O caso em tela: após o blecaute que atingiu 18 estados nesta terça-feira (09/11), jornalistas da Globo e Record discutiram na disputa por uma entrevista ao vivo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmerman.
No afã de entrevistar o secretário para o programa “Hoje em Dia”, da TV Record – querendo ser a única-exclusiva-onipotente-vitaminada-poderosa – a repórter Venina Nunes foi anunciada pelo apresentador Celso Zucatelli. E não é que ao tentar falar com o Zimmerman, a jornalista foi impedida por Camila Bomfim, repórter da Globonews! A global afirmou que Venina deveria esperar, alegando que sua entrevista entraria ao vivo naquele momento.
Não contente com a resposta, a reporter da Record tentou quatro vezes entrevistar o secretário, mas foi impedida pela produção da Globo e da própria assessoria de comunicação do entrevistado.O barraco – com muito glamour é claro! – durou cerca de oito minutos, visto em rede nacional.
O apresentador da Record que estava esperando é claro, reclamou e começou a fazer ilações sobre a falta de ética em relação à tentativa de atrapalhar o trabalho da emissora. O mais engraçado foi quando o próprio assessor de imprensa do secretário-executivo disse que a entrevista para a outra emissora já estava marcada e afirmou que a repórter da Record estava invadindo o espaço da Globo.
Esse episódio retrata bem a fogueira de vaidades que compõe o “glamour” dos repórteres de TV.
Quem já participou de uma coletiva de imprensa junto com elas – vá lá, tem alguns homens!- sabe da impaciência e do egoísmo desses profissionais. A coletiva é só para a TV e o impresso e rádio que se dane!
Eu, na minha insignificância perante a esse glamour, fui agraciado algumas vezes pelos efeitos da Síndrome de Bozó quando fui repórter de rádio. Iniciante, cheguei a ser repreendido verbalmente por uma repórter de TV ao querer fazer perguntas, sem falar do fato de que não pode fazer qualquer barulho algum durante a gravação. Nem é preciso dizer que minha língua coçou várias vezes para dizer o que elas poderiam fazer com o seu glamour, mas, em início de carreira, o medo de perder a “boquinha” fala mais alto.
Na cabeça de um repórter de TV, aparecer durante a matéria é um momento mágico. É o momento onde o universo para e se rende ao seu talento e a beleza, materializado através de uma sua sonora com alguém ou mesmo a sua passagem que irá ao ar daqui a algumas horas.
Isso tudo para fazer quatro ou cinco pautas durante uma jornada de cinco horas – na prática dá umas oito, devido às horas-extras não contabilizadas – para ganhar um salário de fome. Tudo em nome do glamour de aparecer na TV, como se fosse uma atriz ou ator de novela pronto a dar o seu show de interpretação.
Diante desse belo exemplo de Síndrome de Bozó dado pelas jornalistas em questão e das recordações que isso me trouxe, só tenho uma coisa a dizer: Duda Rangel, tu és um profeta!
Veja algumas atuações do personágem Bozó, de Chico Anisio
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