Abril (Revista Veja) vira pó com Internet; empresário da Casa & Vídeo compra grupo por valor simbólico de R$ 100 mil

Publicado por: Redação

A Editora Abril, que foi uma das maiores lançadoras de títulos de revistas do país, entre elas a Veja, criada em 1968 e que por anos e anos não deixava os políticos dormirem nos fins de semana, principalmente os petistas e os presidentes da República, em especial Lula e Dilma, suas duas fixações editoriais. A editora que tem em Veja o carro chefe, não resistiu a velocidade da internet e mesmo migrando a revista para online, não obteve o mesmo sucesso da versão impressa.   

A família Civita fechou a venda do Grupo Abril para o empresário Fábio Carvalho, das redes de lojas Casa & Vídeo e Leader, sediadas no Rio, e deixou a imprensa depois de 68 anos.

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O valor do negócio, simbólico, é de R$ 100 mil. O grupo tem uma dívida de R$ 1,6 bilhão, sendo dois terços junto aos bancos Itaú, Bradesco e Santander, e está em recuperação judicial desde 16 de agosto. A expectativa é que a operação de compra seja concluída em fevereiro.

Carvalho, que é advogado, tem um histórico de assumir empresas em dificuldades para buscar eventual retomada, como as redes citadas.

Após propor o novo negócio, há quatro meses, ele foi diagnosticado com câncer no intestino. O tratamento que se seguiu, ao mesmo tempo em que o negócio avançava, teria sido bem-sucedido.

Para a viabilização da compra do Grupo Abril, ele tem o suporte da Enforce, empresa controlada pelo Banco BTG Pactual e que conversa junto aos três bancos credores para adquirir com desconto a dívida de R$ 1,1 bilhão.

Segundo o jornal Valor Econômico, o banco não tem interesse em assumir o Grupo Abril, mas espera poder usar seu cadastro de leitores para conseguir clientes para a plataforma BTG Pactual Digital, em operação similar ao da XP Investimentos com o site Infomoney.

Antes de se lançar como empresário, com a Casa & Vídeo, Carvalho atuou em diversos processos de recuperação de empresas realizados pela consultoria Alvarez & Marsal, onde trabalhava. Entre outras, a companhia aérea Varig, o banco de investimentos Lehman Brothers e a própria Casa & Vídeo.

Há quatro meses o Grupo Abril é comandado por Marcos Haaland, sócio da mesma Alvarez & Marsal.

Após a conclusão do negócio, que depende de condições como aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Carvalho deverá assumir o controle societário e tornar-se presidente-executivo no lugar de Haaland.

Em seu plano de recuperação judicial, em agosto, o grupo, responsável pela publicação de revistas como Veja, Exame e Claudia, propôs aos seus credores pagar apenas 8% de sua dívida em até 18 anos. Se a oferta acabar sendo aceita, significará um calote de 92% dos débitos.

Hoje Carvalho reúne entre seus investimentos participações em empresas que, em conjunto, têm faturamento anual superior a R$ 4 bilhões e empregam mais de 46 mil pessoas.

“A história do Grupo Abril está intimamente relacionada com os grandes eventos políticos e econômicos que marcaram a história do Brasil nas últimas décadas. A capacidade e importância jornalística do Grupo é inegável. Não temos dúvida dos méritos e qualidades que permeiam as companhias do Grupo e que serão os pilares sobre os quais nos apoiaremos para superar os grandes desafios que se apresentam”, disse Carvalho em nota.

“A família Civita delega a ele a tarefa de administrar os desafios e as oportunidades que estão no horizonte da nova mídia. Fábio reúne as características de empreendedor e a visão de negócio que os novos tempos exigem. Desejamos a ele muito sucesso”, afirmou, também em nota, Giancarlo Civita, filho de Roberto Civita, morto em 2013.

Giancarlo deixou o comando do grupo após a contratação da consultoria Alvarez & Marsal.

DÍVIDAS TRABALHISTAS

As dívidas trabalhistas do Grupo Abril, que incluem débitos com jornalistas, gráficos, pessoal administrativo, entre outros profissionais, estão em cerca de R$ 90 milhões, o que significa apenas 5,6% do total. A administração da empresa propôs condições diferenciadas de pagamento de uma parte desse débito.

No plano, a empresa propõe quitar integralmente as dívidas trabalhistas até o limite de 250 salários mínimos por pessoa —o equivalente a R$ 238,5 mil. O débito seria pago ao longo de 12 meses após a aprovação do plano de recuperação.

No começo de dezembro, a Justiça do Trabalho reiterou a ordem para que a editora Abril reintegre todos os funcionários demitidos em um prazo de 30 dias.

A determinação já havia sido feita pelo juiz do Trabalho Eduardo Matiota, da 61ª Vara do Trabalho de São Paulo, em setembro, após um pedido da procuradoria do MPT (Ministério Público do Trabalho). O Sindicato dos Jornalistas participa do processo.

A editora Abril apresentou embargos de declaração.

Em sua resposta, o magistrado confirmou a medida e ainda ampliou o número de empregados a serem recontratados para aqueles dispensados a partir de julho de 2017 —a decisão anterior determinava a recontratação dos demitidos a partir de dezembro de 2017.

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comentários

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  1. Ruy disse:

    Só que agora vai haver uma diferença : o governo que assume não vai injetar dinheiro em bancos ( principalmente os citados ) ou em massas falidas como a referida Editora .

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