Uma multidão ocupou o centro de Buenos Aires nesta última sexta (2) para repudiar a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, ocorrida no dia anterior, quinta-feira (01) – A maior manifestação teve como destino a emblemática Praça de Maio de pessoas de diferentes partes da capital da Argentina.
A praça abrigou dezenas de coletivos políticos e cidadãos independentes, sem nenhuma ligação a partidos ou organizações. Acompanhadas dos pais, crianças formaram a parte visível da concentração. As arquitetas de La Plata Eugenia Rodriguez Daneri, 34, e Licia Ríos, 47, por exemplo, estiveram presentes com os filhos de 12 e 6 anos.
“Fomos defender Cristina e a democracia”, disse Licia. Eugenia atribui a dirigentes de direita a promoção da retórica de violência política que, na sua opinião, desembocou no atentado.
Levar as crianças, dizem as mães, é uma forma de introduzi-las na cultura nacional e permitir que criem memórias de participação política.
Um pesquisador de ciências sociais e professor universitário disse que, em um país com tradição de marchas nas ruas foi a primeira vez que levou o menino para participar.
Ele afirmou que era inimaginável um atentado contra Cristina. “A Argentina sempre pode te surpreender. Mas a verdade é que isso era impensável. Nos encheu de medo. Mas o medo se combate marchando.”
Para ele, o ato dá fôlego à mobilização nas ruas, que foi desacelerada durante a pandemia de Covid.
Maximiliano Policicchio, 42, carpinteiro e músico, relata que sempre comparece aos atos para apoiar o kirchnerismo e também para vender fotografias de figuras como os Perón, Diego Maradona e os próprios Kirchner.
Há três horas na Praça de Maio, já havia vendido cerca de 20 imagens, cada uma a 400 pesos (cerca de R$ 8 no câmbio paralelo).
Eduardo Luna, 69, comerciante que também se identifica com o kirchnerismo, diz que a importância de participar de manifestações do tipo é “mostrar que o povo vai apoiar o sistema democrático, mesmo com todos os defeitos que pode ter, e repudiar a violência política”.