhou o Bispo.

Ainda na sua fala, Dom José Carlos compartilhou quais são seus gritos e de uma parte do grupo ao qual representa. “Prefiro dizer assim, porque não posso obrigar a todos pensarem do meu jeito. É preciso que se exercite em todos os lugares, também na religião. O direito a liberdade de escolha. ‘Meus Gritos são: sem totalitarismo a de direita ou de esquerda.’ Totalitarismo não serve. Eu não quero isto. Nem para mim, nem para minha gente. ‘Pelo diálogo. O diálogo entre os poderes da República.’. Cada um tão somente na sua competência própria. Sem ativismo jurídico. Sem intromissões. E numa capacidade grande de respeitar o que cabe a cada um. Precisamos do exercício sadio e dialogal dos poderes da República. O meu feito também é ‘Contra a corrupção de qualquer ordem e medida’. No Estado, na igreja, na família, na relação a dois. Não vale corrupção. Isso não faz parte da nossa trama, nem da nossa história pessoal e coletiva.

Dom José continuou com o seu grito “Meu grito nesta tarde é ‘Pela transparência e verdade do trato da coisa pública.’. A coisa pública, a coisa nossa, precisa ser tratada com transparência e verdade. Não serve esconder nada e não serve mentira. Meu grito nesta tarde é ‘Pela vida’. A vida em primeiro lugar.’. Que inclusive é a bandeira deste nosso encontro. Não o mercado. Não o lucro. Não o sistema. A vida. E toda vida. Toda vida importa. Eu não tenho direito de achar que essa ou aquela vida, por esse ou aquele motivo, mereça ser eliminada. Nós defendemos a vida desde o ventre materno, até aquela que será colocada com respeito e dignidade, desfalecida lá no túmulo da terra. Nesse arco imenso, toda vida merece respeito. A vida é intocável. O nosso Grito é pelo cuidado com a Casa Comum”

E seguiu: “Seus habitantes. Desde os povos originários. Cujas terras estão em discussão neste momento – se referindo ao Marco Temporal que planeja a redivisão dos latifúndios aos indígenas do Brasil, e que já tramita no Congressos Nacional. Mas também ao nosso solo. Pelas águas. Pelas matas. Pela fauna. Por todas as formas de vida.”, elencou o líder religioso.

Dom José Carlos então apontou o descaso e a poluição para com os rios que cortam Divinópolis. O Itapecerica e o Pará. E passou um sermão para que a sociedade civil lide melhor com os recursos hídricos. “Nós não aprendemos a lidar com a Natureza. Esses dois rios que temos estão sujos há anos. Se não tivesse havido chuva forte, estariam aqui – cita o Rio Itapecerica, e estariam lá no Rio Pará, os aguapés que fizeram dos rios a sua casa. Nós não soubemos. Não aprendemos. A lidar com esta casa como casa nossa. Como chão nosso. Que precisa ser cuidado com amor todos os dias. Temos um grande déficit (dívida) com a natureza. Temos uma grande conta a pagar.”, apontou Dom José Carlos.

Ao final de sua fala, o Bispo clamou para que a população se unisse a ele em reza pelo país. Em tom ecumênico e com mensagem de união, o líder religioso diz que independente da fé, o que importa é que haja o bem no coração de cada um. Então ele concluiu o discurso e orou o Pai Nosso.

Com: Vinícius Xavier

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comentários

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  1. Henrique Mescua Netto disse:

    Sou Católico Apostólico Romano. A função deste senhor “não posso dizer padre”, pois é nítido que não lê um único versículo da Bíblia a 20 anos, é de interpretar/preservar a palavra como está escrita nos testamentos. Ele está tentando reescrever a bíblia, cadê os 10 mandamentos, não roubarás, não matarás, não cometerá falso testemunho, não cobiçarás a mulher do próximo, etc… Acredito que a política/burocracia já corrompeu este senhor a muito tempo, portanto não é mais digno da posição que ocupa.

  2. Mariana disse:

    Em linhas gerais, o Bispo pede unidade entre os povos. Políticas públicas que atendam aos cidadãos. Menos picuinhas pessoais e mais ação. Como líder religioso está cumprindo sua função. Políticos que se empenhem e façam jus ao poder que lhes demos através do voto, afinal de contas é para isso que são pagos. Um país sem corrupção, com justiça social, direitos e obrigações devidamente distribuídas.

  3. Eduardo disse:

    Muito lindo Senhor Bispo, mas de efetivo, de substancial, de concreto, não disse nada. O que o Senhor quer? Que voltemos ao sistema tribal? Seja claro.

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