No “Falando Sério”, José Márcio Zanardi diz que o SAMU tem cumprido seu papel de salvar vidas; Mas deseja auxiliar na gestão do Hospital Público Regional

Publicado por: Redação

O Divinews recebeu o secretário Executivo do CIS-URG Oeste (SAMU), José Márcio Zanardi para “Falar Sério”. E Claro que o assunto não poderia ser outro, que não fosse sobre saúde, que é sua especialidade, com uma enorme expertise sobre o assunto. Sabe do que fala, sabe amarrar os nos, e onde estão as pontas, e os gargalos da saúde publica.  A sua experiência reflete diretamente na qualidade do seu trabalho frente ao Consorcio Intermunicipal de Saúde de Urgência da Região Oeste de Minas – CIS-URG OESTE, tanto no âmbito assistencial, quanto administrativo financeiro – José Márcio emitiu sua opinião sobres aos mais diversos assuntos, desde o próprio SAMU, passando pelo Hospital Regional de Divinópolis (ainda em construção), e chegando na Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA-24 horas).

Sobre o Hospital Regional que está sendo construído em Divinópolis, desde o início do primeiro mandato do ex-prefeito Vladimir Azevedo, que inicialmente foi orçado em sua primeira fase R$ 47 milhões, com uma contra partida do governo municipal de R$ 7 milhões, e já consumiu quase R$70 milhões, o que precisa agora é ver qual a necessidade da Região de Saúde e definir os valores para conclusão da obra, uma vez que este Hospital está sendo construído através de Convênios e os valores despendidos até aqui envolviam etapas de construção. O Governador Romeu Zema, em reunião com os Deputados Domingos Sávio e Cleitinho e CIS-URG, recentemente anunciou que vai retomar as obras, pagando 50% do seu valor.

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José Marcio alertou que essa é uma obra muito cara, no sentido da sua necessidade, para os 54 municípios da Região Oeste. É imprescindível que as obras sejam concluídas. O secretário executivo falou que em 2017 em uma reunião entre o Estado e os prefeitos, diante da necessidade da abertura de novos leitos, o Consorcio resolveu apresentar ao Governo do Estado uma proposta, que seria a possibilidade de que o Estado fizesse a cessão do Hospital para o Consórcio, já que a sua atuação abrange exatamente todos os 54 municípios que fazem parte da região que o Samu cobre. “Chegamos a construir um termo de cessão, ou seja, um protocolo de intenção. Com a aquiescência de todos os prefeitos que fazem parte do Consórcio é principalmente o prefeito de Divinópolis, que é o detentor do patrimônio.”

O secretário executivo, explicou que se isso ocorresse, o Consórcio deveria buscar recursos financeiros para terminar a obra do hospital e colocá-lo para funcionar. Porém, a situação não foi em frente porque era época de eleição. A SES/MG teve que esperar o Zema tomar posse.

Em maio de 2019, depois da posse do Zema o assunto do HRM (Hospital Regional Municipal) foi retomado, e o SAMU se habilitou no edital publicado pela SES/MG e apresentou suas propostas, aprovadas na Assembleia dos prefeitos, e que por várias vezes ele, e o presidente do Consórcio, o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela, o Secretário de Saúde de Divinópolis, Amarildo, estiveram reunidos, acompanhados por lideranças políticas da Região, a saber: deputados Domingos Sávio e Cleitinho,  com o Ministro da Saúde, e com o Secretário de Estado de Saúde para tratar da conclusão da obra e de sua gestão

Na região existem muitos leitos, porém alguns não são resolutivos, e também não possuem especialidades clinicas, de acordo com a necessidade da população.

O Consórcio entende que o Hospital Regional precisa ser aberto urgentemente e se habilitou apresentando idéias de funcionamento das clinicas e internamente como funcionaria. É preciso saber como o governo vai dar continuidade a essa obra, isso não foi definido”.

José Marcio questiona, como será a forma de administração das clinicas prestadoras de serviço no hospital. Diz que é preciso encontrar uma formula que ele tenha sustentabilidade.

Zanardi diz que propôs seja feito um levantamento da assistência hospitalar na região para que seja garantida a resolutividade. Com isso não haverá conflitos de interesses com nenhum hospital da região, com o Hospital Regional, que foi pensando em um momento que não existia rede de urgência, não tinha o Samu.

“Hoje temos uma rede de hospitais que atende uma determinada demanda, porém não é o suficiente para toda região, porque faltam algumas especialidades.”

José Marcio deu ainda um dado alarmante, que são levados para fora da região, em consequência da falta de especialidades, cerca de R$ 2,5 milhões/mês de recursos do SUS. Reconhece que esse dinheiro poderia ser repatriado para os municípios. Contudo, mas para que isso acontecesse , seria necessário ter resolutividade na região. O Ministério da Saúde preconiza que a região precisa prover todas as necessidades dos cidadãos.

Levar o paciente para fora, é bom porque resolver o problema. Mas é ruim por que os recursos vão juntos, e o paciente ainda fica longe dos seus familiares. O ideal, diz José Marcio, é que todas as necessidades sejam atendidas na região.

Quando perguntado pelo Divinews se ele como gestor era favorável que o Hospital Regional quando inaugurado atenda a média e alta complexidade. Explicou que o Consórcio vai assinar um termo de convênio com a UFSJ (Universidade São João Del Rei) para que juntos façam um levantamento das habilidades dos hospitais da região. Ele é de opinião que o HR atenda a média e alta complexidade e que ainda tenha o perfil de hospital/escola.

O Samu em dois anos atendo mais de 500 mil ligações, e mensalmente atende cerca de cinco mil chamadas  com deslocamento de ambulâncias. Além de realizar transferências entre hospitais, no ano passado eram 12 transferências dia, atualmente esse número chega a 20.

Zanardi, diz que no passado as pessoas morriam, por falta de atendimentos no tempo correto, e hoje as pessoas ligam para o Samu. E já foram revertidas várias paradas cardiorrespiratórias, por exemplo. “O Samu tem prestado um trabalho relevante para a sociedade. Temos formação permanente dos nossos quadros. Todos os meses tem treinamento e capacitação para os funcionários. Estamos também atentos às nossas falhas, nossa ouvidoria funciona para apurar erros cometidos”

Outro tema bem delicado, abordado na entrevista, foi sobre os pacientes que ficavam na UPA e transformavam os seus corredores em leitos, porque se recusavam a serem transferidos para hospitais de outros municípios. Os pacientes e seus parentes só aceitavam as transferências se fossem para o Hospital São João de Deus. Criavam com isso um gargalo no atendimento, além de transformar a UPA que deveria ser 24 horas, em hospital, com pacientes instalados nos corredores por meses.

O fato é que os pacientes e seus parentes ao negar a transferência para um hospital onde tem vaga, acaba comprometendo a vida de outros que precisam ser atendidos na UPA. Por isso a SEMUSA criou um documento de responsabilização dos pacientes que assim proceder. Ou seja, que venha a recursar em deixar a UPA, quando houver vagas em outros hospitais da região.

José Márcio, explicou um dado de fundamental importância, que os munícipes precisam interiorizar as limitações econômicas dos municípios. Ao dizer que economicamente é inviável que todos os municípios possam realizar todos os tipos de procedimentos. Citou como um dos exemplos a especialidade de “neurocirurgia”, afirmando que não é possível que todos os municípios atendam essa demanda. Com isso, é necessário o deslocamento dos pacientes para uma localidade que exista esse tipo de atendimento. “Alguns municípios se habilitam a realizar determinado tipo de procedimento/atendimento e ele passa a fazer para todos. Daí a necessidade dos deslocamentos”

O secretário Executivo, lamenta que não exista uma campanha publicitária de esclarecimento para o cidadão, de que o atendimento é regionalizado, em detrimento da impossibilidade dos municípios não ter condições de ter todas as especialidades. “Eles precisavam ter o entendimento da necessidade das transferências interhospitalar.

Sendo mais claro, ele exemplificou: “Onde será o atendimento aos pacientes de AVC, é no São João de Deus, em Divinópolis? Ou no hospital São Judas, em Oliveira? Com isso todos os casos de AVC das 54 cidades que se enquadrarem no quadro de neurocirurgia serão levados para esses dois hospitais. Não tem que ter recusa de ninguém”

José Marcio, conclui que o problema do SUS, não é só de funcionamento, é de entendimento de como ele funciona, daí a necessidade de campanhas que instruam os cidadãos. “Se eu não sei como funciona, como eu vou reclamar.  Embora eu reconheço que é um momento delicado. De pacientes que às vezes estão em risco de morrer. E a transferência gera insegurança”

Sobre os trotes, Zanardi disse que tem diminuído. Nos primeiros seis meses de funcionamento do SAMU 40% das ligações eram trotes, atualmente o índice de trota é de 9%, uma queda significativa, mas que ainda atrapalha, o bom era que fosse zero. “Do número total de ligações que recebemos, de um total de 20 mil ligações mês, cerca de 2.000 são trotes. Coisa desnecessária e criminosa ocupar uma linha de emergência com besteiras.

O Samu Oeste, é um dos poucos no Brasil que tem ultrassom nas unidades de suporte avançado. Além do trombolítico que é aplicado na hora que o paciente está tendo um infarto. O Cis-Urg Oeste através de um hospital da rede de atendimento já está realizando também cirurgias ortopédicas com o objetivo de minimizar a fila de espera de pacientes que estão aguardando há algum tempo. O Cis-urg tem aprimorado sua gestão para ofertar ao cidadão um serviço público com eficiência e qualidade.

Ao finalizar a entrevista o secretário Executivo do CIS-URG Oeste agradeceu os parceiros que caminham junto com o SAMU, destacando todos os prefeitos que fazem parte do Consórcio, citando o Prefeito de Divinópolis, Galileu Machado, o prefeito Edson Vilela, presidente do Consórcio, o Secretário de Estado de Saúde, a Superintendência Regional de Saúde, além do Ministério da Saúde, através do Francisco, Secretário de Atenção a Saúde, e toda rede Hospitalar da região. “E a população por acreditar neste serviço, confiar no nosso trabalho para que possamos sempre prestar um bom serviço. Nós vamos passar, mas o serviço está aí. Está consolidado e a população tem que zelar para que o serviço continue funcionando com eficiência”

“Quanto ao Hospital Público Regional, queremos participar, queremos opinar e ajudar no processo para que essa unidade funcione. O Samu tem cumprido o seu objetivo que é salvar vidas, e a gente espera cada vez mais contribuir para que toda população tenha conhecimento deste serviço e que ninguém mais morra por falta de assistência”, finalizou José Márcio Zanardi, secretário Executivo do Consórcio Intermunicipal de Saúde, da Região Oeste.

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